Capítulo 3

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Era só o que me faltava, aquele professor desgraçado deve estar brincando com a minha cara

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Era só o que me faltava, aquele professor desgraçado deve estar brincando com a minha cara. Aguento suas implicâncias desde o ano passado, o Bobbie me culpa pelo que aconteceu com o filho dele.

O meu querido professor de literatura, já está na casa dos seus 40 anos, é bonitão mas um babaca. Se tornou ainda mais pelo que aconteceu com seu filho. O professor sempre me culpa pelo o que houve.

Tenho mais um problema, e que não sei se é um "problema". O Vagabundo, Xavier que não sei o sobrenome, interviu na minha discussão e agora está caminhando atrás de mim.

Não sei porque ele interferiu, porque me defendeu, não preciso que ninguém me defenda. Mas, eu senti umas sensações boas e estranhas.

Paro em frente a diretoria e bato na porta. Escuto o "Entre" da senhora Olívia, e faço o que a ela diz. Quando entro, a mesma me encara com tédio, abro o sorriso mais inocente do mundo.

— Olá querida diretora, como está? —me sento em uma cadeira atrás da sua mesa, cruzo minhas pernas enquanto olho para o meu salto preto com algumas pedrinhas cintilantes — O professor bobão me mandou para cá, já vim, agora posso ir embora? — indago sorrindo para ela, que olha para o homem em pé atrás de mim — Esse é o vagabundo, ops... Xavier, não é?_o encaro de soslaio e ele sorri, piscando para mim.

— Meu nome é Xavier, senhora — se apresenta para a diretora, e senta na cadeira ao meu lado — Sou aluno novo.

— Seja bem vindo ao colégio Saundress, sou a diretora Olívia Saundres. O professor Bobbie informou-me o ocorrido, a falta de respeito que tiveram com ele.

— Calma lá! — a interrompe — Falta de respeito o caralh... nada, eu apenas entrei na discussão que a Dama estava tendo com o professor que foi grosseiro. Não ia ver ele faltar com respeito com nenhuma mulher, tenho princípios! — diz batucando seus dedos na madeira da mesa. Percebi que ele  gostou de me chamar de "Dama", o que não é mentira, sou uma dama.

— Cheguei atrasada porque me atrapalhei com os livros da aula, isso não dá o direito do professor bobão ser agressivo. Ele só implica comigo, você sabe que ele me culpa pelo que aconteceu com o Lukas, no ano passado! — digo e respiro fundo lembrando de tudo.

— Claro que não, Cindy. O Bobbie não te culpa pelo aconteceu com o filho dele, aliás, achava que vocês teriam uma relação melhor, já que você é ex nora do professor — fala me olhando seriamente. Maldita hora que fui namorar com o Lukas Histon! — Não irei fazer nada com vocês, fiquem tranquilos. Xavier, já entrou em algum time do colégio? — pergunta ao Vagabundo.

— Ainda não — diz dando de ombros, e começa mexer em sua gravata. Seu rosto está bem sério.

— Cindy, hoje começará as aulas de balé, irá marcar presença? — Olívia indaga curiosa. Odeio balé, não tenho o menor talento — Sua mãe já confirmou que você vai, ela me entregou até a dieta que precisa cumprir rigorosamente.

— Dieta? — pergunto incrédula — O quê..? — digo atordoada.

— Xavier, pode se retirar! — diz para ele que se levanta, caminhando até a porta. Ele para e antes de sair, me olha e dá um piscada. Mordo meus lábios e aperto minhas mãos.

Droga, esse cara tem que ser tão sexy assim? Ele tem uma cara de mau, e isso mexe comigo de um jeito que desconheço.

— Olívia, você lembra do vexame do ano passado, eu dancei balé horrivelmente. A minha mãe ficou sem falar comigo por uma semana, sabe como eu me senti por desapontar ela?— falo tudo sentindo meus olhos arderem. Foi um desastre a apresentação do ano passado, eu era a principal e minha mãe veio me assistir, foi horrível!

— Essas coisas acontecem. Seu futuro está planejando querida, irá se tornar uma grande bailarina, assim como sua mãe foi. É o desejo dela e irá realizar —sorrio fraco, me levantando da cadeira.

—  Claro, é o que desejo — murmuro. Quero que minha mãe se orgulhe de mim e para que isso aconteça, preciso fazer o que ela gosta. É a única forma dela gostar de me ter como filha.

Abro a porta e saio da sala. Caminho rápido querendo chegar o mais rápido possível ao meu quarto. Assim que chego, tranco a porta, tiro minhas roupas jogando para todo lado e me deito na cama de barriga para cima.

Olho para o teto vendo alguns desenhos que fiz. Amo desenhar, pintar quadros. Tudo que envolva arte. Meus pais não gostam, já tentei pedir a eles para comprarem alguns quadros para mim, mas eles não compram, dizem que é perda de tempo.

Como eu queria ser uma boa filha, mas não consigo, tento fazer tudo mas não consigo. Nunca alguém vai gostar de mim de verdade.

•••••

Já se passaram três semanas desde o incidente na sala de aula e no refeitório. A vaca da Samantha está me irritando ao máximo, sempre fazendo piadinhas de mau gosto, e ainda jurando vingança por causa do chiclete.

Nesses dias, o Xavier vive me encarando intensamente e faço o mesmo, aquele vagabundo está mexendo comigo, me trazendo sensações novas e não gosto disso.
Já vi ele grudado com algumas garotas da sala e fiquei irritada, sem saber o porque. Às vezes ele parece ficar com raiva olhando pra mim, na verdade, isso acontece quando algum garoto vem falar comigo.

Agora estou enrolada em uma toalha e procurando uma roupa para ir jantar no refeitório. Jogo meu cabelo úmido para o lado, escuto duas batidas na porta e caminho até ela.

— O que está fazendo aqui? — pergunto encarando uma amiga da Samantha — O quarto das bonecas é em outro lugar.

— Cindy, seus pais estão aqui querendo te ver, mandaram vir te chamar. Querem que vá vê-los agora! — a olho eufórica. Eles vieram me ver, e nem precisei arrumar confusão — Vamos agora, irei te levar até eles! — abro a boca para falar que estou de toalha mas ela não deixa, apenas me puxa do quarto.

— Espera, maluca! — exclamo segurando o nó da toalha com uma mão. Ela me leva até uma sala de aula — Eles estão aqui? — pergunto confusa.

— Sim, entre! — ela me empurra pra dentro da sala e logo tranca a porta me deixando sozinha.

— O quê..?! Me tira daqui sua vaca! Eu vou acabar com você, garota! Pode dar adeus ao seu mega hair! — bato na porta furiosa.

— Caiu direitinho não foi, Cindy? Coitadinha, ficou acreditando que o papai e a mamãe vieram ver ela! — Samantha fala do outro lado da porta e cerro os punhos — Vai passar a noite aí para aprender a ser uma boa menina!

— Me tira daqui, vadia desgraçada! Entende uma coisa Samantha, quando eu eu sair daqui, irei esfregar a sua cara feia no asfalto que vai ficar irreconhecível. Tá me escutando, sua desgraçada?! — exclamo furiosa, e só ouço a risada dela. Olho ao redor, abraço meu próprio corpo por causa do frio, a sala é a mais pequena daqui, eu odeio lugares pequeno. Estou me sentindo sufocada_ — Me tira daqui, Samantha! — bato mais na porta, escuto um barulho tipo um coaxar,  ruído que um sapo faz.

— Ah, lembrei. Para que não ficasse sozinha, arrumei amiguinhos, lindos sapinhos! Papai e mamãe não ligam para a Cindyzinha, papai e mamãe não ligam para Cindyzinha... — começa a cantar essa música ridícula. Sinto lágrimas escorrendo pelo meu rosto, olho para o chão e vejo enormes sapos nojentos, vários deles, andando pela sala.

Corro e subo em cima de uma mesa. Me sento encolhida, enquanto choro compulsivamente. Tenho nojo de sapos, pavor. Soluço sentindo lágrimas quentes escorrem pelas minhas bochechas, abraço minhas pernas e coloco minha cabeça entre elas.

— Eu não aguento mais — murmuro enquanto choro.

A Samantha que se prepare.
A vingança é uma vadia má, e meu bem, eu sou a pior de todas!

Pecados da Dama e a Redenção do VagabundoOnde histórias criam vida. Descubra agora