Lua de queijo.

308 40 17
                                    


GUIA DE LEITURA.

Itálico em primeira pessoa = pensamentos dos personagens.
Negrito em primeira pessoa = pensamentos do lobo.
Itálico: citações/detalhes pertinentes.


Junhui sequer reclamou do barulho na limusine nem mesmo tocou no rádio, estava pura raiva e carranca. Ouvia alguns de seus primos mais velhos perguntando se estava tudo bem mas ele não estava nem aí, não queria conversar nem com seu lobo, nem com seus primos, nem consigo mesmo e nem com ninguém. Só queria se jogar na cama e gritar com a cara no travesseiro até sua raiva passar — a influência de um lobo conseguia mudar o humor do homem mais calmo do mundo, o que costumava ser o caso do Wen.

Saiu do veículo assim que ele parou e entrou na mansão com pressa, ignorando os chamados de seu pai ou de suas tias enquanto subia as escadas. Bateu a porta com força e atirou a mochila na parede, se despindo do uniforme enquanto rosnava, se irritando até mesmo com os botões da blusa social. Se jogou completamente pelado na cama e começou a gritar como se estivessem lhe arrancando as tripas, esperneando e socando o ar.

De vez em quando, Junhui parecia um verdadeiro filhote; ele não conseguia controlar seu lobo de jeito nenhum. Quando seu lobo se entristecia, ele ficava deprimido ao ponto de não conseguir sair da cama e tomar um banho. Quando o lobo estava feliz, ninguém da casa tinha paz porque ele queria correr e brincar como se ainda fosse um lobinho. Quando estava excitado, a mãe do alfa precisava comprar hidratante para as mãos esfoladas do filho, que se masturbava e uivava a madrugada inteira. Quando estava com raiva, ele sofria, assim como seu quarto — raramente, já que a última vez que quebrou o quarto o lobo de sua mãe fez seu lobo chorar com a bronca que recebeu.

Aquela vez não era uma vez rara, pois o garoto estava descontando tudo no nada. Quando Xia entrou, o alfa estava deitado de barriga para baixo, com marcas e arranhões até mesmo nas próprias nádegas. Seus cabelos estavam bagunçados e seu corpo grande tremia, indicando que ele estava chorando; não de tristeza, mas de exaustão e raiva. Junhui realmente não sabia lidar com emoções, principalmente as de seu lobo e as próprias.

A alfa se sentou na cama e passou os dedos nos fios claros do garoto, que parou de tremer um pouco. Seu filho acatou o carinho, seu lobo se acalmou por respeito ao lobo da mãe.

— Quer me contar o que aconteceu?

— O seu lobo já ficou tão chateado, mas tão chateado que — O garoto fungou, encarando a mãe com o rosto pressionado nos lençóis, os olhos vermelhos molhados de lágrimas mas a expressão serena, indicando que, de fato, ele estava chorando por puro cansaço e confusão. — você sentiu que perdeu o controle?

— Hm... já. Quando eu pedi a mão do seu pai aos pais dele, por exemplo. — A mãe de Junhui era uma mulher linda. Ela tinha a aparência jovem, com seus 44 anos, e era muito respeitada, principalmente por ser filha da líder da alcateia. — Naquela época ainda tinha muito preconceito, as pessoas não entendiam direito sobre o amor. Quando o pai dele, um alfa rígido, mais rígido que qualquer alfa que já conheci na vida, disse não, eu pus a casa abaixo. Apanhei bastante dos seus avós por ter quebrado um braço no processo. — A memória fez a mulher rir, sendo acompanhada pelo filho, que riu fraco enquanto ainda era afagado. — De vez em quando, o nosso lobo fala mais alto mesmo quando a gente não quer ouví-lo. É como querer fazer algo mesmo sabendo que esse algo é perigoso, a gente só faz sem pensar muito. Você pode se arrepender, pode não se arrepender, pode trazer consequências horríveis, mas ao mesmo tempo pode trazer boas coisas. Você pode aprender com isso.

O quarto ficou em silêncio, enquanto o lobo de Junhui respirava alto.

— O que quero dizer é que esse tipo de coisa é inevitável. Nós lobos nascemos com a incapacidade de não ousar, nós não podemos não fazer coisas erradas e precipitadas. Mas é isso que nos traz as coisas boas que amamos. — Continuou, alisando as costas nuas do filho. Apertou a bunda do garoto, que riu com a brincadeira que a mãe sempre fazia quando ele estava triste ou pensativo. — Por que acha que tive você?

𝐁𝐘 𝐓𝐇𝐄 𝐌𝐎𝐎𝐍 || junhao.Onde histórias criam vida. Descubra agora