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  Faziam quatro dias que Will assistia durante as tardes toda a atenção de Nico ser sugada pela incrível habilidade de Thomas de conversação. Os programas da noite também sempre incluíam Thomas, que estava hospedado em um hotel próximo ao clube. E no intervalo entre a ida e a volta dele, mal dava tempo de Will planejar e por em prática algum jeito de encontrar Nico a sós.
Estavam se falando apenas antes de dormir, o que aumentava a suspeita dos seus amigos de que ele estava com alguém, mas para desapontamento deles, fazia um tempo que Will não dava desculpas esfarrapadas e sumia por algumas horas.
Era o quarto dia da sua tortura diária. Estavam todos na praia e Will havia se excluído da equação indo jogar vôlei com Jake. O vento estava forte, quase soprando a bola para longe vez ou outra. Will e Jake jogavam perto da água e longe do grupo, mas ainda conseguiam ouvir o ruído das conversas.
Will já havia perdido duas jogadas por não estar prestando atenção, em uma das vezes a bola batera no seu rosto.
-Você ainda está presente aqui ou estou jogando com um morto muito louco? -perguntou Jake, rindo enquanto Will tirava a areia do rosto. -Você está bem?
Will assentiu, puxando os cabelos para trás e sentindo a cabeça quente pelo sol.
-Estou, só... desatento.
-Sei. -Jake foi até ele e bateu na bola, que caiu, bateu no seu pé e quicou de volta para suas mãos. -O que está tirando toda a sua "atenção"?
Will olhou para Jake, e por um momento sentiu o impulso de o contar a verdade. Estavam longe dos outros, Jake provavelmente não estaria esperando aquilo então não faria alarde. Provavelmente ficaria chocado. Mas um Jake chocado chamava mais atenção do que um Jake alarmante.
-Minha cabeça está cheia de coisas. -respondeu, enfim. -Nada que importe agora.
-Claro que importa, está atrapalhando meu jogo.
Will riu e pegou a bola das mãos dele.
-Volte para o seu lugar.
Jake tentou insistir, mas vendo que Will não ia dar o braço a torcer, voltou. Will girou a bola nas mãos e sacou para ele.
  -Para onde vocês estão indo? -alguém disse ao longe.
  Will desviou o olhar um instante para ver Nico e Thomas se levantando e saindo de sob o guarda-sol. Antes que Will pudesse reagir, a bola voltou a acerta-lo no rosto, dessa vez com mais força. Ele se desequilibrou e caiu sentado.
  -William, William. -Jake suspirou. -Qual o seu problema?
  Will esfregou a bochecha ardida. Quando voltou a olhar para onde seus amigos estavam, Nico e Thomas já tinham sumido.
  -Você pode fazer o favor de me responder? -Jake se abaixou diante dele.
  Will voltou sua atenção para o amigo, tentando parecer um pouco menos perturbado.
  -Quer conversar? -Jake perguntou.
  -Não, está tudo bem.
  -Algum problema no paraíso secreto?
  Will riu.
  -Alguma coisa assim.
  -Hum.
  Jake sentou ao lado dele e puxou a bola que estava vagando na praia, empurrada pelo vento.
  -Não pode nem me contar o que é?
  Will desviou para o mar e novamente cogitou o contar tudo.
  -Você já ficou com ciúme de alguém? -Will perguntou, tentando não olhar para Jake.
  -Já... você não?
  -Não, até agora.
  Jake ergueu as sobrancelhas, surpreso.
  -E o que está acontecendo para você ter ciúme?
  Will pegou um punhado de areia e começou a fazer formas com ela.
  -Apareceu outra pessoa... uma pessoa mais interessante.
  -Não diga isso, você é interessante. -Jake deu dois tapinhas nas costas dele. -Além do mais, talvez se você apresentasse ela aos seus amigos as coisas poderiam ficar mais sólidas.
   Will riu. Jake era tão inocente sobre isso. Era uma das poucas coisas que se podia dizer em que ele era inocente. 
  -Ainda não, Jake. Mas logo. E eu não disse que eu não era interessante.
  -Não sei porque você quer manter tanto mistério.
  -Enfim, -Will limpou a garganta. -Eu posso ser interessante, mas eu não falo sobre Hamilton com el... -Will se interrompeu. -Aquilo é uma tartaruga?
  -Tartaruga? -Jake apertou os olhos para o mar. -Não... Espera. Hamilton?
  -Sim, a peça.
  -Ah. -Jake riu. -Não sou culto assim.
  -Nem eu. -Will suspirou, mas riu no meio do caminho.
-Pesquisa no Google. -aconselhou Jake, dando de ombros. -Ela nunca vai saber. Até hoje Kate acha que eu sei recitar Shakespeare. -ele riu.
-Então você só decorou? E se ela pedir que você recite?
-Por que ela faria isso?
Will deu de ombros.
-Um teste para saber se você realmente sabia.
-Ela já deve ter esquecido disso. -Jake estreitou os olhos para Will. -Nem pense em lembrá-la.
-Não vou.
Jake suspirou aliviado.
-Kate... ela nunca vai gostar de mim de verdade. -Jake admitiu, e isso foi surpreendente para Will, era raro que Jake se abrisse sobre Kate, o que de alguma forma confirmava a Will que os sentimentos dele por ela eram reais. -Você deve perceber mais que eu. Comparando com ela eu sou um idiota. E ela é... perfeita.
-Uau. Perfeita. -ecoou Will. -É um adjetivo forte.
-Ela é, Will! -Jake esfregou as mãos no rosto e soltou um suspiro sofrido. -Eu tentei deixar para lá porque ela também não me dá abertura, mas toda vez que eu penso em seguir em frente... aí ela cuida de mim no dia depois da festa, ou me pergunta se eu quero metade dos waffles que ela está fazendo.
-Todos cuidamos de você.
-Não. Você gritou nos meus ouvidos na última festa.
-Para testar seus reflexos!
Jake revirou os olhos, mas riu.
-Enfim, Kate cuidou de mim, de verdade.
-E isso amoleceu seu coração?
-Ah, eu derreti por completo.
Will riu. Era assim que se sentiu quando Nico o dissera na noite da varanda que ele tivera esperanças que Will fosse a pessoa que estava interessada nele.
-Somos dois derretidos então? -Will sugeriu.
-Devíamos fazer um clube. O Clube dos Amantes Com Corações de Amoeba. O que acha?
-Clube CACCA?
Os dois começaram a rir alto, se era pelo repentino momento emotivo que havia os afetado ou puramente a amizade que não os deixava ser sérios, não tinha como dizer.
Eles riram até perder o fôlego e então limparam as lágrimas de riso dando pequenos acessos de risadinhas.
-Você é muito idiota. -dizia Will, tirando as lágrimas com as costas da mão.
-Você que está rindo de mim.
-Do que vocês estão se divertindo sem mim?
Will ergueu a cabeça. Era Thomas. Will sentiu o sorriso vacilar por um instante antes de lembrar a si mesmo que, se quisesse Nico, não deveria dar showzinho de imaturidade. Thomas era Thomas. E Thomas não sabia sobre eles dois.
-Quer participar do nosso Clube de Amantes? -Jake perguntou, deitado na areia e olhando-o de baixo para cima. -Se você puder se sentar eu agradeceria, não estou gostando da visão daqui de baixo.
Thomas riu e sentou ao lado deles, olhando o mar.
-Vocês dois são os amantes?
Jake assentiu.
-E por quem vocês estão apaixonados? -Thomas perguntou.
-Eu, pela Kate, todos sabemos disso. -disse Jake, sem vergonha nenhuma. -E o Will... bem, ele mantém segredo sobre alguém. -ele revirou os olhos e voltou para Thomas. -Ele está chato esses dias.
-Mesmo, Will? -Thomas perguntou, animado. -Nunca te vi apaixonado por ninguém.
Will balançou a cabeça lentamente.
-É, eu... sou novo nisso.
-E você? -Jake deu um chutinho na perna de Thomas. -Você e o Nico andam muito juntos, hum?
Will sentiu o sangue gelando da cabeça aos pés. Seus sentimentos estavam tão misturados que ele temia gerar uma reação química que o explodiria. O coração deu uma batida errada e ele sentiu a ansiedade alastrar pelo seu peito como raizes. Até seus dedos davam choques. Imaginava que da última vez que se sentira assim havia sido admitindo seus sentimentos para Nico.
-Nós conversamos bastante. -Thomas respondeu. -E ele é muito agradável, Silena tinha me avisado que ele podia ser difícil no começo, mas tudo flui tão naturalmente.
Will respirou fundo silenciosamente.
-E você está no nosso Clube por causa dele? -Jake pressionou.
-Hum... -Thomas pensou. -Talvez eu até pudesse estar se ele me desse chance. Temos muitos assuntos em comum, seria fácil. E ele é lindo.
Will afundou os dedos na areia e tentou disfarçar seu desconforto olhando para o mar.
-Então é ele que não gosta de você? -perguntou Jake.
-Eu... -Thomas passou as mãos nos cabelos castanhos avermelhados que brilhavam sob o Sol. Seu rosto ficou um pouco vermelho e ele riu. -Eu tentei dar um passo nas coisas ontem, mas acho que levei um fora.
Will sentiu que podia cair deitado imediatamente. Ele voltou a atenção para Thomas.
-Tentei beijar ele, mas ele desconversou. Não sei se ele realmente não percebeu, ou... sei lá. -Thomas riu e deu de ombros. -Ele pode ter alguém.
-Não. -disse Jake. -Ele passa a tarde com a gente, sempre. Nunca vi ele com ninguém. Nem ele saindo pra ir encontrar alguém.
Novamente, mais uma carga de sentimentos haviam sido entregues a Will ao mesmo tempo. Ele sentia uma vontade absurda de jogar na cara de Thomas que ele era o motivo de Nico não querê-lo; sentia insegurança por começar a achar que talvez Nico realmente não tivesse notado, e que, se não fosse por Thomas, ele nunca saberia daquilo; e achava engraçado que Jake nunca perceberia que Nico só ficava porque a pessoa com quem ele ficava estava na mesa com eles.
-Então sem chances? -perguntou Jake, solidário com a situação de Thomas. -Talvez ele não tenha percebido mesmo, cara. Tente outra vez.
Will queria estrangular Jake.
-Talvez eu tente. -disse Thomas.
Lista de notas, pensou Will, jogar a escova de dentes de Jake na privada.
-Meninos! -uma voz chamou contra o vento.
Os três se viraram e viram Silena acenando com os dois braços.
-Vamos, o Sol está quente demais!
Os três se levantaram e, enquanto Thomas engatava uma conversa sobre basquete com Jake, Will tentou colocar as coisas no lugar e se convencer que não tinha motivo para ter ciúme. Nem para começar a desgostar de Thomas. Mas era tão difícil.
Quando se aproximaram do grupo, Will logo notou uma figura faltando.
Thomas também.
-Ah, o Nico foi para casa ajudar o pai com alguma coisa urgente sobre... sei lá, mortos provavelmente. -disse Silena com uma estremecida.
Assim que ela disse isso, Will sentiu o celular tremer no bolso. Ele o pegou e fez sombra com a mão para conseguir ver a mensagem.
Seu coração acelerou assim que a viu, e ele fez muito esforço para não sorrir.
  Nico: Me encontra aqui em casa?
  Ele respondeu.
Will: Claro.
-Hum... já sei. -disse Jake.
Will ergueu a cabeça e viu o amigo olhando-o com suspeita e um sorriso malicioso.
-Você vai sumir por algumas horas?
Todo o grupo se virou para ele, inclusive Piper e Jason que pareciam um pouco tensos.
Will abriu a boca e a fechou algumas vezes.
-É possível. -respondeu, enfim.
-Aí, aí, Will. -Jake suspirou. -Espero que um dia você deixe de bobagem.
Will ignorou o comentário, ajudando a juntar as coisas e a carregá-las de volta ao prédio. Quando estavam todos no elevador, Will deixou sua parte com os amigos e saiu.
-Vejo vocês mais tarde.
Jake tentou dizer alguma coisa, mas Kate o puxou e ele ficou calado.
Assim que as portas do elevador fecharam, Will saiu correndo para o prédio de Nico, antes que qualquer um deles o visse.
Pegou o elevador e subiu até o andar dele.
Número 27.
Will bateu à porta. Ela abriu quase imediatamente, revelando Nico com os cabelos molhados e cheirando a sabonete.
-Você finalmente lembrou de mim, então? -Will provocou.
Nico revirou os olhos e o puxou para dentro.
-Se eu conseguisse esquecer um momento, talvez fosse até saudável. -Nico o puxou pelo corredor até o quarto dele. -Sua prisão particular, senhor. -Nico gesticulou que ele entrasse.
-Hazel não está em casa?
-Não. Despachei todos. -Nico sorriu.
Will entrou no quarto e sentou na cama debaixo da beliche, assim como havia feito da outra vez. Nico entrou, fechou a porta e foi até Will. Ele estava usando uma camisa preta de banda, calças de moletom também pretas, e estava descalço.
  -E como vai o seu namorinho? -Will perguntou.
  Nico parou no meio do quarto e estreitou os olhos para ele.
  -Você tem certeza que quer dizer isso? -Nico respondeu calmamente.
  Will suspirou derrotado. Sabia que estava errado em lidar com as coisas assim.
  -Não. Desculpa. Eu só... -ele desistiu de justificar.
  Nico balançou a cabeça, deixando passar.
-Vi como você estava olhando o Thomas hoje, achei melhor intervir antes que você pulasse no pescoço dele.
Will riu, mas seu cérebro fez questão de lembrá-lo de Thomas dizendo que tentara o beijar.
-Ele acha que você não gosta dele.
-E era para eu gostar? -Nico apoiou as mãos nos ombros de Will e sentou no colo dele. -Achei que eu fosse só uma companhia para ele.
Will encarou-o de perto, seus olhos não escondiam nem um pouco que ele estava esperando Will falar o que realmente queria dizer.
-Ele tentou te beijar?
-Talvez.
-Talvez?
-Sim, talvez.
Will suspirou.
-Ele me contou que tentou.
-E você, o que disse?
-Nada, Jake que estava encarregado da conversa.
-Hum. E isso te incomodou?
-Claro.
Nico segurou o rosto dele entre as mãos.
-Eu não deixei que ele me beijasse. Eu me sentiria mal, como se tivesse traindo você.
Will sentiu o coração dançar e um suspiro de alívio encheu seu peito.
-Mas você não estaria me traindo. -Will disse baixo, quase se forçando a dizer isso. -Você... -ele ergueu o olhar para Nico. -Você se da bem com ele.
Nico sorriu.
-Por que está me dizendo essas coisas? Eu sei que não é assim que se sente.
Will deu de ombros.
-Você se da bem com ele. Tem muitos assuntos em comum. -Will revirou os olhos. -Vocês dois são livres.
Nico olhou-o com algo entre raiva e carinho, se é que era possível.
-Então não tem problema eu sair por ai beijando um monte de gente por afinidade?
-Se você quiser...
-Não, Will. Eu não gostaria que você fizesse isso enquanto estivesse comigo. -Nico disse, chegando mais perto. -Então eu não faria isso com você também.
-Só achei que talvez você estivesse interessado nele.
-Temos assuntos em comum, é verdade, mas tudo que ele sabe eu sei. -Nico enfiou os dedos nos cabelos de Will e fez carinho na nuca dele. -Não ter nada em comum com você é oque deixa tudo mais interessante.
Will já se sentia sonolento com os carinhos.
-Gosta de mim porque sou diferente de você?
-Sim.
Nico se inclinou e beijou o queixo dele, depois os lábios e a ponta do nariz.
   -É, acho que me sinto melhor. -Will murmurou, fechando os olhos.
  -Ótimo, lembre-se disso toda vez que quiser ficar de cara feia para ele. Logo os outros vão notar.
  Will riu.
  -Que Nada. Jake ainda te chama de "ela" o tempo todo. E eu desconversei várias vezes hoje enquanto ele me perguntava.
  Will levou as mãos a cintura de Nico e prendeu algumas dobras da camisa entre os dedos. Através do tecido a pele de Nico estava quente por ter acabado de tomar banho.
-As vezes eu imagino como vai ser a cara deles quando eu contar. -Will riu e o puxou para si até que, para olhá-lo, Will tivesse que erguer a cabeça. -O que eles vão pensar quando souberem que é você?
-Vão se perguntar como não notaram antes.
-Acho que vão ficar um pouco chocados.
-É possível. -Nico passou os braços ao redor dos ombros dele e escondeu o rosto na curva do seu pescoço. -Você pode ficar aqui até quando?
Will sentiu a pergunta pesar no seu coração. Teoricamente, Will não tinha hora para sair dali, mas sabia que não podia ficar muito tempo sem que os outros saíssem o procurando.
Era uma tensão desnecessária, Will conseguia admitir. Fazer isso com Nico também não era certo. Tinha certeza que Nico preferiria muito mais que o que quer que tivessem fosse mais livre. Não tendo que se esconder nos cantos ou contar os minutos.
-Fico o quanto você quiser. -Will respondeu.
Nico se afastou e franziu a testa.
-Não vão achar estranho?
Will suspirou e deu de ombros.
-Não me importo.
-Bem, acho que se importa sim.
Will sorriu.
-Eu cansei. Deixa eles me procurarem. Uma hora eu apareço em casa.
-Se você me der esse poder de só te deixar ir embora quando eu quiser você provavelmente vai passar a noite aqui.
Will riu e com cuidado, os deitou na cama, fazendo Nico cair ao seu lado, rosto a rosto.
-Se você quiser, posso passar a noite.
-Não, não pode. -Nico riu. -Claro, a não ser que você tenha um plano muito bem montado.
-Sem planos. Sem desculpas. Eles sabem que eu estou com alguém, não tem problema. Mando mensagem depois.
Nico arregalou os olhos.
-Vai mesmo passar a noite aqui?
-Se você quiser. -Will sussurrou.
-Você sabe que não pode ser visto pela Hazel. E eu estava brincando sobre aqui ser sua prisão particular, mas... pelo visto é o que se tornou.
  Will ergueu a mão e passou os dedos entre os cabelos ainda úmidos de Nico.
  -Se você quiser que eu vá embora também não tem problema nenhum. 
  -Eu não quero que vá embora. -Nico se adiantou.
  Will sorriu, satisfeito.
  -Então eu fico. Vou pedir a Lindsay que avise aos outros. Se eu avisar eles vão me irritar a noite toda. E, hoje, minha noite toda é sua.
  Nico abriu um sorriso que Will achava que nunca iria esquecer. Existiam pequenos momentos, expressões, falas, que Will acreditava que todos guardavam para sempre. Que vez ou outra voltava na mente para perturbar ou deixar uma marca de saudade. Will não sabia qual seria o efeito desse sorriso no futuro, mas ele o guardaria.
  Will puxou o rosto dele para perto e roçou seus lábios.
  -É assim que você quer começar a noite? -Nico sussurrou.
  Will assentiu lentamente.
  -Não vejo jeito melhor.

***

Um, dois, três...
Três mensagens de patrocinadores. Dois deles, infelizmente, eram fajutos, Lindsay já sabia reconhecer. Algumas pessoas já haviam avisado-a sobre alguns desses golpes.
Com um suspiro, ela fechou a aba de e-mails. Precisava fazer algum vídeo sobre qualquer coisa para a volta das férias. Os seguidores cobrariam ver isso. Precisava agendar um passeio com os amigos urgente, todos sempre adoravam quando eles estavam juntos.
Lindsay abriu uma página de viagens e começou a checar alguns dos programas oferecidos na área. Enquanto rolava a página abaixo, seu celular, ao lado do laptop, vibrou algumas vezes.
Curiosa, pois suas notificações só estavam ligadas para algumas pessoas, ela o pegou.
Eram mensagens de Will.

Will: Lind, vou dormir no apartamento do Nico.

O choque a fez ler três vezes antes de passar pra a próxima mensagem.

Will: Não precisa mentir que estou com o Lee, amanhã eu conto a eles.

Mais um choque. Lindsay cobriu a boca com a mão e riu.

Will: Já está na hora, não é?

Lindsay se adiantou a responder.

Lindsay: Claro! Assim, só se você se sentir confortável, mas sim!

Will: Também não suporto mais o Thomas.

Lindsay riu. Olhando para trás, ela viu Thomas cochilando no sofá. Ele era muito bonito, até dormindo mantinha uma pose tranquila. Lindsay entendia a preocupação de Will. Thomas não precisava esconder de ninguém, era bonito, atraente, tinha assunto com todos... era uma ameaça bem iminente.

Lindsay: Ele está aqui ainda. Creio que alguém vá ter que avisar a ele algumas coisas...

Will: Você.

Lindsay: Eu?! Você que está namorando o crush dele, conte você.

Will: Okay, okay. Chata.

Lindsay: Tenha uma noite maravilhosa, baconzinho.

Will: Já chega disso.

Lindsay mandou um emoji dormindo e deixou o celular de lado. Com um suspiro ela se sentiu tomada por uma onda de felicidade alheia. Alguns anos atrás não conseguiria acreditar que Will finalmente estaria começando a dar passos firmes na vida. Sempre temia que ele ficaria "trancado no armário" para sempre. Estava feliz por estar errada.

***

  -Meus queridos, -disse Lindsay, entrando no quarto e fechando a porta. -O Will não irá dormir em casa hoje.
Os quatro, que estavam perdidos em seus próprios assuntos, pararam e se voltaram para Lindsay. Jake, o mais incomodado por ser deixado de fora do segredo, era o mais chocado.
-Ele vai dormir fora? Com quem?
Lindsay riu e passou entre eles até sua cama.
-Amanhã vocês saberão.
-Você sabe quem é? -Kate perguntou, depois fez sinal que esquecesse. -Claro que sabe. Não tem nada que o Will não te conte.
Lindsay assentiu, orgulhosamente.
-Sei de tudo. E digo mais, vocês devem ser os melhores amigos do mundo para ele amanhã, ouviram?
Jake franziu a testa.
-E por que seríamos diferentes?
Lindsay deu de ombros.
-É só um aviso.
-Não se preocupe, Lind. -disse Charles, deitado no colchão com um braço sobre os olhos. -Daremos o nosso melhor amanhã. Certo?
-Certo. -os outros três responderam.
-Perfeito. -Lindsay suspirou. -Aliás, Thomas voltou para o apartamento dele, disse que o sal cansou os olhos dele.
-Ah, por sinal, -disse Jake. -Thomas está interessado no Nico.
Lindsay segurou a risada, mas não interferiu para não dar na cara.
Logo logo eles saberiam.

Summer Strange Love - Solangelo Onde histórias criam vida. Descubra agora