"Odeio e amo. Porque o faço, talvez perguntes. Não sei. Mas sinto que é assim, e sofro com isso"
- Caio Catulo -
. . .
Eu estava leve. Leve como não estive em todos esses anos. Finalmente eu e Oscar decidimos juntos que deveríamos começar do zero. Esquecer definitivamente todos os maus entendidos e os nossos desencontros durante anos da nossa amizade/inimizade. Durante as duas noites no nosso fim de semana em Dayton, furtivamente me esgueirei para o quarto de Oscar de noite. Entre muitos beijos e demais coisas, Oscar e eu passávamos a noite toda conversando. Falamos sobre tudo o que planejamos dali para frente e sobre como nosso passado não poderia nos atrapalhar agora. Concordei que apesar de todos os ressentimentos que tínhamos que conversar e por as claras, esses assuntos poderiam ser curados e resolvidos com o tempo. No momento, não queria me preocupar com isso. Queria iniciar com ele o que eu já sonhava desde meus treze anos. Queria namorar Oscar. Queria sair com ele de mãos dadas e queria rir e sentir ciúmes bobos dele. Queria que nossas provocações fossem piadas íntimas e acima de tudo, queria que Oscar finalmente fosse meu. Queria beijá-lo e saber que ele está comigo porque gosta de verdade de mim.
Queria finalmente me permitir amar ele do jeito que sempre amei, mas escondi através do ódio para me proteger de ser ferida.
Mas eu sabia que tinha um porém nisso tudo. Agora que eu finalmente estava bem com Oscar, a sombra de meu diário pairava sobre mim. Esse diário que serviu como uma terapia comigo mesma, ainda precisava de um fim e ele tinha que ser péssimo. E tinha o problema de que eu não queria contar para Oscar sobre o diário, afinal, o diário só falava coisas péssimas sobre ele e sobre como eu o odiei durante anos.
Eu tinha o plano de finalizar o maldito diário, que estava me causando ódio de mim mesma por tê-lo escrito e entrega-lo para a Sra. Foster. Queria que ela me desse a nota do semestre e esse terror que foi escrevê-lo fosse esquecido, já que ele estava praticamente superado.
Infelizmente, o destino não estava ao meu favor e pelo visto, não estava ao favor de Oscar também. O destino àquela altura, parecia nunca estar ao nosso favor. Porque assim que abri a porta do meu quarto do alojamento da OSU, lá estava ele. Lindo, alto, com seu moletom do time de futebol americano. Vi um buque de flores e uma caixa rosa com formato de coração em cima da minha escrivaninha, mas não foi isso que me chamou a atenção, porque essas coisas deveriam estar na mão de Oscar para me entregar e não estavam. Meu diário estava em sua mão.
Meu diário de ódio por ele. Oscar o estava lendo. Lendo o diário que eu escrevi.
Ele não pareceu se importar com minha chegada. Não se importou que eu o tivesse pego lendo minhas coisas, até porque, eram coisas sobre ele e obviamente eu devia uma explicação a ele sobre aquilo.
- Oscar ...
- Que merda é essa, Amy?
- Eu posso explicar.
- Pode mesmo? - disse sarcástico - Para mim parece que você descreveu de diversas formas razões para me odiar.
Como eu podia explicar isso de outra forma?
- É um projeto - disse com cautela - Minha professora mandou escrevermos uma história verídica e triste.
Então Oscar se estressou de verdade.
- Então eu sou a porra da sua história triste? Eu sou uma coisa ruim pra você? Sou o cara que você odiou a vida toda?
- Não! Oscar, você não está entendendo!
- Eu entendi muito bem. Sua professora pediu pra você pensar em algo de merda na sua vida e a primeira coisa que surgiu na sua cabeça foi Oscar Scott, o idiota que sempre esteve ao seu lado.
- Oscar, eu sei que não deveria ter escrito sobre nós dois ...
- Nós dois?! - gritou abismado, me dando um susto - Isso é sobre você! Eu nunca odiei você, nem quando tive motivos para isso!
- E quando você teve motivos? Eu sempre tratei você como você me tratava também!
- Sabe quando eu tive motivo para te odiar, Amy? Quando você perdeu sua virgindade comigo e foi embora, achando que era a única a se importar com isso! Porque pelo visto, seu ódio por mim era cultivado de muitos anos e você precisava jogá-lo na minha cara!
Eu estava me sentindo sufocada com aquela conversa. Parecia irreversível.
- Eu queria de verdade ficar com você, Amy! E você sabe disso agora. Mas escrever um diário .... isso é golpe baixo.
- Eu precisava de um assunto importante. Quando cheguei aqui na OSU você não saía da minha cabeça. Meu namoro com Peter estava ficando uma droga e tive que lidar com sua proximidade depois de tudo o que tinha acontecido. A única coisa que passou na minha cabeça foi isso! Porque eu não tinha mais nada para contar sobre minha vida! Eu só coloquei para fora!
Oscar jogou o diário na minha direção e eu o segurei. Ele pegou a caixa em formato de coração e sorriu amargurado.
- Pelo menos você vai ter seu final triste - Murmurou - Se bem que ... pelo tanto de páginas que tem nesse diário, acho que o final triste é meu.
E não era. Era completamente meu.
- Oscar ... - tentei me aproximar, mas ele passou por mim, não me deixando sequer relar em seu braço.
- Podia ter sido sincera antes.
Ele saiu, me deixando sozinha com o buque, o diário e meu ódio por mim mesma.
Olhei para o diário com as lágrimas me embaçando a visão e o joguei contra a parede com toda a força e revolta que eu tinha.
Tudo por conta da droga de um projeto. Tudo porque eu não soube ser sincera e não quis ouvir Oscar.
Gritei, joguei coisas contra a parede, mas de nada adiantaria ter tanta raiva porque estava tudo acabado. Eu só tive certeza de uma coisa: eu queimaria aquele maldito diário por tirar de mim a única coisa que sofri tanto para aceitar que amava.
Oscar.
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Porque Odeio Oscar Scott
Romance#ConcursoTheBest #ConcursoPF #1 faculdade #2 newadult #8 diário Tudo começou com uma professora pedindo para escrevermos uma versão triste de um acontecimento feliz de nossas vidas. Com um projeto desses jogado em cima de mim logo no primeiro dia d...