"Contei a eles essa noite"

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  Perto das nove, Nico acordou.
Para sua alegria, acordava com a sensação de um corpo quente ao seu lado, e uma respiração suave nos seus cabelos.
Ele mal podia acreditar no que havia acontecido no dia anterior. Não havia sido só um delírio da sua mente? Claro que não, as marcas de Will deixavam bem claro na sua pele. Não era nada de mais, na opinião de Nico. Ele sinceramente gostara bastante daquele Will que havia aparecido pela tarde, mas percebia o quão preocupado ele ficara quando viu as marcas. E nem eram tão absurdas assim, só alguns círculos ovais feitos pelos seus dedos, mas que sumiriam logo. De qualquer jeito, Nico evitaria mencionar isso para ele.  Não queria que ele se sentisse mal. E nem que ele parasse, para ser sincero.
  A sensação de estar nas mãos dele, que Nico havia provado no dia anterior, ainda era uma das ideias mais excitantes que podia ter.
  Pela janela, raios de sol iluminavam o quarto todo, mas Nico ainda se negava a levantar. Estava quase caindo no sono de novo, quando sentiu Will se mexendo levemente.
  -Está acordado? -Nico sussurrou.
  Em resposta, ouviu uma risada baixinha.
  -Estou.
-Faz muito tempo?
-Não.
  Nico se virou e o abraçou de frente, afundando o rosto no pescoço dele.
  -Eu não quero levantar agora. -resmungou.
  -Que horas são?
  Nico deu de ombros.
  -Umas nove.
  -Nove?
  -Eu quis dizer cinco.
  Will riu.
  -Nove ou cinco?
  Nico deu um suspiro longo, desistindo. Não adiantava mentir para ele agora.
  -Nove. Mas você não pode fingir que ainda é cinco?
  -Eu posso, mas...
  Antes que ele terminasse de falar, um dos celulares começou a vibrar no chão.
  Nico sentiu duas frustrações ao mesmo tempo, naquela posição, ele conseguia sentir e ouvir a voz de Will vibrando dentro dele e gostaria de ouvir por mais um tempo; e claro, não queria se levantar tão rápido, mas o celular agora o forçaria a fazer isso.
  -Você também podia fingir que não tem nenhum celular tocando. -Nico sussurrou o fazendo rir.
  Ele se virou lentamente e pescou o celular no chão sem olhar, quando trouxe de volta, era o celular de Will.
  -Você bem que podia me deixar atender. -Nico disse, rindo enquanto o passava o aparelho.
  -Você atende da próxima vez. É o meu pai.
  Will apertou o botão de atender e Nico voltou a ocupar o seu lugarzinho no pescoço dele.
  -Bom dia. -ele respondeu. -Eu... Eu não estou em casa. Hum. Ah... eu não estava sabendo disso. Acha que é uma boa hora? -ele suspirou. -Faça como você quiser. Claro que eu vou ser simpático, quem você acha que eu sou? Ok, ok. Até mais tarde.
  Ele desligou o celular e soltou um suspiro longo.
  -Acredita que meu pai está namorando?
  -E ele vai trazer a namorada para você conhecer e é para você ser simpático?
  -Sim.
  -Suspeitei.
  -Meu pai tem o timing perfeito para o desastre, você não acha? Eu fui até atropelado depois de bater nele.
  Nico não conseguiu evitar e riu.
  -É o que parece. -Nico suspirou e se apoiou no cotovelo. -Pelo visto, não dá mais para fingir que é  cinco horas.

***

  Para a sorte de Will, quando ele saiu da casa de Nico, apenas eles dois haviam acordado, então seu eminente encontro com o pai dele foi adiado. Para manter a promessa, Will pediu que Nico avisasse a Hazel que no outro dia iria montar o quebra cabeça com ela.
  Saiu de lá com as roupas que tinha ido, foi até o seu apartamento e, antes de entrar, respirou três vezes para se preparar para a enxurrada de perguntas que viria. Na terceira respiração ele abriu a porta e entrou.
  Na sala, Lindsay estava assistindo televisão, mas assim que o viu, foi ao encontro dele pulando que nem um coelho e o agarrou pelo pescoço.
  -Me conte tudo. -ela disse, com a voz tremida pelos pulinhos. -Tudo! Não quero uma linha fora.
  -Não vou te contar tudo.
  Ela soltou uma exclamação de desgosto.
  -Will... por favor.
  -Não. Vou te contar o que você precisa saber.
  -Ou seja... tudo.
  -Do que você precisa saber? -perguntou uma voz.
  Will e Lindsay olharam para a entrada do corredor e encontraram Jake, com as mãos na cintura e olhando-os acusadoramente.
  -William, eu não admito ser feito de corno pelo meu melhor amigo. Por que eu sou o último a saber de tudo?
  -Claro que não. Nenhum dos outros sabem. -Will respondeu.
  Lindsay o abraçou apertado e olhou para Jake com a intenção de fazê-lo ciúmes.
  -Você já devia ter se acostumado, Jake. -ela disse. -Will sempre vai me contar tudo primeiro. -ela virou o rosto, piscando os olhos vigorosamente. -E ele vai me contar tudo, não vai?
  -Calma, eu vou contar quase tudo pra todo mundo, mas não agora, minha mãe deve estar em casa.
Jake soltou um suspiro.
-Então quando você vai nos contar?
-Hoje a noite.
-Vou entrar em combustão até lá.
Will riu, mas não tinha nada o que fazer.
-Hoje a noite. -repetiu, passando por ele em direção ao quarto.
-Por que você está com cheiro de lavanda?
-Porque sim, Jake.

Summer Strange Love - Solangelo Onde histórias criam vida. Descubra agora