Capítulo 23 Entre prateleiras e desejos

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Rafaela saiu do carro e olhou para o grande supermecado que tinha a sua frente, enquando David saiu do carro, o que demorou meia hora, como ela tinha previsto, foi buscar um carrinho e dentro colocou as sacas enormes, que tinha trazido para guardar as compras quando acabassem.

-Porque traz sacas para ir as compras? -perguntou ele, indo até a sua direção.

-Porque vamos trazer muita coisa - explicou ela -Vamos precisar de sacas para trazer tudo para o carro, principalmente, porque tu não és grande ajuda.

-Muita coisa? - perguntou ele - Vais trazer a loja todo?

-Não - disse ela, rindo com as suas perguntas - Vamos fazer as compras da próxima semana, para não termos de vir mais cá esta semana.

-Não percebo, porque preferes ter o trabalho de vir as compras do que mandar vir pela internet.

-Porque faz bem vir as compras de vez enquando, espairar a cabeça.

-Podes fazer isso em casa.

Rafaela revirou os olhos e os dois entraram pelas enormes porta do supermercado.

-Vamos ver as promoções - disse ela, animada correndo para a secção pintada de vermelho e rodeada de livros.

Os olhos de Rafaela abriram de felicidade, quando viram enormes prateleiras de livros, todas marcadas com uma percentagem de promoção.

-Estou a ver que trazer-te a secção dos livros é o mesmo que levar uma criança a ver o pai natal - disse ele, rindo da felicidade dela.

-Quando os livros estão em promoção, eu sinto-me uma criança na noite de natal a abrir prendas, porque tal como uma criação, quero que todas sejam para mim, mas não ser pode, porque ainda não é meia noite ou, neste caso, porque ficava pobre se comprasses todos os livros que queria.

-Gosto do facto de ficares mais contente ao vir comprar livros, do que ao ir comprar roupa.

-Porquê? - perguntou ela, aproximando da sua secção favortia, a dos romances.

-Não sei, simplemente acho-te piada, a forma como os teus ohos abrem de alegria, quando veem um livro.

-Principalmente, quando chegamos a minha secção favorita - disse ela, apontando para as enormes letras que dizem livros românticos.

-Para alguem que não acreditava no amor, gostas muito de livros sobre romances históricos e proibidos.

-Gostos não se discutem! - disse ela, mordendo o lábio e percorrendo as prateleiras com o olhar - Já saiu o novo livro da E.L. James - disse ela, ainda mais animada - E esta em promoção.

-É suposto saber quem é essa? - disse ele, pegando com ela.

-Só a escritora do melhor livro de sempre - disse ela, orgulhosa.

-As cinquenta sobras de Grey? - disse ele, rindo - O melhor livro de sempre?

-Aldabrão - disse ela, revirando os olhos e rindo - Só me querias fazer adimitir que gosto desse tipo de livros. Vamos continuar as compras, antes que te mata em frente destas pessoas todas.

-Querida, é um bocado óbvio que tem uma preferência por livros um pouco convencionais, afinal de contas tem uma coleção de romances eróticos em casa - disse ele, rindo e indo atrás dela em direçao da secção da fruta - Na verdade, há uma coisa que não percebo.

-O quê? - disse ela, revirando os olhos e pegando em alguma fruta mais madura, para pôr no carrinho.

-Como é que alguém como tu, gostas desse tipo de livros? - perguntou ele, rindo.

-Como eu? - perguntou ela, ofendida - Quer dizer tímida?

-Querida, se há uma coisa que não és é tímida, principalmente quando estas comigo - disse ele, sorrindo - O que eu queria dizer, era que como é possível que alguém que não acredita no amor, adore ler livros cheios de romance do início ao fim?

-Não sei bem - tentou explicar ela - Foi um gosto que adquiri quando era adolescente, talvez sentisse falta de alguém que me apoiasse e me amasse, porque não tinha esse amor dos meus pais. E talvez, eles servissem para tapar um pequeno vazio que sentia quando era mais nova, mas a verdade é que quando leio esses livros, sinto como se estivesse a vive-los. E como se estivesse a viver uma vida que não era a minha, por isso ler era o perfeito escape da vida triste que tinha.

-Devias escrever um livro sabias? - disse ele, olhando para a mulher valente que lhe pertencia - Acho que tens jeito para isso.

-Não sei se tenho - disse ela, dando com ombros - Pelo menos, não ao ponto de escrever um livro.

-Devias pelo menos tentar - disse ele, sorrindo.

-Talvez um dia - disse ela, revirando os olhos - Mais alguma pergunta?

-Por acaso, até tenho - disse ele, com um sorriso maroto.

-Pela cara que acabaste de fizer, acho que me vou arrepender, mas pergunta lá - disse ela, sorrindo e mordendo o lábio.

-Porque é que gostas desse tipo de livros? - perguntou ele, levantando as sombrancelhas - Tipo 50 sombras de Grey?

-Como assim, porque é que gosto desse tipo de livros? - perguntou ela, sem perceber onde ele queria chegar com aquele olhar de safado.

-Sim, eu percebo porque gostas de romances, mas porquê romances picantes?

Rafaela quase morreu esganada quando aquela pergunta saiu da boca de David, olhou em volta e só aí teve noção, que estavam no meio do supermecado a falarem de romances picantes, corrou e sorriu.

-Sei lá - disse ela, revirando os olhos - Gostos não se discutem!

-Vá lá, Rafaela - disse ele, tentando fazê-la corar um pouco mais - Tem de haver uma razão.

-Tipo qual? - perguntou ela, voltando a revirar os olhos.

-Sabes que qualquer dia vais ficar sem olhos de tantos os revirares? - disse ele, olhando para ela - Quer saber o que acho? Que gostas desses tipos de livros, porque gostavas que fossem reais.

-Que fossem reais? Como assim?

-Acho que talves seja uma fantasia escondida tua - disse ele, levantando as sombrancelhas - Que gostavas de experimentar.

Rafaela desatou a rir e pôs a mão na cara de tanta vergonha que sentiam, de que estavam a falar ali, no meio do supermecado.

-Diz-me a verdade! - tentou mais uma vez David - Gostavas de experimentar algumas coisas?

-Sei lá eu...

-Estou a falar a sério, Rafaela - disse ele, com uma cara o mais sério possível naquela situação - Não tens curiosidade de experimentar algumas coisas diferentes?

-Eu diria que nós já experimentamos muitas coisas diferentes - disse ela, virando o carrinho para o próximo corredor.

-Eu sei, mas estou a falar tipo ser acorrentada ou vendada - tentou David, mais uma vez - Explorar coisas desse gênero.

-Talvez! - disse ela, por fim - Algumas coisas talvez, mas acorrentada como a Anastacia não, talvez aquela vez com a gravata. Feliz?

-Muito - disse ele, mostrando um enorme sorriso - Ainda bem que tenho muitas gravatas.

-Devo ficar assustada, de como eu admitir que até não me importa de ser acorrentada, te deixa assim tão feliz?

-Rafaela, não estou feliz por queres ser acorrentada, mas porque te estas finalmente a abrir comigo, sem vergonha nem murros.

Rafaela voltou a revirar os olhos e continou em direção das seguintes prateleiras, aquela era sem dúvida a viagem ao supermercado mais interessante que ela já tinha feito.

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