11. Grace

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Depois de uma aula de história maravilhosa e uma de física nem tão boa assim, é finalmente a hora da aula de literatura. Quando chego na sala, diferente da última vez, Jake já está presente. Ele está sentado ao lado de uma carteira vaga, e eu me sento nela. Que aliás, é a mesma que eu estava na semana passada. Jake dá o seu típico sorriso travesso de sempre, e quando está prestes a dizer alguma coisa, a professora adentra à sala de aula e o interrompe.

— Bom dia, alunos! - Exclama a Sra. Díaz. — Por ordem de chamada e com decência, me entreguem o trabalho passado há uma semana. Quem não tiver feito, não precisa dar explicações. Automaticamente receberá zero.

Depois de entregar o trabalho, volto para minha carteira e chamo a atenção de Jake jogando um lápis em sua cabeça. Tenho uma informação que acho que ele irá gostar.

— Ei, Britt vai viajar hoje para Geneva com as líderes de torcida. Elas vão a um pub assistir o show de uma banda que gostam. Você deveria aparecer por lá, tenho certeza de que Brittany ficaria surpresa. - Comento baixo, para que ninguém mais possa escutar.

— Hum... parece uma boa ideia. Não tenho treino hoje, Dixon mudou a folga do time de ontem para hoje, por essa semana. Nós podemos ir no meu carro. - Ele sugere.

Quase balanço a cabeça em afirmação, mas a palavra "nós" ecoa em minha cabeça. Espera, ele acha que eu também vou?

Nós? - Pergunto com às sobrancelhas erguidas.

— É. - Ele diz como se fosse óbvio. — Ou você queria que eu fosse sozinho?

— Bem, é exatamente isso. Acho que você pode se virar sozinho.

— É claro que sim. - Responde, parecendo convencido. — Mas somos parceiros, temos que trabalhar juntos. Eu fui à festa com você mesmo sem Brittany estar lá, então agora você tem que fazer o mesmo.

Abro a boca para contestar, mas logo desisto. Jake tem razão. Somos parceiros. Ele estava na festa comigo e até me ajudou quando caí na piscina, então o mínimo que posso fazer é retribuí-lo indo com ele para a cidade vizinha. É claro que não estou nenhum pouco feliz com o fato de ficarmos sozinhos em seu carro durante a viagem de uma hora e quarenta minutos, mas acho que posso simplesmente ignorá-lo.

— Tá. - Respondo sem empolgação, mas Jake parece não perceber. Ou, não se importa.

A Sra. Díaz levanta de sua cadeira e explica que continuaremos a falar sobre filmes, mas dessa vez, nós que iremos escolher o que queremos assistir. Por um segundo, fico feliz, mas então ela completa que a atividade deverá ser feita em dupla novamente e que cada um escolherá um filme, sendo eles de gêneros diferentes. Sério, qual o problema dessa mulher com atividades individuais?

Quando as aulas terminam, mando uma mensagem para meu pai dizendo que vou a um show em uma cidade vizinha com alguns amigos e que voltarei antes das nove. Pego todas as minhas coisas no meu armário e caminho até o estacionamento, onde Jake me espera, já dentro de seu Jeep. Abro a porta sem nenhuma cerimônia e coloco o cinto de imediato.

— Preparada para a melhor viagem da sua vida? - Ele pergunta, com um sorriso divertido nos lábios.

— É claro. - Sorrio irônica, então coloco meus fones de ouvido, já conectados no celular.

— Você não pode me ignorar a viagem toda. - Ele avisa, mas eu dou play na minha playlist favorita e aumento o volume, fazendo exatamente o que ele disse que eu não poderia, ignorando-o.

A medida que nos afastamos de Chicago, começa a chover. De princípio, é só uma garoa que parece ser passageira, mas com o tempo, a simples garoa transforma-se em uma verdadeira tempestade, com raios e trovões cortando o céu. Jake entra em uma estrada de terra e para o carro, já que se tornou impossível - e muito perigoso - dirigir. Respiro fundo e tento me manter tranquila, repetindo mentalmente que é só uma tempestade, e logo, logo ela irá passar. Abraço meu corpo e esfrego as mãos nos braços. A temperatura caiu muito rápido, e estou congelando apesar de estar usando uma jaqueta.

Mútuo BenefícioOnde histórias criam vida. Descubra agora