Capítulo 1

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— Mãe, eu já falei pela milésima vez que eu não vou sair com aquele mauricinho sem graça! — falo irritada, enquanto termino de calçar meu salto e saio da mesa pegando minha mochila na poltrona

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— Mãe, eu já falei pela milésima vez que eu não vou sair com aquele mauricinho sem graça! — falo irritada, enquanto termino de calçar meu salto e saio da mesa pegando minha mochila na poltrona.

— Você vai sim, Cindy! O Mattel Preston é um garoto incrível, educado, de boa família e ainda vai estudar no colégio Saundress. Vocês poderiam conviver juntos e se aproximarem, o que pode gerar em uma vantajosa aliança entre a nossa família e a Preston. Querida, quem sabe, vocês podem até se casar! — me engasgo com a saliva. Minha mãe, Mônnica, nunca se preocupou em perguntar como estou, como foi a minha semana no colégio. E agora, quando achei que ela iria se preocupar comigo, a mesma vem com o papo de eu me relacionar com um mauricinho rico de uma família da alta sociedade.

— Mãe, não vou sair com o Mattel e nem falar com ele no colégio!! — digo, jogando meu cabelo para trás, pego meu celular no bolso da mochila e vejo o horário — Tenho que ir, o motorista já está me esperando. Cadê o papai? —pergunto ao sentir sua falta.

— Na empresa. Cindy, não se meta em confusão, brigas, nada disso! Sabe como isso destrói a nossa imagem, você está sendo uma péssima filha com a sua rebeldia! — diz me dando uma bronca e respiro fundo. Caminho até ela para lhe dar um abraço e a mesma franze a testa confusa — Que foi? Vai logo para o colégio! — fala folheando a revista de moda e ignorando a minha presença.

Saio de casa muito magoada, é sempre assim, meus pais ignoram minha existência e só me notam quando convém.

••••••

Desço da limousine e bato a porta do carro com força. Olho para o aclamado colégio "Saundress" e bufo irritada.
Como odeio esse colégio!

Caminho a passos rápidos para chegar logo ao meu dormitório. Não divido quarto com nenhuma colega, as garotas daqui não gostam muito de mim, porque uma certa Barbie adorada fez a minha fama de vadia antes de mim.
De quem estou falando? Da Samantha Saundres, a Barbie adorada e rainha desse maldito colégio.

Ela é filha dos diretores, e todos a adoram, endeusam ela mesmo que a Samantha seja um preconceituosa fodida. Odeio aquela garota, e tenho meus motivos!

Depois de deixar minha bolsa no quarto, saio seguindo até o refeitório. Mastigo o chiclete enquanto trombo com algumas pessoas no corredor que me olham feio. Paro no meio do corredor e caminho ao meu armário, abro vendo rosas pretas e uma nova carta em cima dos meus livros.

Amasso o maldita carta sem lê-la, recebo esses bilhetes desde que as aulas começaram, o que não faz muito tempo. Recebo rosas pretas, cartas e presentes. Não sei quem enviou-me, apenas vem escrito no bilhete "Do seu admirador secreto".

Fecho o armário deixando as rosas no chão. Volto a seguir o meu caminho para o refeitório, logo na entrada avisto a Samantha e as suas fiéis escoteiras.
Ela é abelha rainha daqui, bom, é assim que ela se intitula.

Paro atrás dela, me escorando na parede, enquanto escuto as suas conversas com as outras abelhinhas cor de rosa.

— Ai que garota ridícula! E esse cabelo ruim, que horror! — exclama fazendo cara feia para uma das nerds de cabelo cacheado que passa logo a frente. Reviro meus olhos, e sorrio com a ideia que tenho. Tiro o meu chiclete da boca e grudo nos cabelos loiros falsificados dela — Meninas, souberam do novos alunos que entraram? Tem um que com certeza vai ser meu namorado. O nome dele é Xavier! — exclama batendo palma —  E ele está logo ali na frente!— aponta para uma das últimas mesas, não consigo ver o tal cara porque a cabeça enorme da Samantha está impedindo a visão.

— Olha só se não são as bonequinhas Barbies, como estão lindinhas? — pergunto sorrindo cinicamente para elas que me notam. A Samantha me encara com desdém e sorrio.

— Olha só se não é vadia má!! — comenta e suas amigas soltam uma risada. Odeio ela!

— "Vadia"? Talvez! "Má"? Com toda certeza! — falo sorrindo maléfica para ela que engole em seco — Nossa Barbie, seu cabelo está estranho hoje. Isso é chiclete? — me finjo de surpresa e aponto para seu cabelo.

— O quê? Ah! — grita estridente enquanto toca no seu cabelo. Sorrio cruzando meus braços — Foi você não foi? — pergunta entre dentes.

— Eu? — coloco a mão no peito me fingindo de ofendida — Foi sim! — afirmo enquanto mexo nas pontas do meu cabelo — Acho melhor e resolver isso. Está feio o negócio! — de tanto que ela bagunçou o cabelo, o chiclete grudou em vários fios — Vai ter que passar a tesoura, barbie! — ela me olha furiosa e avança em cima de mim — Péssima ação, coisa feia! — falo ficando séria e a segurando pelo cabelo.

— Sua vadia! — grita enquanto tenta me arranhar com as unhas de galinha dela — Não sei como seus pais aguentam ter uma filha como você! É por isso que eles nunca se importaram contigo, Cindy! Eles não querem uma filha que seja uma vadia má! — mordo meus lábios com força e desaforo um tapa no rosto dela. Quando iria a jogar no chão, braços fortes rodeiam a minha cintura me tirando de cima dela.

Um perfume amadeirado e masculino inunda minhas narinas, tem o leve cheiro de cigarro, o que não é nada ruim. Uma surpresa para mim gostar do cheiro, já que odeio cigarro.
Olho para o braço forte que está rodeado na minha cintura e avalio as tatuagens que colorem a sua pele.

— Me solta!! — grito irritada tentando me afastar do sujeito que ainda me segura. O cara desconhecido me vira para ele e encaro o rosto másculo, maxilar enrijecido, lábios levemente carnudos, olhos azuis intensos e cabelos loiros que grudam na sua testa— Me larga seu vagabundo, nem te conheço! — espalmo minhas mãos no peitoral do cara loiro e o empurro. Seus olhos azuis me encaram intensamente e engulo em seco, me sentindo desestabilizada.

— Vagabundo? Hum, não mentiu! — ele sussurra mas consigo ouvir — Porra, você é esquentada garota! Não vai me agradecer por impedir que seja suspensa? — pergunta cruzando os braços e me encarando com um sorriso cínico e o encaro debochada — Uma dama como você deveria ser mais educada, papai e mamãe não ensinaram a tratar bem as pessoas?

— Olha que ensinaram, mas eu não quis aprender! — rebato irritada e ele abre um sorriso sedutor que deixa meu corpo com sensações diferentes — Você não tem cara de ser um mauricinho como os outros! — sussurro para mim ao avaliar seu uniforme completamente desajeitado e amassado. Arqueio a sobrancelha ao ver o colar prateado no seu pescoço, e o maço de cigarro entre seus dedo — Está mais para um vagabundo! — um vagabundo bem gostoso!

Ele abre a boca para falar algo mas é impedido pelo rebanho de garotas que o rodeiam. Todas elas gritam pelo nome "Xavier". Resolvo me afastar, arrumo meu cabelo e caminho até o refeitório.
Sinto minhas costas arderem como se tivesse sendo observada. Viro levemente meu rosto para trás e vejo o tal Xavier me olhando intensamente.
Abro um sorriso provocativo e mostro meu dedo do meio para ele, que retribui com um sorriso cínico e uma piscada.

Eu deveria ficar bem longe dele, esse Xavier parece muito bem o tipo de cara problemático.

Bom, eu adoro um problema. Mas desse, irei ficar longe.

Pecados da Dama e a Redenção do VagabundoOnde histórias criam vida. Descubra agora