Bêbado na Varanda

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  Do momento em que chegou na festa, até o momento em que Will sentiu que havia sido jogado na piscina, havia apenas um borrão de lembranças.
  Sabia que tinha bebido. Muito. Sabia que Jake estava o amando naquela noite, e... se não estava enganado, lembrava de Charles gritando que tinha perdido um tênis. Lindsay mal conseguia ficar parada sem que alguém chegasse para pedir uma foto. Ele até havia sido abordado algumas vezes por algumas pessoas, seguidores dela, que pediram fotos por o conhecer dos stories. Era a parte boa da fama de Lindsay, ele ficava famoso por aproximação. Will curtiu a festa como se não houvesse amanhã, até que ele chegou perto da piscina... e aí tudo que lembrava eram de gritos e do mundo girando, até se tornar tudo água.
  O choque com a água gelada o fez ficar sóbrio o suficiente. Ele se ergueu na beira da piscina e saiu. De repente estava ciente do frio que fazia naquela noite. Will se sentou em uma cadeira de vime perto da piscina e esfregou o rosto, piscando para clarear a visão.
  Não se sentia tão bêbado quanto antes, e estava começando a suspeitar que não havia bebido tanto assim também, talvez tudo aquilo tivesse sido álcool com euforia. Ainda assim, sentia-se um pouco tonto.
  -Pegue.
  Um copo vermelho apareceu na sua frente. Will demorou um pouco para entender que o copo estava sendo entregue a ele.
  -Obrigado. -ele respondeu, olhando para cima e encontrando um par de olhos escuros o fitando. -Ah, é você.
  Nico franziu a testa.
  -Decepcionado?
  Will riu. Não, nunca se sentia decepcionado ao vê-lo, era mais como um choque de felicidade. A decepção era com ele mesmo por se sentir assim.
  -Claro que não.
  Will tomou o conteúdo no copo, para descobrir que era simplesmente água.
  -Esperava que eu o embebedasse mais? -Nico riu e sentou ao seu lado.
  Will instantaneamente sentiu seu braço direito tensionar.
  -Nunca concordo com essa brincadeira de jogar os outros na piscina. -Nico disse, olhando feio os meninos do outro lado, perto da churrasqueira. -Eles se acham os donos do mundo até que a polícia chegue.
  -Pelo menos estou mais acordado. -Will sentiu o mundo ficar torto e fechou os olhos. -Um pouco.
  -Vem.
  Will abriu um olho e viu Nico em pé.
  -Você vai congelar aqui. -ele disse, acenando para que ele o seguisse.
  Will repensou na sugestão e decidiu acatar. Qual mal faria? Ele levantou e seguiu Nico para dentro da mansão que ele mal havia percebido como era enorme.
  -Você tem amigos muito ricos. -Will comentou, enquanto subia as escadas atrás de Nico.
  -Você também.
  -Não assim!
  Nico riu e seguiu por um corredor até o último quarto, onde abriu a porta com uma chave. Will ficou tenso. Sua mente não havia questionado para onde estavam indo.
  Nico entrou no quarto e Will o seguiu contra todos os seus instintos que pediam para sair correndo.
  O quarto era outro cômodo enorme, aquela cama era do tamanho de duas camas de casal queen lado a lado. Na parede oposta a cama, havia uma televisão de, no mínimo, sessenta polegadas, e um lustre iluminava todas as paredes com estampa de conchas do mar.
  -Seus amigos são muito mais ricos que os meus. -Will comentou, mexendo no abajur em formato de concha.
  Nico estava abrindo um armário no canto e tirando uma toalha branca. Ele a jogou para Will casualmente.
  -Obrigado. -Will disse, a passando pelos ombros e esfregando o cabelo que pingava.
  -É a casa do meu primo, na verdade. -disse Nico, mexendo nas portas duplas que deviam levar para a varanda. -E esse quarto é meu, por isso que tem chave, caso esteja preocupado com isso.
  Com um puxão, Nico conseguiu abrir a porta.
  Will se perguntou se era tão transparente assim. Havia sido notável seu desconforto com a chave? Ou Nico estava supondo? Seu rosto não entregava nada.
  Ele saiu para a varanda e Will o seguiu. Era uma varanda larga o suficiente para que quatro pessoas se debruçassem sobre a balaustrada. E de lá era o camarote exclusivo para a área da festa.
  -Foi daqui que eu te vi sendo jogado na piscina. -Nico disse.
  -Mas você não devia estar lá embaixo? Sendo "o adulto"? -Will fez aspas com os dedos.
  -Mesmo se eu tivesse lá embaixo eu não poderia evitar caso alguém machuque alguém, mas daqui eu posso evitar um afogamento ou gritar com os casais saindo do controle em público.
  Will riu. Realmente a visão dali abarcava toda a área da piscina e um pouco da parte de dentro.
  Se Nico havia o visto dali e claramente aquela não era a primeira vez que ele supervisionava uma festa, então Will não devia ficar preocupado com estar no quarto dele. Não era? Ele... devia ter trazido outras pessoas para lá outras vezes.
  Will não sabia se gostava de pensar assim por vários motivos.
  -Você viu a Lindsay por aí? -Will tentou mudar de assunto.
  -Acho que ela estava beijando um menino perto do banheiro. -disse Nico, o olhando de soslaio. -Vocês estão juntos?
  Will riu.
  -Não. Lindsay e eu somos irmãos de coração.
  Nico assentiu, pensativo.
  -Se sente, não confio em bêbados em varandas. -Nico o empurrou para uma cadeira de plástico no canto da varanda e ficou de pé olhando lá para baixo. -Lindsay veio com uma história estranha para o meu lado. -continuou, conseguindo a atenção de Will. -Ela... me perguntou se eu estava comprometido. E depois disse que não estava perguntando por interesse próprio, que era por outra pessoa, e que eu tinha que descobrir sozinho.
  Will engoliu em seco.
  -Você tem alguma ideia? -Nico perguntou, olhando fixamente para Will.
  Will sentiu o sangue esquentando e o coração acelerando. Lindsay precisava mesmo fazer isso? Sua vida já não estava complicada?
  Então ele negou, em silêncio.
  -Que pena, esperava que tivesse. -disse Nico, mas sem parecer muito decepcionado, voltando a olhar lá para baixo.
  Will sentia que seu corpo todo estava elétrico. Não conseguia ficar parado. Até seus dedos formigavam. Sentia-se pressionado a fazer alguma coisa, a dar um passo, qualquer coisa. Aquela era uma das única oportunidades que conseguiria ficar sozinho com Nico, e sem o pedir. Se quisesse outra chance dessa teria que chamá-lo em um canto e dizer tudo que queria, sem conversinha mole antes. Quanto tempo ainda tinha antes de perder todas suas chances?
  O silêncio estava esmagador para ele.
  -Eh... -ele começou, chamando uma atenção mínima de Nico. -Talvez ainda haja um pouco de álcool no meu sangue, e esteja atacando meu cérebro. -ele suspirou, mais para si mesmo. -É o seguinte. Eu... estou fazendo uma experiência. -começou, e os olhos de Nico se voltaram para ele.
  Will se levantou, se sentindo desajeitado.
  -Eu sinceramente não acho que seja uma experiência muito inteligente. -ele disse, se apoiando na balaustrada ao lado de Nico.
  -E sobre o que é?
  -... Não acho que você vá se interessar.
   Nico riu. E ouvir sua risada tão de perto fez Will estremecer suavemente.
  -Você precisa me contar antes.
  -Okay. -ele suspirou. -Eu estou disposto a tentar coisas novas. Sabe? Lindsay está me ajudando com isso.
  Nico ergueu uma sobrancelha e piscou.
  -É você de quem ela estava falando?
  Will não esperava que ele fosse direto ao ponto rapidamente, mas já que estava ali para se denunciar, ele simplesmente concordou.
  -Faz sentido. -disse Nico.
  -Mesmo?
  -Mesmo.
  -Por que?
  -Porque você parecia que ia desmaiar antes de ontem. -ele disse, se referindo ao momento na praia. -Eu cheguei a pensar nisso, mas... supus que você fosse hétero.
  Will sentiu o rosto pegando fogo.
  -Então, é disso que se trata, na verdade.
  Nico assentiu, entendendo.
  -Você está em dúvida?
  -Pode-se dizer que sim.
  -E eu sou sua dúvida? -Nico perguntou, surpreso.
  -Não se de tanto crédito assim, posso ficar confuso sozinho.
  Nico riu e se apoiou com os cotovelos na varanda.
  -Eu não esperava que fosse você. Não tanto. Eu até nutria uma leve esperança.
  Will arregalou os olhos.
  -Era?
  -Por favor, você, seu pai e seu irmão, parecem pessoas muito distantes do real.
  -Acho que não entendo.
  Nico pensou um pouco.
  -Parece que você foi tirado de uma capa de revista de praia.
  -Obrigado. -Will disse, desconfiado.
  Nunca havia pensando em si mesmo dessa forma. Era interessante.
  -E então, qual sua experiência?
  Will franziu a testa.
  -Como?
  -Você disse que estava fazendo uma experiência.
  -Ah, isso! -Will coçou a nuca, constrangido. Ele voltou para sua cadeira de plástico, sentindo que aquilo já estava indo longe demais para se aguentar em pé. -Eu estava pensando, se... -ele encostou a cabeça na parede atrás dele e respirou fundo, olhando o teto. -Meu Deus, como isso é difícil.
  -Respire. -Nico disse, com um sorriso na voz. -Não tenha pressa.
  Will franziu a testa.
  -Você já sabe o que eu vou dizer?
  Ele ergueu a cabeça para ver Nico dando de ombros.
  -Não é o básico para ter certeza?
  Will percebeu que estava balançando as pernas e parou, tentando relaxar.
  -Talvez...
  Nico o olhou de cima a baixo, e Will voltou a se sentir em uma vitrine.
  -Sinceramente, eu não tenho problema nenhum em te beijar, a não ser que você tenha.
  Will sentiu a frase tão direta que ficou até sem palavras. Como ele podia dizer aquilo tão naturalmente? As pessoas normalmente se apaixonavam por ele e pediam um beijo para ter certeza?
  Ou ele é só bem resolvido, Will pensou.
  -Era isso que você ia pedir? -Nico perguntou, olhando-o diretamente.
  -Era. -Will suspirou.
  Nico balançou a cabeça.
  -Vem cá. -ele disse, tão gentil que pela primeira vez Will se sentiu na linha de fogo.
  Era aquele jeito que as pessoas chamavam as outras quando tinham segundas intenções. Will conhecia aquilo, ele já fizera muitas vezes, e já havia sido chamado mais algumas tantas outras, mas nunca se sentira tão nervoso. Ele levantou, e suas pernas pareciam chumbo quando andou até ele.
  -A não ser que você não queira se assumir em público, enquanto ainda não tem certeza, melhor não fazer isso na varanda... -disse Nico, olhando o pessoal lá embaixo antes de puxa-lo para dentro do quarto.
  Os dedos dele estavam segurando seu braço, e Will sentia arrepios partindo daquele ponto.
  -Olhe, só para avisar, eu estou claramente nervoso, a ponto de ter um troço. -ele avisou, sem conseguir conter as palavras enquanto Nico o fazia sentar na cama, oque talvez tenha sido pior. -É sério. Muito sério.
  -Você precisa se acalmar, é só um beijo, não um pedido de casamento. -Nico disse, afastando-se para o dar espaço de respirar. -Olhe, eu sei como é se sentir confuso quanto a isso, então, se você respirar fundo vai ficar tudo bem.
  Will respirou fundo, o mais fundo possível.
  -Não precisa estourar seus pulmões!
  E Will começou a rir, se sentindo ridículo. O que estava fazendo? Tentando desmaiar antes de beija-lo? E não teria nenhuma diferença, não era? Era como beijar qualquer outra pessoa.
  -Certo, parei de surtar. -ele disse respirando firme e se mantendo parado.
  -Jura?
  -Claro que não. Você não percebeu ainda que eu sou nervosamente instável?
  Nico riu. Fazê-lo rir era um bom começo.
  -Certo. Sem surtos. -disse Nico. -Me ouça, não tem motivo nenhum para você estar nervoso.
  -Claro que tem. Você sabe quantos surtos eu tive por sua causa em menos de dois dias?
  Nico arregalou os olhos.
  -É sério?
  -Não surtos exagerados, mas eu posso ter passado mal uma vez.
  Nico piscou atordoado.
  -Eu não sou motivo para surtos. -ele disse, claramente, quase irritado.
  -Para mim é. -Will insistiu.
  Nico se aproximou e apertou os olhos em direção a Will.
  -Não surte por minha causa, não vale a pena.
  -Ah, por favor. -Will arquejou. -Você é... já tentou se olhar no espelho?
  Foi a vez dos dois ficarem vermelhos.
  -Já chega. -disse Nico, segurando o rosto de Will e o beijando.
  Will se sentiu travado a princípio, mas relaxou em seguida. A boca de Nico na sua era certamente um dos seus desejos mais profundos. O rosto dele estava tão perto do seu que ele estava ciente até de quando os cílios dele tocaram suas bochechas. E quando o primeiro choque passou, Will conseguiu tomar a liberdade de envolvê-lo com os braços e puxa-lo um pouco mais para perto.
Era tão diferente, ele pensava. O formato do corpo era diferente. Quando o tocou nas costas, não sentiu curvas suaves e macias. Homens eram mais quadrados, a pele podia ser macia, mas o formato do corpo não era o mesmo. O cheiro dele era diferente, era forte e marcante.
  Os dedos de Nico estavam embrenhados nos seus cabelos, dedos sem nenhuma suavidade dos movimentos, quase mecânicos. E... Will estava gostando tanto daquela brutalidade. As mãos de Will subiam pelas suas costas enquanto ele se levantava e os acomodava melhor nessa posição. Então levou uma das mãos para os cabelos dele. As mechas pretas passeavam pelos seus dedos.
  Não havia nada muito diferente nesse beijo, comparado com todos os outros, mas... a pessoa é quem fazia a diferença. Quem era a pessoa. E Will se sentia totalmente entregue, encantado, envolvido.
  Quando encostou Nico na parede, soube que talvez estivesse indo longe demais e se afastou um pouco. Ambos arfavam, e por um instante ficaram ali, quase colados, apenas recuperando a respiração.
-E você tinha dúvidas. -disse Nico, com o sorriso marcado na voz, o que fez Will rir. -Não me pareceu em dúvida.
  -Eu não estava, não agora. -Will respirou fundo, deu a volta e se sentou na cama.
  -Então o que te fez parar?
  Will encarava as próprias mãos.
  -Achei que estivesse indo muito rápido.
  Nico sentou ao seu lado e suspirou.
  -Você é bem difícil não é?
  -Normalmente não. -Will passou uma mão nos cabelos, sentindo-os úmidos por causa da piscina. -No dia a dia eu chego a ser bem fácil. As vezes fácil demais.
  Eles ficaram calados por um instante, ouvindo o barulho da festa abafado, vindo de todos os lados.
  -Só uma pergunta, antes que eu vá checar se estão todos vivos. -disse Nico, olhando o relógio na parede. -Você vai querer esquecer isso que acabou de acontecer aqui, ou podemos continuar a vida normalmente?
  Will franziu a testa até formar um vinco forte.
  -Acha que eu pediria isso?
  -Eu não te conheço, lembra? -Nico se levantou. -Você quer esquecer? Estou te dando a chance de fazer isso e não me deixar com raiva.
  Will não precisava pensar muito,  ainda sentia a pressão da boca de Nico na sua, ele não queria esquecer daquilo. Havia sido o primeiro passo que ele dera para se sentir bem consigo mesmo.
  -Claro que não quero esquecer. -disse Will, se sentindo ofendido.
  Nico sorriu vendo a expressão aborrecida dele.
  -Perfeito. -Nico se aproximou e ergueu o rosto dele pelo queixo, deixando um beijo rápido antes de se afastar e sair do quarto.
  Will ficou lá, estático. Sentindo cada célula do seu corpo responder aquele toque. Seu corpo podia entrar em combustão a qualquer instante. Não sabia como, mas aquele beijo, tão rápido, havia surtido mais efeito que o primeiro. Fora tão de repente, tão apressado, tão inesperado, que Will não tivera tempo de pensar, só o sentiu. Sentiu cada centímetro quando seus lábios se separaram dos dele, quase como se eles pedissem mais um tempinho juntos.
  Will deitou de costas na cama enorme, sentindo o coração martelando no peito. E o pior... sentia-se tão feliz que não conseguia apagar o sorriso do rosto. Sua vontade era rolar na cama e gritar. Ele passou as duas mãos pelos cabelos e os segurou.
   Aquilo havia de fato acontecido?
  Claro que havia.
  E havia sido ele. Will pensou em si mesmo quando tinha doze anos. E como ele tinha se sentido tão mal pelos sentimentos que tinha, como havia chorado, e como se despedira de Nico mentalmente, como se nunca mais fosse vê-lo.
  E lá estava ele, parado, chocado, e ainda amando aquela sensação de finalmente ter feito algo que realmente queria.

***

Nico não precisa verificar se ninguém estava bem. Certamente ele passaria a noite dormindo se Will não tivesse aparecido na festa. Mas após beija-lo... Nico queria mais, e sabia que não conseguiria. Como o próprio Will dissera, era uma experiência.
  Mas quando ele o encostou na parede, com aquelas roupas molhadas e a pele tão quente, Nico sentiu que precisava sair dali. Para sua sorte, Will se afastara primeiro.
Então simplesmente saiu e se escondeu na curva do corredor, com o coração acelerado e esperando passar a queimação que sentia subindo pelo pescoço. Enquanto se recompunha, viu Jake e Katie trombando nas paredes se beijando. Nada fora do esperado.
-Nico!
Ele virou para a direita e viu Lindsay subindo a escada, ela veio correndo na sua direção.
-Oi! Você viu o Will?
Nico mordeu os lábios pensando se dizia a verdade. Lindsay claramente sabia sobre Will, mas... e se ele não quisesse contar agora?
Então ele negou com a cabeça.
-Não. Deve estar por aí com alguém. Acabei de ver Katie e Jake indo para um quarto.
Lindsay pegou o celular do bolso e suspirou.
-Ele não me responde.
-Deve ser alguém muito interessante, então.
Lindsay voltou o olhar para ele e o fitou.
-Você realmente não sabe onde ele está?
-Não.
Os olhos de dela lembravam os de Will, mas os dela eram de um verde claro combinado com castanho; os de Will eram de um azul claro e estável.
-Você sabe que era dele que eu estava falando hoje cedo. -disse ela, cruzando os braços. -Will tem uma queda enorme por você. Ele só não sabe explicar.
Nico sentiu um sorriso crescendo no rosto e a garota perdeu um pouco da postura durona que ela tentava manter.
-Eu sei disso. -disse Nico. -Estava bem na cara dele.
Ela suspirou.
-Se você encontrar ele antes de mim... vá com calma.
Nico pensou na forma que Will o empurrara na parede, não via porque ter calma com ele.
-Vou ser sútil.
-Obrigada. -ela olhou mais uma vez a tela do celular e bufou. -Menino idiota, eu sei que ele não gosta daquele celular, mas podia usar de vez em quando. -ela enfiou o celular na bolsa com raiva e se virou para Nico. -Will é uma pessoa maravilhosa, mesmo sendo um pouco desligado.
-Eu posso descobrir isso sozinho.
Ela ficou vermelha e assentiu, indo embora como alguém que ouve algo que não devia.
Nico riu consigo mesmo. Suas férias tinham melhorado cem porcento.
Ele voltou para o quarto depois de cinco minutos, mas tudo que encontrou lá foi um Will apagado, enrolado no lençol da cama. Normalmente Nico reclamaria disso, sua cama era sagrada, em qualquer lugar, mas... se pegou pensando que não importava. Era Will. O garoto que ele tinha conhecido há dois dias e que, adoravelmente, havia quase entrado em erupção para lhe pedir um beijo, que era incrivelmente gentil com Hazel, e que o olhava quando achava que Nico não percebia. Por todos esses motivos, Nico não se importou em deixá-lo dormir na sua cama.
Nico então fechou a porta e se acomodou no quarto ao lado. Talvez Will não se sentisse tão confortável acordando ao seu lado na mesma noite que ele o beijara. Mas Nico não se importaria nem um pouco.

***

Summer Strange Love - Solangelo Onde histórias criam vida. Descubra agora