Capítulo 28

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A dor era cruciante. A agonia ao respirar, o ar entrava e queimava seus pulmões. Forçou o abrir dos olhos, mas, só vislumbrou escuridão. Tentou manter a calma e tentar entender o que estava acontecendo. O pânico se instaurou ao sentir um buraco no peito, ardia e doía demais. A ânsia da morte o dominava. No entanto, se lembrou que já havia morrido, pelo menos seu corpo já tinha tido uma morte. Então por que estava sentindo aquilo tudo? Se perguntou. Seu coração estava acelerado pela adrenalina do momento, era perceptível a pulsação e o bobear do sangue quente correndo pelo seu corpo.

Ao se tranquilizar, seus sentidos se fizeram presentes, a audição constatava o pingar de água a sua volta. A chuva que já aumentava a intensidade molhava seu rosto. Snape novamente abriu os olhos com dificuldade. As dores ainda latejava por todo seu corpo. Se sentou e se analisou. As mãos tremiam. Tocou seu peito e sentiu a ferida se fechar magicamente, restando apenas a cicatriz de um corte recente. Percebendo que estava dentro de um caixão, tratou de imediatamente sair dele, mesmo com dificuldade.

Ao ao olhar a sua volta, reconheceu o cemitério de Spinner's End. Sua analise do lugar foi interrompida ao ver o corpo da velha bruxa estirado ao seu lado esquerdo. O bruxo se ajoelhou ao lado dela e viu a adaga cravada no peito. As vestes brancas banhada do sangue da bruxa denotava o sacrifício ali feito. Foi então que Snape entendeu o que a anciã havia realizado. No instante seguinte a projeção da mulher se fez presente a sua frente e nesse momento a encarou inquisidor.

- Por que a senhora fez isso? Eu lhe falei que não queria prejudicar a vida de ninguém para ter que voltar. - Snape falou decepcionado.

- Ora, meu caro rapaz. Eu já era uma velha de 91 anos. Meu momento de partir já estava adiante. Somente antecipei minha viajem. - Fernanda falou sorrindo divinamente.

- Eu não queria que se sacrificasse por mim. Eu já carrego muitas mortes nas minhas costas.

- Não me sacrifiquei por você. E minha morte não é para ser um peso na sua vida. Pois foi escolha minha. Agora poderei ir de encontro a aqueles que me esperam.

Snape a olhou com admiração.

- Porém, tem uma coisa que preciso que faça por mim, meu filho. - A anciã falou em tom de ordem. - Sei que esta debilitado, pois, não é um procedimento simples a de voltar a vida. Mas, você terá que levar meu corpo para o meu lar. Para o meu Jalapão. A adaga é uma chave de portal que nos levará para a Pedra Furada. Deixe-me entre a pedra e retorne com a mesma adaga, entendeu?

Snape assentiu e voltou seu olhar para o corpo da bruxa. Em seguida pegou a adaga e retirou do peito dela. Se viu sugado pelo objeto e no momento seguinte estava no topo de um gigantesco conjunto de blocos areníticos esculpidos pelos ventos há milhões de anos, reinando solitário na paisagem. A beleza cênica dava com toque mítico ao atrativo. O paredão rochoso, arredondado, perdido no meio do nada. Amanhecia e o sol começava a surgir ao longe. Snape pegou o corpo da bruxa no colo. Mesmo com agrura e sentindo muitas dores, jamais deixaria o corpo daquela que se sacrificou por ele, jogado de qualquer jeito. Caminhou com ela nos braços até o encontro dos buracos feitos nas rochas e a colocou cuidadosamente ali. Para sua surpresa as veste da mulher já não estavam molhada e nem manchadas do sangue. O bruxo a admirou por alguns instantes.

- A senhora é uma santa. Uma bruxa maravilhosa e bondosa. Obrigado por tudo. - O homem pegou a adaga e novamente foi sugado, retornando para seu país.

Snape se viu caído na rua de frente a casa de Hermione. A chuva estava intensa e relâmpagos cruzaram o céu fazendo uma breve claridade. Ainda era madrugada, a rua escura, alagada e fria. O homem sentia que a qualquer momento perderia a consciência. Necessitava entrar na casa para se acolher e tomar algumas poções. Só que mais do que isso, ansiava por Hermione, de revê-la e dizer que estava de volta por ela. Que a amava mais que tudo.

Em um último esforço, olhou para a janela que seria o quarto dela, mentalizou e aparatou no cômodo. Se segurou e se apoiou na parede. Mordeu os lábio inferior para não gritar de dor. Já não aguentava mais.

Hermione despertou após o barulho de aparataçao e algo quebrando no seu quarto. Se assustou e rapidamente se colocou em alerta. Pegou sua varinha e a manteve apontada para o local que veio o barulho. Por está sonolenta teve um pouco de dificuldade de levantar da cama, mas não deixou de mirar no rumo da janela. No momento seguinte um relâmpago iluminou seu quarto e ela vislumbrou uma figura alta encostado na parede. Prendeu a respiração ao perceber os cabelos negros de quem se escondia ali. Fixou ainda mais o olhar e seu coração acelerou na esperança de que não fosse um sonho, tão pouco que ele fosse um fantasma.

- Severo? - Hermione falou com a voz falhando. Ouviu o pigarrear do homem e teve certeza que era ele. A bruxa abaixou a varinha e foi repreendida pelo homem.

- Nunca abaixe a guarda Hermione. Você não sabe se é um inimigo ou não. - Snape falou rouco.

A jovem se emocionou ao ouvir a voz dele e caminhou rapidamente para o abraçar. Seu corpo se chocou ao dele fortemente, o fazendo gemer de dor e ao mesmo tempo sentir satisfação por tê-la novamente em seus braços.

- Você voltou. Você está vivo. - Hermione passou os braços no pescoço do homem, o apertando e o sentindo. Eloquentemente o puxou para um beijo, sentir o gosto dele novamente em sua boca era um alívio.

Se assustou ao perceber o quão quente ele estava. Se afastou e então percebeu que ele se encontrava muito debilitado.

- Você está quente demais. - Disse assustada e ainda em choque por ele está ali.

- Para quem estava frio e morto até algumas horas atrás. Não deve ser tão ruim está quente outra vez. - Falou tentando ser irônico. Mas, seu corpo cedeu por cima do de Hermione. A bruxa o ajudou caminhar até a cama, o depositando ali. Acendeu a luz do quarto e evidenciou a real situação do seu amado. Se assustou ao ver a cicatriz recente no peito dele.

- Vou chamar a Senhora Montenegro. Ela esta lá em abaixo. - Hermione falou indo em direção a porta.

- Ela não está aqui. - Snape falou. - Pegue seu estoque de poções e traga para mim.

Hermione não questionou, apenas desceu rápido até sua despensa, pegou a caixa com poções e em seguida retornou para o quarto. Ainda estava sem acreditar que ele estava ali e vivo. Estava cheia de perguntas mas se conteve. Precisava cuidar dele primeiro.

A Oitava HorcruxOnde histórias criam vida. Descubra agora