26. Jake

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— Jake, querido? - Minha mãe me chama, dando duas batidinhas na porta do meu quarto.

— Um minuto! - Grito de volta.

Enxugo meu corpo com a toalha o mais rápido que consigo, já que acabei de sair do banho. Visto uma cueca boxer branca e uma calça jeans, e em seguida abro a porta. Mamãe está usando seu uniforme verde do trabalho e seus cabelos estão presos em um rabo de cavalo na altura do pescoço. Porém, o que realmente me chama atenção é o envelope em suas mãos.

— Chegou para você. - Ela se apressa em dizer, percebendo para onde estou olhando. — É de David.

— Hum. - Murmuro, e pego o envelope amarelo em minhas mãos, inspecionando com cuidado. Não é nenhum pouco pesado. E não sei se isso me conforta ou me deixa mais desconfiado. Vindo de David, posso esperar qualquer coisa.

— Estou indo trabalhar. Hoje vou ficar de plantão, então só volto amanhã à noite. Se cuide, está bem?

— Você também. - Digo, e dou um beijo de despedida em sua testa.

Sem me preocupar em fechar a porta, vou em direção a minha cama e sento na beirada. Rasgo o envelope, sem paciência para ser delicado e enfio a mão dentro, onde há um bilhete e pelo que parece, outro pedaço de papel, só que embrulhado. Primeiro, leio o bilhete.

Não me mate.

Assinado: o cara mais gostoso que você conhece.

Mesmo sem entender nada, dou uma risada. Todo esse mistério é realmente a cara de David. Rasgo o embrulho do segundo papel e meus olhos quase saltam de órbita quando leio seu conteúdo. Imediatamente, ligo para meu amigo, que atende no segundo toque.

Que merda é essa, David?

— Boa noite para você também, Jake. Ah, eu estou muito bem, e você? Que ótimo! - Diz cinicamente, forjando respostas para perguntas que não fiz.

— David. - Cerro os dentes.

Pela sua reação, vejo que já recebeu meu presente. Eu queria ter enviado exatamente no dia do seu aniversário, mas você sabe, estou no Japão, acabei me confundindo com o fuso horário e...

Você não pode me dar vinte mil dólares de presente! - Exclamo exasperado, olhando novamente para o cheque em minhas mãos.

— Claro que posso, eu sou rico. E já fiz isso antes. - Ele diz, com a voz a tranquila.

— O quê? - Pisco, sem acreditar. Ele não fez isso. É claro que não fez. Eu com certeza lembraria se tivesse ganhado algum chegue de presente.

Já fiz isso antes. - Repete, pacientemente. — Sabe aquele relógio que te dei no seu aniversário do ano passado? Quinze mil dólares. E aquele tênis do natal? Doze mil dólares. Teve também...

Ok, chega. - O interrompo, sem querer saber quais outros presentes na casa dos mil ele me deu. Como nunca percebi isso? Se eu soubesse, jamais teria deixado-o comprar essas coisas tão caras para mim. Vivo em boas condições e nunca me faltou nada, mas não sou rico. E não tenho como pagá-lo de volta. — Você não deveria ter feito isso, sabe que não posso te retribuir da mesma forma, comprando esses presentes caros e tudo mais.

— Você está brincando? - Ele dá uma risada. — Cara, não quero que me compre presentes caros. Não quero e definitivamente, não preciso. Se compro essas coisas para você é porque quero te retribuir de alguma forma. Retribuir por você ser amigo desse grande idiota aqui, e não do herdeiro dos Lawson's. Você é meu amigo simplesmente porque gosta de mim, e não do meu dinheiro. Então, vou continuar te dando esses presentes, goste você ou não.

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