Pupilas dilatadas

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  ✨Espero que estejam todos bem✨

Will não precisou esperar muito. Logo Nico apareceu com a chave na mão, apontando para a porta do lado da boate. Lá fora, o segurança marcou as pulseiras da entrada e os deixou ir.
  A noite lá fora estava tão agitada quando a de dentro. Havia um pequeno caos de carros e pessoas já alteradas tropeçando pela rua. Will se manteve perto de Nico para não perdê-lo de vista.
  Will se sentia como uma criança saindo de casa sem a mãe saber. Seu coração estava acelerado, suas mãos suavam e ele sentia que estava andando estranho.
  E agora Jason e Piper sabiam.
  Era um começo, logo todos eles iriam saber. Will sabia que uma vez que a verdade chegasse a um, logo se espalharia.
  -No que está pensando? -Nico perguntou, enquanto andavam pela calçada, já com as pessoas mais dispersas.
  -Que agora mais duas pessoas sabem.
  -E como você se sente?
  -Não sei explicar.
  Nico assentiu.
  A não ser por eles, o estacionamento estava vazio. Will sentia os nervos a flor da pele. Parecia até que nunca tinha ficado com ninguém dentro de um carro. Mas não era qualquer pessoa. Nico não era qualquer pessoa, nem que fosse outro rapaz que estivesse com ele, Will ainda suspeitava que não chegava aos pés do Nico significava para ele. E por não ser um simples alguém o peso da situação crescia nos seus ombros.
  E se ele estragasse tudo?
  Se dissesse algo errado?
  Onde ele colocaria as mãos?
  Seria diferente do que ficar com qualquer outra pessoa?
Sim, já tinha o beijado no barco e na noite anterior quando foram buscar a pizza, mas... havia algo estranho no ar. Algo mais intenso. Algo que dizia que, entrar no carro com alguém, e principalmente um alguém que exalava energia sexual quando estava com você, era sinal de que mais algumas coisas iriam acontecer.
  Chegando no carro, Nico abriu a porta e entrou na parte de trás do carro, que era mais espaçosa. Will entrou logo depois e fechou a porta.
  O silêncio do carro, comparado com a festa, era mil vezes maior. Mas tinha outra coisa. Estava escuro. Will via o rosto de Nico em breves nuances pela luz do poste.
  Sentindo-se inquieto, Will se esticou para ligar a luz internar do carro, enquanto perguntava:
  -O que o Jason e a Piper disseram?
  -Que não sabiam.
  -Só?
  Nico assentiu. Will se deixou voltar para o banco.
  -Eles são amigos, Will. -Nico ergueu uma mão e tocou o rosto dele. -Eles não vão te julgar assim.
  -As vezes os amigos se afastam.
  -Amigos que se afastam por isso não são amigos.
  Will suspirou.
  -Você deve estar certo.
  -Eu estou. Na maioria das vezes.
  Will sorriu. A mão de Nico deslizou do seu rosto para o pescoço, para o braço, para o antebraço até o pulso, onde Will estremeceu.
  -Algum problema? -Nico perguntou, achando interessante que, quando deslizou um dedo por cima do pulso de Will novamente, ele prendeu a respiração.
  -Não. - Will respondeu.
  Nico deslizou as unhas por cima suavemente pela pele fina do pulso e ouviu uma respiração desregulada.
  -Acho que encontrei seu ponto fraco. Mas assim tão fácil? -Nico perguntou.
Não era questão de facilidade, Will pensou, é que era ele!
  Will de repente estava com calor. Sentia pequenos focos de choque no seu corpo. E nem estava fazendo uma noite quente.
  -Não é uma boa ideia. -Will resmungou.
  -Eu acho uma ótima ideia.
  Will riu.
  -Claro que acha.
  Nico se aproximou dele, até seus rostos estarem de frente um para o outro.
  -Eu sei que você está nervoso. -ele disse com calma, enrolando um dedo nos cabelos de Will. -Mas sou eu.
  -E isso não é motivo para eu ficar nervoso? -Will riu. -Você ser você é oque me faz ficar nervoso.
Nico franziu a testa, confuso.
-E o que tem em especial que eu seja eu?
  Na cabeça de Will veio a imagem de quando ele viu Nico pela primeira vez. Ele sentado na beira da piscina com a irmã, tão pálido que Will só pode constatar que não era dali. Mas ele não queria entregar isso agora, era muito cedo para Nico saber que ele era obcecado por ele quando era criança.
  -Eu gosto de você, isso faz a diferença para mim. -respondeu, enfim.
Nico passou uma perna por cima de Will e sentou sobre ele. Will paralisou.
-Eu precisei ser mais rápido que a sua capacidade de criar hipóteses. -Nico deu de ombros e apoiou os braços nos ombros de Will. -Relaxe. Eu não vou fazer nada. Juro.
Will considerou a proposta. Ele pararia Nico se ele fizesse alguma coisa? Achava que na atual circunstância não. Não o afastaria. Nem um pouco.
  Vendo que Will ainda estava um pouco tenso, Nico insistiu.
-Você pode confiar em mim? Um pouquinho? Afinal, você já está no carro comigo. Se qualquer pessoa abrir a porta, mesmo que eu não estivesse em cima de você, já seria estranho o bastante.
É claro que ele confiava em Nico. Não sabia porque, mas tinha uma confiança cega nele. Sabia que Nico não faria nada que o deixasse desconfortável até que ele lhe desse sinal verde.
-Eu confio. -Will suspirou.
Nico pegou as mãos de Will, que estavam largadas ao lado do corpo e as colocou nas suas pernas.
-Viu? Nada demais. -Ele levou uma mão até o cabelo de Will e o puxou para trás suavemente, fazendo-o olhá-lo nos olhos. -Tenho certeza que você já fez pior por aí do que colocar as mãos em alguém.
Will riu. Ele não estava enganado.
-Já. -Will suspirou. -Mas eu não sentia nada por essas pessoas.
-E você não se cansa de se declarar...
-E você não se cansa de me driblar.
Nico engoliu em seco.
-Não que eu não acredite, é só que...
-Eu já disse, eu me apaixono fácil.
Nico assentiu.
-Não acha que estou apaixonado por você? -Will perguntou, erguendo a cabeça para olhá-lo apropriadamente.
Nico suspirou.
  -Eu tenho medo que você esteja se enganando sobre isso.
  Will riu e tomou a liberdade de o puxar mais para perto.
  -Eu sei muito bem oque eu estou sentindo.
  -Como pode saber?
  -Se você escutasse meu coração todas as vezes que eu te vejo, saberia que as vezes eu fico tão feliz de te ver que eu sinto falta de ar.
  Nico abriu a boca, mas a fechou, sem palavras. Seus olhos vasculharam a expressão de Will buscando algo que a contradissesse, mas... não havia nada.
  -Will...
  -Aceite que eu estou apaixonado, não preciso que você também esteja, eu só quero que saiba disso.
  Nico apoiou as mãos nos ombros dele, derrotado.
  -Como você pode ficar nervoso por entrar em um carro comigo, mas não em me dizer essas coisas?
  -Eu fico nervoso para tocar em você, não para te dizer oque eu sinto.
  -Eu nunca ouvi algo assim na minha vida.
   Era verdade, Will não se sentia nem um pouco desconfortável em confiar a Nico os seus sentimentos, afinal, ele era a única pessoa a quem importava saber disso. Mas a ideia de toca-lo era muito física, muito real, mais do que trabalho mental, era algo que envolvia ele todo. Era uma ideia excitante, mas com um grau maior de perigo do que pensar em Nico.
  -Você não precisa estar apaixonado por mim. -ele fez questão de deixar claro. -Eu não sei se... você estava com alguém em mente, enfim.
Nico riu.
  A verdade era que Nico também estava apaixonado. Terrivelmente. Chegara a sonhar com Will na noite anterior de tão ansioso que estava para o ver. E agora tendo-o ali se declarando era mais do que esperava. Ser correspondido sem nenhum esforço? Era novo.
  Nico respirou fundo e olhou aquele rosto bonito e esculpido, parecia tão irreal oque estava vivendo.
  -Eu não tenho ninguém em mente além de você no momento. -Nico respondeu, um pouco extasiado após ser bombardeado com a declaração.
  Will ergueu uma sobrancelha, surpreso. Seu sorriso foi uma recompensa bastante satisfatória. Nico aproveitou e voltou a puxa-lo pelos cabelos de leve para que erguesse a cabeça.
   A posição vulnerável do seu pescoço era um convite para um beijinho perto da clavícula. A reação do corpo de Will foi se contrair e logo depois relaxar.
  Vendo que a atitude foi aprovada, Nico deu uma mordidinha, já não tão suave, no mesmo local e subiu mais alguns beijos até o pomo de Adão, as mãos de Will já não estavam mais tão tímidas, e seguravam nas suas pernas com firmeza.
-Posso continuar? -Nico sussurrou.
-Pode.
Pela voz de Will, pela respiração curta, Nico podia saber que ele estava totalmente entregue, ele havia desistido.
-Você veio com a camisa ideal para essa festa. -Nico comentou, puxando um dos botões da camisa de Will, que se soltou facilmente. -Até parece que você estava prevendo algo.
Enquanto Nico soltava o segundo botão, Will sentia todo o seu corpo reagir a qualquer mínimo movimento dele. Nico estava sentado sobre uma área muito sensível, e quando ele se inclinava para beijar o pescoço de Will, a pressão... Will estaria arfante se não estivesse controlando a respiração.
Nico havia acabado de desabotoar toda a blusa, quando começou a chover. A chuva embaçava as janelas do carro e parecia pequenas pedrinhas caindo no teto. Will levantou a cabeça para olhar Nico. Ele estava o observando atentamente.
-Algum problema? -Will perguntou.
-Nenhum.
  Nico se inclinou sobre ele, passando os braços pelos ombros dele.
  -Você estava falando sério? Sobre oque disse antes?
-Sim. Te deixei preocupado?
-Não, não. Eu só... não estava esperando uma declaração.
Will riu. Segurando Nico, ele os virou no banco do carro, deitando-o e ficando sobre ele.
-Eu estava falando extremamente sério.
  Nico suspirou.
-É bom que esteja. -Nico o prendeu com as pernas e o puxou para si. Will se segurou para não cair sobre ele com todo o peso, mas o impacto dos quadris deixou que ele escapasse um gemido sofrido. -Não gosto de joguinhos assim.
-Nem eu.
Eles se encararam um instante antes de começarem a se beijar.
  Will já havia reparado, obviamente, que Nico era mais baixo que ele. Uns bons vinte centímetros mais baixo, mas nunca havia o visto como pequeno perto de si. Talvez porque a influência dele sobre o próprio Will era tanta que ele mal reparava nisso. Mas agora, Nico parecia tão pequeno debaixo dele.
  Nico parecia um desenho muito realista. Ele era branco como um papel apesar das sardas leves do Sol, olhando de perto, Will via como sua pele era suave, e tocando com os lábios, como estava quente. Além dos olhos escuros. Os olhos de Nico eram o fim de Will, eram tão escuros que, mesmo com muita observação da parte de Will, ele nunca conseguira a proeza de ver suas íris. Era uma pequena obsessão que ele tinha, muitas pessoas ao seu redor tinham olhos claros, pessoas de olhos escuros davam uma sensação especial de mistério para Will, ele quase nunca conseguia ler bem os olhos de Nico. Era uma cor muito bonita, e a isso não se era dado o valor merecido.
  E apesar da figura um tanto delicada que tinha...
  Ele estava o prendendo fortemente pela cintura, com a boca ocupada em distrair Will enquanto descia as mãos até o cós da calça dele.
  Will se afastou um pouco e olhou para baixo, onde os dedos de Nico já tocavam o botão da calça.
  -Posso?
  De repente uma única palavra surgiu na cabeça de Will, uma palavra que definia basicamente todos os questionamentos que tinha: bacon.
  -Sim ou não? -Nico perguntou quase em um sussurro, sendo abafado pelo barulho da chuva.
  -Claro.
  Will voltou a olhá-lo, e Nico riu.
  -O que?
  -Suas pupilas estão dilatadas.
  Will talvez pudesse sentir essa diferença, mas agora não sabia oque era a sensação da pupila dilatada e a do desejo.
  -Eu posso estar indo além do meu limite,  -Will relaxou mais um pouco deixando seu corpo se pressionar mais contra o de Nico, sentindo que ele estava tão urgente quanto ele mesmo. -Mas você está autorizado a fazer oque quiser comigo.
  -O que eu quiser?
  Will afundou o rosto no pescoço dele enquanto respondia um "Uhum" abafado. Ele mordeu um pedacinho de pele de Nico e sugou não muito forte. Perto do seu ouvido, Nico gemeu. Will sentiu seu corpo pegando fogo, latejante.
  -Certo. -Nico suspirou, um pouco sofrido. -Troque de lugar comigo.
  Will fez o que lhe foi pedido imediatamente, ficando sob Nico. Aquela era uma visão muito boa. Se Will estava se sentindo apaixonado com aquela visão de antes, agora então... Nico parecia outra pessoa da que ele havia encontrado no barco. Seus cabelos estavam desgrenhados, caídos para frente, Will ainda conseguia ver o rosto dele parcialmente para saber que ele estava um pouco corado, e ele sorria como se Will estivesse perdido.
  Ah, é mesmo.
  Ele estava perdido.
  -O que disse? -Nico franziu a testa.
  Will não havia percebido, mas pensara alto.
  -Que eu estou perdido. -ele repetiu, com um suspiro.
  Nico sorriu, concordando.
  -Bastante perdido. Eu diria completamente. -Nico se inclinou sobre ele e começou a descer beijos do pescoço até abaixo do umbigo. Nesse último, Will já estava estremecendo. -Você disse que eu podia fazer qualquer coisa?
  -Disse.
-Então se sente.
Will franziu a testa. Nico saiu se cima dele e ele se sentou, então com um momento de surpresa ele entendeu oque Nico iria fazer.
Nico se levantou um pouco curvado por causa do teto e ajoelhou no chão do carro, no meio das pernas de Will.
Will deixou escapar uma respiração desregulada.
  Nico riu e desabotoou a calça dele. Will tentou relaxar, esticando o pescoço e soltando lentamente o ar dos pulmões.
-Eu quero que você feche os olhos, está bem? -Nico disse, e sua voz arrepiou todo o corpo de Will.
Will fechou obedientemente. Mas era impossível não imaginar oque Nico estava fazendo, de olhos fechados, Will via mentalmente os dedos de Nico abrindo o botão e baixando o zíper, e então... ele tocou numa área sensível. Will arfou.
  -Continue de olhos fechados. -instruiu Nico.
  Will só pode concordar.
  Mais uma vez, ele imaginou as mãos de Nico, agora o tocando parcialmente. Will se sentia pegando fogo, quando Nico parou. Seu instinto era abrir os olhos, mas se forçou a continuar de olhos fechados. Lá fora, a chuva tinha dobrado. Will esperou, então sentiu, por cima das roupas, algo traçar sinuosamente o contorno do seu membro, e pela umidade, Nico só podia estar fazendo isso com a língua. Suas mãos se fecharam ao lado o corpo, buscando algo em que se segurar.
Nico deu uma risada baixinha. Para surpresa de Will, ele não continuou mais daquela forma, um instante depois ele havia colocado a mão dentro das suas roupas e o tocado diretamente. Will deixou um gemido escapar. A mão de Nico estava tão quente ao redor dele, e ao mesmo tempo tão suave. Will sentia todos os raios de excitação se focarem naquela área, e sentia tanto calor. Ele tirou o resto da camisa, mas o movimento fez com que a mão de Nico friccionasse levemente contra seu membro, ele gemeu e paralisou, desejando continuar o movimento.
-Não, -Nico o empurrou de volta para o banco. -Eu que faço isso. Você fica quietinho.
-É difícil quando você está... -Will se calou quando Nico tocou a ponta da língua na sua glande. -Esqueça.
-Eu tinha quase certeza que você ia me acusar de alguma coisa. -Nico provocou, e ele falava tão perto do seu membro que Will sentia a respiração dele.
-Eu ia dizer, -Will arfou. -Que é difícil ficar quieto quando você está me tort...
Novamente, Nico o interrompeu. Mas agora Will sentia toda a boca de Nico, quente, molhada, interrompendo qualquer linha de pensamento que ele pudesse ter antes. As mãos de Will foram para os ombros de Nico, deslizando para os seus cabelos. Sua vontade era puxa-los, fazê-lo ir um pouco mais fundo, mas deixou que ele fizesse oque queria.
  Nico se afastou para olhar Will. Uma semana antes diria que aquilo era impossível de acontecer, mas agora... Nico deslizou a língua suavemente por toda sua extensão, sentindo Will estremecer. Podia sentir com as mãos e até com a boca, o sangue de Will pulsando. Por maldade, Nico roçou os dentes nele. Will soltou um gemido estrangulado e apertou as mãos nos cabelos dele.
A verdade era que Will estava se sentindo completamente diferente. Não era que ninguém houvesse feito aquilo nele antes, mas era que ele nunca quis que algum desses "alguéns" tivessem realmente feito. Também não era que ele não apresentasse nenhuma reação antes, as vezes beber alguma coisa ajudava, sua imaginação não tinha escrúpulos quando bebia e o permitia algumas pequenas fantasias.
Mas havia algo de diferente em ter Nico o tocando tão intimamente. Will sempre suspeitava que quando sentia algo que não sentia antes, em relação a Nico, a resposta era que antes ele não tinha os sentimentos que tinha por Nico por outra pessoa, mas estava começando a chegar na conclusão que não quisera ter esses sentimentos até ele chegar.
Nico sem dúvidas era um divisor de águas na sua vida, mas...
Podia parecer loucura. Mas Will sinceramente achava que estava esperando para encontrar ele todo esse tempo.
E ter pensamentos românticos na hora em que ele estava com a boca trabalhando tão avidamente era sem dúvida um dom.
Will sentiu os músculos das pernas contraírem. Suas mãos agarraram os cabelos de Nico com força mais uma vez, deixando escapar um gemido sofrido em aviso.
  Nico o compreendeu imediatamente, mas ele estava se sentindo um pouco maldoso naquele dia. Ele voltou até a glande de Will e o provocou com a língua. Will estava se esforçando muito a esse ponto, sem nem conseguir falar para avisar a Nico que se afastasse.
  -Nico... -foi a única palavra gemida e estrangulada que ele conseguiu dizer quando Nico começou a toca-ló com as mãos, fazendo movimentos para cima e para baixo.
  -Pode dizer. -Nico disse, despreocupadamente. -Só gemer meu nome não vai me dizer nada.
  Will riu por ele está se fazendo de desentendido. Mas não era necessário palavras para traduzir o que estava prestes a acontecer. Sob as mãos de Nico, o membro de Will pulsou mais forte. O rosto de Will se contorceu em uma bela expressão de prazer sofrido, que Nico pretendia guardar em mente pelo máximo de tempo possível. Wil estremeceu, não de leve, quase um espasmo, e Nico se afastou um pouco, deixando que ele se despejasse no chão do carro.
Will soltou um suspiro longo e seu corpo relaxou. 
  Nico riu, vendo que ele encarava o teto com olhos pesados e buscando recuperar o ritmo da respiração.
  -Algum problema? -Nico perguntou, devolvendo-o para suas roupas.
  -Nada que possa ser explicado em palavras.
  Nico sentiu uma batida atrapalhada no seu coração.
  -Quer dizer que foi ruim?
  -Nunca nessa vida.
  Nico riu. Com um impulso ele voltou para o lado de Will.
  -E você? -Will perguntou.
  Nico franziu a testa, mas então compreendeu.
  -Estou mais que bem.
  -Mesmo?
  -Eu sei cuidar de mim mesmo.
  Will deu soltou um riso breve, mas que manteve um sorriso preso no seu rosto.
  -Sujamos o carro de Jason. -Nico disse, com um sorriso, também percebendo que a chuva estava finalmente diminuindo.
  -Não se preocupe com isso, eu... por que você está sorrindo?
  Will havia baixado a cabeça a ponto de pegar um sorriso largo no rosto de Nico. Um sorriso genuíno. Que ele amou com todas as forças.
  -Ah, por nada.
  Will estreitou os olhos na direção dele.
  -Não me parece nada.
  Nico deu de ombros e se encostou nele, fazendo Will erguer o braço para que ele se acomodasse no seu peito.
  -Nada que importe agora, Will.
  -Se você diz...
  Will apoiou o queixo na cabeça dele, sentindo os cabelos macios o acariciando o rosto. Então se lembrou...
  -Eu puxei com força? -perguntou, preocupado, tocando suavemente a área onde ele havia puxado os cabelos de Nico.
  -Não.
  -Eu senti que puxei demais.
  Nico suspirou e deu dois tapinhas na perna dele.
  -Pare de se preocupar.
  Will decidiu acatar a sugestão e tentou relaxar. Em um silêncio confortável, eles permaneceram no mesmo abraço por cinco minutos, ouvindo a chuva cair lá fora.
  Quando os cinco minutos se passaram, Will sentiu Nico dizer baixo contra o seu pescoço:
  -Ho una dipendenza da te.*
  -O que significa? -Will perguntou, baixando o rosto para encontrar o dele.
  Nico o olhou por uns instantes, bem dentro dos olhos, antes de responder:
  -Que você está lindo.
  Will roçou os lábios nos dele e deu uma mordidinha no seu lábio inferior.
Nico sorriu.
  -Eu poderia ouvir você falando italiano o dia todo.
  -Mas você não me entenderia.
  Will deu de ombros.
  -Eu tentaria interpretar seu rosto. Não me incômodo nem um pouco de precisar olhar mais do que alguns segundos para você.
  Nico ergueu uma sobrancelha, surpreso pelo repentino surto de romantismo.
  -Você pareceria um bobo.
  -É um dom que você tem. Eu sempre pareço muito idiota falando com você.
  Nico deixou escapar uma risada.
  Quando se recompôs, tateou o bolso da calça.
  -Pronto para deixar a... -ele checou o relógio do celular. -Meia hora no paraíso?
  -Não.
  -Também não podemos passar muito tempo aqui.
  Will gemeu fazendo birra e fez Nico se deitar no banco do carro novamente.
  -Isso é tão injusto. -Will se deixou deitar sobre Nico. -Eu nem senti o tempo passar.
  -Claro, você estava ocupado.
  -Perfeitamente ocupado.
  Nico passou as mãos pelos cabelos dele, enrolando os dedos nos cachos.
  -Vão notar que sumimos.
  -Não vão pensar que estamos juntos.
  -É, provavelmente vão pensar que você foi capturado por alguma garota.
  Inconscientemente, Will achou aquela situação incrivelmente estranha, mesmo que até semana passada essa opção não fosse tão inusitada.
  Will abaixou o rosto até a bochecha de Nico e fez um caminho de beijos até o pescoço dele.
  -Se acha que vai me distrair assim, está muito enganado. -Nico murmurou. -Não vai me enganar com beijos.
  Apesar de dizer isso, os olhos de Nico estavam grudados no peito nu de Will. Seus olhos desceram mais, os músculos da barriga definidos. A pele bronzeada.
  -Pelo jeito que está me olhando, parece até contraditório oque você está dizendo.
  Nico ergueu os olhos para os lábios dele, que estavam vermelhos, ele devia ter os mordido muito antes. 
  -É claro que é contraditório. É impossível não te olhar assim.
  Will riu, mas então... seu celular tocou. Para sua surpresa era Silena.
  -Silena? -ele franziu a testa, se ajeitou no banco e atendeu o celular. Nico se ajeitou ao seu lado. -Oi.
  "Will?"
  -Sim?
  A música, pelo celular, soava abafada, como se ela estivesse distante da música para falar com ele.
  "Onde você está? Saiu da festa?"
  -Eh... -Will olhou ao redor. -É, sai.
  "Por que?"
  -Não estava me sentindo bem com tanto barulho.
  "Onde você está? Se quiser podemos sair daqui."
  -Não. Não! -Will controlou o desespero na voz. Nico ergueu as sobrancelhas surpreso. -Não precisa. Eu vou voltar. Só precisava respirar um pouco.
  "Tem certeza?"
  -Claro.
  "Okay, então. Nos encontramos na festa."
  Will desligou o celular com um suspiro.
  -Vou ter que voltar.
  -Uma hora iam se preocupar com você.
  Will balançou a cabeça.
  -Você vai na frente. -disse Nico. -Não podemos chegar ao mesmo tempo. Seria suspeito.
  Will respirou fundo e virou o rosto para ele.
  -Me desculpa, eu não queria que fosse assim, tão... escondido.
  Nico puxou o rosto dele com delicadeza e o beijou.
  -Eu já disse que sabia que seria assim. Não precisa se desculpar.
  -Ainda assim.
  Will encostou a cabeça no ombro de Nico, ele havia descoberto ser um dos seus lugares preferidos. Nico cheirava a sabão em pó e sabonete de lavanda. Era confortável.
  -Um dia não vai ser assim. -Will disse.
  -Não se pressione com isso.
  -A não ser que você não queira, é claro.
  Nico riu.
  -Você pensa muito nisso?
  -O tempo todo.
  Will sentiu Nico ficar um pouco rígido, e por estar tao perto do seu peito e pescoço, ouviu as batidas aceleradas do seu coração.
  -Algum problema?
  -Eu... não achava que você fosse levar a sério.
  Will franziu a testa e se afastou.
  -Não... -ele começou e parou. -Eu não deveria?
  -Normalmente as pessoas não levam a sério.
  -Ah... -Will piscou, um pouco atordoado. -Então eu não deveria?
  Nico viu a confusão no rosto dele. A dúvida se estava levando um fora ou só um comentário.
  -Estou feliz que esteja levando a sério. -esclareceu.
  Ele viu o alívio passar pelo rosto de Will e então se formar um sorriso.
  -Ainda bem. -ele suspirou, fazendo Nico rir. -Achei por um instante que você ia me dar um fora.
  -Seria justo. Você já me deu um fora.
  Will fez uma careta.
  -Eu sou burro. Você é o inteligente entre nós. Você não me daria um fora agora.
Nico chegou bem perto dele, em parte porque não conseguia ficar longe por muito tempo, e o beijou suavemente. Não sabia explicar, mas havia alguma coisa em ter a liberdade de apenas tocar os lábios de Will, sem realmente beija-lo como qualquer outra pessoa, que o deixava ainda mais feliz.
-Estou achando bastante difícil que algum dia... -Nico suspirou, de repente havia ficado sem ar. -Que algum dia eu te de um fora.
Will pareceu surpreso, então com um gemido jogou a cabeça para trás.
-Ah, por que você está fazendo isso comigo? Você não me ouviu dizer que eu me apaixono muito fácil? -ele voltou a erguer a cabeça. -Eu digo incrivelmente fácil.
Nico riu e o roubou mais um beijo dele, vendo sua expressão sofrida, mas satisfeita.
-Você é um torturador. -Will resmungou.
-Você já quis me acusar disso hoje. Não me lembro de você reclamando muito da minha "tortura" mais cedo.
O canto da boca de Will se curvou.
-Talvez eu seja um pouco masoquista então.
-Você não deveria estar voltando para a festa?
-Devia?
Nico riu.
-Devia.
-Mas... nós sujamos o carro do Jason.
-Eu vou limpar.
Will ia começar a protestar, mas Nico tapou a boca dele com a mão.
-Eu fico, você volta.
-Mhnnnmp.
-O que?
Will apontou para a mão dele e Nico a afastou.
-Pode ser perigoso.
-Eu vou ficar bem.
-Eu vou ficar preocupado.
Nico sorriu, sentindo que estava ficando bobo de novo. Will já estava bobo a muito tempo.
-Eu vou voltar o mais rápido possível. -Nico prometeu.
Will revirou os olhos, e assentiu, reconhecendo que iria perder naquela discussão.
-Okay. Eu volto primeiro.
Nico pegou a camisa dele que ele havia aberto mais cedo e o devolveu. Will a vestiu um pouco a contragosto.
-Talvez, a gente não tenha chance de novo essa noite. -disse Will. -Então...
Ele segurou o rosto de Nico entre as mãos e o beijou, um beijo de verdade agora. Sentindo com a língua os cantos da boca dele e contornando os lábios. Quando se afastou, sugando o lábio inferior, estava sorrindo.
-Até daqui a pouco.
-Até. -disse Nico, um pouco sem fôlego.
Will se levantou e saiu do carro, piscando para ele antes de fechar a porta do carro e ir embora.
Nico, agora sozinho, se permitiu afundar no banco e rir sozinho.
  Estava tão perdido.

***

Tradução do que Nico disse ao Will:
- Estou viciado em você

Summer Strange Love - Solangelo Onde histórias criam vida. Descubra agora