《Capítulo 38》

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"É possível repousar sobre qualquer dor de qualquer desventura, menos sobre o arrependimento. No arrependimento não há descanso nem paz, e por isso é a maior ou a mais amarga de todas as desgraças"

- Giacomo Leopardi -

 . . .

  O arrependimento é um sentimento horrível. Já ouvi gente dizendo que é pior você deixar de fazer algo do que fazer e dar errado, porque assim você tem a prova de que aquilo não era para você. Eu estava pecando pelo o que eu fiz e pelo o que eu não fiz. Eu não deixei meu orgulho de lado quando deveria. Eu só quis ver o meu lado dramático da história e não parei para ouvir o de Oscar. E fiz coisa demais ao escrever sobre meus sentimentos em relação a ele para o trabalho da Sra. Foster. Eu ainda não tinha queimado o diário, mas faria isso assim que chegasse em Dayton.

  Quando o ônibus estacionou na rodoviária, esperei por meu pai durante quinze minutos até ele chegar e buzinar para que eu o visse. Sorri ao vê-lo e ele rapidamente desceu do carro para vir me abraçar e perguntar como eu tinha ido de viagem. Acho que não consegui esconder muito bem meu desânimo, porque ele disse que não levou fé no que eu dizia.

  O caminho até nossa casa foi tranquilo e Richard não insistiu em perguntar qual era o motivo do meu mau humor. Agradeci mentalmente por isso. 

- Amy! Amy! Amy! - Parker veio em minha direção gritando quando eu e meu pai entramos em casa - O Oscar veio com você?

  Não teve como esconder minha cara de desolada. E acho que meu pai reparou, pois me lançou um olhar preocupado e foi em direção a cozinha, me deixando sozinha com o meu irmãozinho.

- Não ... ele não voltou esse fim de semana - murmurei.

  Imediatamente Parker perdeu a luz em seu olhar e ficou cabisbaixo. Em minha cabeça eu só conseguia pensar "é, eu também queria ele aqui". Mas não disse isso e tudo o que eu menos queria era ver meu irmão se sentindo dependente de Oscar.

- Por que Oscar é tão importante? - perguntei.

- Eu queria mostrar pra ele o meu novo recorde no Game Boy!

  Antes que Parker alcançasse a escada para voltar para seu quarto eu disse:

- Mostra para mim.

   Ele não parecia muito a fim no início, mas logo que eu mostrei entusiasmo com o seu novo recorde no Game Boy, Parker começou a me mostrar coisas que ele gostava e normalmente compartilhava com seus amigos e com Oscar. Pedi para jogar algum jogo com ele e imediatamente Parker ligou o vídeo game. Passei a tarde toda jogando com meu irmão e foi incrível porque finalmente ele parecia satisfeito por ter uma irmã. Perdi quase todas as partidas e fingia que ficava magoada com minha derrota só para Parker se sentir o melhor de todos os jogadores de Game Boy. A verdade é que eu sorria por ver ele sorrindo. Parker tinha seus momentos infantis que me importunava, mas eu o amava muito e sentia ciúmes por ele se ligar mais a Oscar do que a mim. No fundo eu sabia que Parker me amava também.

Porque Odeio Oscar ScottOnde histórias criam vida. Descubra agora