29. Grace

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Depois de uma semana intensa de simulados e mais um jogo ganho pelos Fierce Tigers, hoje finalmente é sexta-feira. Jake apareceu em minha casa no fim da tarde, trazendo o livro que me devia e um saco de donuts para meu pai, que ficou muito agradecido, já que, segundo ele, estava louco para comer um doce. Agora, eu e Jake estamos em seu carro, fazendo uma pequena viagem para Milwaukee, a cidade que minha mãe mora e também onde acontecerá seu casamento. E, por falar em meu parceiro, ele está estranho. Jake sempre fora animado e sorridente, mas agora ele está simplesmente radiante. Já perdi a conta de quantos sorrisos ele deu nos últimos quarentena e cinco minutos. Na verdade, acho que ele nem ao menos parou de sorrir. E isso está começando a me deixar inquieta. Não o fato dele estar feliz, mas sim eu não saber o motivo. Então, quando não consigo mais aguentar de tanta curiosidade, pergunto:

— O que aconteceu?

Jake para de sorrir por um instante e me olha rapidamente, com o cenho franzido.

— Como assim?

— Bom, você está sorrindo sem parar e parece que vai explodir em confetes, arco-íris e unicórnios a qualquer momento. Então, só pode ter acontecido alguma coisa. - Ergo às sobrancelhas.

— Ah! - Ele solta uma risada. — É que eu recebi uma notícia que tenho esperado há muito tempo, ontem à noite. E sei lá, ainda não caiu a ficha.

— Que notícia? - Estreito os olhos.

— Bom, eu... eu recebi uma bolsa para estudar na UCLA. Em Notre Dame, Michigan e Tennessee, também. - Dispara, e mais uma vez, seu rosto é tomado por um sorriso largo.

— Ai, meu Deus! - Abro a boca, surpresa. — Você... meu Deus! - Repito, e cubro a boca com as mãos. Agora tudo faz sentido. Jake é completamente apaixonado pelo futebol americano, e receber uma bolsa das melhores universidades para jogar o esporte é simplesmente a melhor oportunidade de todas. Em seu lugar, eu também estaria da mesma forma. Na verdade, acho que poderia muito bem virar o Coringa de tanto que iria sorrir. — Por que não me contou logo?

— Não sei. - Ele é sincero. — Acho que porque minha ficha ainda não caiu. Tenho medo de acordar e tudo não ter passado de um sonho.

— Ei! Onde está o Jake confiante e convencido que eu conheço? - Cutuco sua bochecha com o indicador. — Nada disso é um sonho, você é ótimo no campo. As universidades só reconheceram isso.

Ele tira os olhos da estrada por uma fração de segundos, e eu observo um sorriso lento crescer em sua boca.

— Você tem razão. Eu sou um astro. - Ele se gaba, voltando ao seu estado de espírito habitual. Reviro os olhos, mas sorrio em seguida.

— E aí, já decidiu qual bolsa vai aceitar? - Pergunto, querendo saber mais sobre o assunto.

— Não, mas tenho um tempo para pensar ainda.

— Ah, claro. - Aceno com a cabeça, e tenho uma ideia.  — Sabe, acho que esse momento merece uma música.

— Não. - Ele diz rapidamente. — Nem pense em colocar aquela maldita música.

Dou uma gargalhada. Como ele soube que eu iria colocar justo aquela música?

— Eu não ia. - Minto descaradamente.

— Ah, ia sim. Eu conheço você, Grace. E sua mente maligna e ardilosa também.

Afundo no banco, mas não me dou por vencida.

— Se me conhece tanto assim então no que estou pensando agora? - Arqueio uma sobrancelha.

— Hum... - Ele me olha pelo retrovisor e finge pensar. — Está pensando que eu sou o cara mais lindo que você já teve a honra de conhecer, e também que fico muito sexy dirigindo.

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