Silêncio. Toda a arquibancada está em silêncio. O único som que ecoa são das chuteiras chocando-se contra o gramado e do enorme relógio que cronometra o tempo. Aperto a bola com firmeza, estrategicamente colocada entre meu braço e antebraço, enquanto minha mão direita a segura, com os nós dos dedos já brancos. O jogo não foi tão fácil quanto achei que seria. Também não foi duro, mas chamá-lo de fácil seria presunçoso até mesmo para mim.
O Treinador dos Lions foi bastante esperto. Ele deixou para colocar em campo seu melhor jogador nos dois últimos tempos, e desde então, ele tem nos dado trabalho. O cara é bom, não posso negar. Mas eu também sou. E não preciso entrar apenas no final do jogo para mostrar isso.
Trinta segundos, vinte jardas. Respiro fundo. Vinte segundos, quinze jardas. Giro nos calcanhares e me desvencilho dos linebackers dos Lions. Dez segundos, doze jardas. Aumento o ritmo. Não quero que empatemos. Quero ganhar. Cinco segundos, dez jardas. A arquibancada vibra, e eu solto a bola no chão.
— Touchdown! - Grita o comentarista, e toda a arquibancada, meu time, os Lions e eu gritamos juntos. Uns de alegria e outros de frustração. — E a vitória vai para os Fierce Tigers! Com um placar de 23 a 17 pontos!
Os Fierce Tigers correm em minha direção e nos abraçamos e empurramos uns aos outros bruscamente e totalmente em êxtase, como típicos jogadores de futebol americano. Não consigo tirar o sorriso do rosto. Não apenas porque vencemos, mas sim porque somos uma família, e eu sei que mesmo se o resultado fosse outro, nada mudaria entre nós. Pelo contrário, ficaríamos ainda mais unidos.
Já no vestiário, o Treinador Dixon se junta ao time, e todos nós pulamos, gritamos e comemoramos. Alguns arrancam as camisas e a giram no ar. E bem, eu sou um deles. Agora faltam dois jogos para chegarmos às semifinais, e logo em seguida, a tão aguardada final. Ainda temos muito chão pela frente e teremos que treinar ainda mais, já que os próximos jogos ficarão cada vez mais difíceis e os times que enfrentaremos serão tão bons quanto o nosso. Talvez até mais. Porém, estou confiante. Não apenas em mim, mas nos Fierce Tigers. Alguns de nós tem suas diferenças, mas quando estamos juntos no campo, nos tornamos um.
— Tigers, temos duas coisas para comemorar! - Grita Oscar, chamando a atenção de todos. — Nossa vitória, é claro, e o aniversário do nosso garoto, Grant!
Pisco, surpreso. Meu aniversário. Eu tinha esquecido completamente. Quer dizer, é claro que lembrei quando David me ligou meia-noite em ponto, apenas para me desejar feliz aniversário. Ou, quando minha mãe me acordou cantando "parabéns para você" com um bolo nas mãos. Mas depois, entrei no ônibus que a escola alugou especialmente para virmos para o amistoso de hoje e estava tão ansioso e animado para jogar que acabei esquecendo pelo resto do dia. Até agora.
Todos começam a gritar novamente e a me parabenizar com tapinhas - ou melhor, tapões - nas costas e empurrões. Alguns, aqueles que mais converso, me abraçam. Como o próprio Oscar e Ben.
— Então, o que acham de uma festinha? - Oscar sugere, com um sorriso travesso nos lábios, mas então olha para Dixon, e completa: — Se nosso querido treinador deixar, é claro.
Dixon solta um suspiro longo e cansado.
— Não estrapolem.
O time inteiro vibra, e tudo parece uma festa já dentro do vestiário. Com um sorriso nos lábios, pego minha toalha no armário e vou para o chuveiro. Tomo um banho gelado e relaxante, e quando saio enrolado na toalha, dou de cara com o treinador me esperando.
— O que é isso, treinador? Está querendo me ver pelado? - Coloco a mão nos quadris, com um sorriso divertido nos lábios.
— Com certeza, não. Vim parabenizá-lo pelo seu aniversário, mas principalmente, pelo seu desempenho no campo.
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Mútuo Benefício
Storie d'amore🏆 VENCEDOR DO WATTYS 2021 NA CATEGORIA NEW ADULT Grace Henderson, apesar de jovem e de seu humor sarcástico, é independente e responsável, tendo como algumas de suas preocupações um armário constantemente emperrado e uma paixão repentina por um gar...