24. Jake

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Silêncio. Toda a arquibancada está em silêncio. O único som que ecoa são das chuteiras chocando-se contra o gramado e do enorme relógio que cronometra o tempo. Aperto a bola com firmeza, estrategicamente colocada entre meu braço e antebraço, enquanto minha mão direita a segura, com os nós dos dedos já brancos. O jogo não foi tão fácil quanto achei que seria. Também não foi duro, mas chamá-lo de fácil seria presunçoso até mesmo para mim.

O Treinador dos Lions foi bastante esperto. Ele deixou para colocar em campo seu melhor jogador nos dois últimos tempos, e desde então, ele tem nos dado trabalho. O cara é bom, não posso negar. Mas eu também sou. E não preciso entrar apenas no final do jogo para mostrar isso.

Trinta segundos, vinte jardas. Respiro fundo. Vinte segundos, quinze jardas. Giro nos calcanhares e me desvencilho dos linebackers dos Lions. Dez segundos, doze jardas. Aumento o ritmo. Não quero que empatemos. Quero ganhar. Cinco segundos, dez jardas. A arquibancada vibra, e eu solto a bola no chão.

Touchdown! - Grita o comentarista, e toda a arquibancada, meu time, os Lions e eu gritamos juntos. Uns de alegria e outros de frustração. — E a vitória vai para os Fierce Tigers! Com um placar de 23 a 17 pontos!

Os Fierce Tigers correm em minha direção e nos abraçamos e empurramos uns aos outros bruscamente e totalmente em êxtase, como típicos jogadores de futebol americano. Não consigo tirar o sorriso do rosto. Não apenas porque vencemos, mas sim porque somos uma família, e eu sei que mesmo se o resultado fosse outro, nada mudaria entre nós. Pelo contrário, ficaríamos ainda mais unidos.

Já no vestiário, o Treinador Dixon se junta ao time, e todos nós pulamos, gritamos e comemoramos. Alguns arrancam as camisas e a giram no ar. E bem, eu sou um deles. Agora faltam dois jogos para chegarmos às semifinais, e logo em seguida, a tão aguardada final. Ainda temos muito chão pela frente e teremos que treinar ainda mais, já que os próximos jogos ficarão cada vez mais difíceis e os times que enfrentaremos serão tão bons quanto o nosso. Talvez até mais. Porém, estou confiante. Não apenas em mim, mas nos Fierce Tigers. Alguns de nós tem suas diferenças, mas quando estamos juntos no campo, nos tornamos um.

Tigers, temos duas coisas para comemorar! - Grita Oscar, chamando a atenção de todos. — Nossa vitória, é claro, e o aniversário do nosso garoto, Grant!

Pisco, surpreso. Meu aniversário. Eu tinha esquecido completamente. Quer dizer, é claro que lembrei quando David me ligou meia-noite em ponto, apenas para me desejar feliz aniversário. Ou, quando minha mãe me acordou cantando "parabéns para você" com um bolo nas mãos. Mas depois, entrei no ônibus que a escola alugou especialmente para virmos para o amistoso de hoje e estava tão ansioso e animado para jogar que acabei esquecendo pelo resto do dia. Até agora.

Todos começam a gritar novamente e a me parabenizar com tapinhas - ou melhor, tapões - nas costas e empurrões. Alguns, aqueles que mais converso, me abraçam. Como o próprio Oscar e Ben.

— Então, o que acham de uma festinha? - Oscar sugere, com um sorriso travesso nos lábios, mas então olha para Dixon, e completa: — Se nosso querido treinador deixar, é claro.

Dixon solta um suspiro longo e cansado.

— Não estrapolem.

O time inteiro vibra, e tudo parece uma festa já dentro do vestiário. Com um sorriso nos lábios, pego minha toalha no armário e vou para o chuveiro. Tomo um banho gelado e relaxante, e quando saio enrolado na toalha, dou de cara com o treinador me esperando.

— O que é isso, treinador? Está querendo me ver pelado? - Coloco a mão nos quadris, com um sorriso divertido nos lábios.

— Com certeza, não. Vim parabenizá-lo pelo seu aniversário, mas principalmente, pelo seu desempenho no campo.

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