Mútuo Benefício

30. Jake

Quando a marcha nupcial se inicia, eu me viro para trás, a fim de olhar a entrada da noiva. Porém, meus olhos focam-se primeiro em Grace, e sou arrebatado, incapaz de desviar os olhos dela ou ao menos piscar. Meu coração dispara e sinto um arrepio estranho subir pela minha espinha, e de repente a atmosfera se torna mais quente, sendo difícil até respirar. Ela está absurdamente linda. Não há palavras suficientes para descrever o quanto Grace está maravilhosa.

Ela está usando um vestido verde esmeralda de alças finas e com um decote generoso em forma de "v" que foi impossível não olhar duas vezes. A saia, que vai até os pés, possui uma fenda lateral que deixa sua perna esquerda bastante em evidência a cada passo que dá. Nos pés, está calçando um sandália de salto alto, prateada. Já os cabelos negros estão perfeitamente ondulados, descendo como cascatas sobre seus ombros.

Ao passar por mim, Grace pisca um olho, e sou incapaz de fazer outra coisa a não ser sorrir. Ela entrega a mãe a Bob e logo vem em minha direção, sentar-se ao meu lado. Ignoro a falácia do padre e me inclino em sua direção, sussurrando em seu ouvido:

— Você está deslumbrante.

Observo seu rosto tingir um tom de vermelho e fico satisfeito. Gosto de ver Grace constrangida. Tem algo de muito bom nisso. Porém, não dura muito tempo. Ela me encara de forma maliciosa e o canto de seus lábios se erguem.

— Por que está me elogiando? Caiu da cama, por acaso? Ah! - Sorri largamente, fingindo lembrar-se de algo que nunca esqueceu. — É verdade, você caiu sim.

— Não caí, fui empurrado por um monstro cruel. - Corrijo, arqueando uma sobrancelha.

Grace dá uma risadinha, e reprime os lábios para abafá-la. Viro o rosto para o altar, onde Bob e Lauren estão de mãos dadas, ouvindo atentamente ao padre. E dessa vez, é a garota ao meu lado que se inclina em minha direção.

— Você também ficou ótimo de terno. - Cochicha, quase como se fosse uma fofoca. — Está até parecendo gente.

Umedeço os lábios com a língua e sorrio de lado. É claro que ela diria algo assim. Grace não é Grace sem o seu sarcasmo. E a verdade é que eu amo isso.

— Ótimo? - Ergo às sobrancelhas para ela. — Gata, eu estou incrível. Se eu fosse você, teria cuidado para não se apaixonar.

Ela dá uma gargalhada, e quando alguns convidados se viram para olhar em nossa direção, Grace enrubesce de vergonha e tampa a boca com as mãos. Reprimo os lábios para não rir também e volto a prestar atenção no casamento, assim como ela.

Bob e Lauren trocam juras de amor e fidelidade, aquelas que todo mundo sabe de cor. Em seguida, um coloca a aliança no dedo anelar do outro e assim o padre os declara oficialmente marido e mulher. Todos os convidados levantam de seus assentos e irrompem em aplausos e gritos de comemoração, jogando um punhado de arroz, reservado ao lado do banco, sobre os noivos.

Sinto um ponto específico do meu bíceps esquerdo latejar e logo descubro que é porque Grace está me beliscando.

— Ai! - Esfrego meu braço com a mão. — Por que fez isso?

— Por que você me fez passar vergonha. - Diz simplesmente, e depois sai andando para o outro lado do jardim, onde estão montadas mais duas tendas com mesas e cadeiras onde será servido o buffet e também uma pista de dança improvisada.

— Monstro cruel. - Murmuro, indo atrás dela mesmo assim.

Lauren decide jogar o buquê e todas as mulheres se reúnem atrás dela, menos sua própria filha, que não tem intenção de casar tão cedo. Porém, quem leva a melhor é um cachorro. Ele pega o buquê e sai correndo, fazendo todos rirem da situação. Em seguida, tiramos algumas fotos com os noivos, mas a minha preferida é uma que estou sozinho com minha parceira. O fotógrafo capturou o exato momento que fiz cócegas na cintura de Grace e ela deu uma risada, o que me fez rir também.