𝐁𝐘 𝐓𝐇𝐄 𝐌𝐎𝐎𝐍 || junhao.

Conversas e cigarros.

GUIA DE LEITURA.

Itálico em primeira pessoa = pensamentos dos personagens.
Negrito em primeira pessoa = pensamentos do lobo.
Itálico: citações/detalhes pertinentes.

Olhos verdes = medo.

Olhos vermelhos = raiva.

Olhos amarelos = mentira.

Olhos roxos = desejo.

Junhui estava perturbado.

No carro, ele pensou que Minghao estava com ciúmes ou querendo ser assumido. Ele ainda tinha certa antipatia ancestral pelo garoto, mas jamais negaria o desejo que sentia por aquele vampiro e nem o fato de que gostava de poder beijá-lo quando quisesse sem dever nada à ele e nem a ninguém. Deu espaço ao outro, mas já estava preparado para repetir a mesma coisa. Ele sempre pedia e o Xu sempre cedia, mas naquele dia foi diferente.

Ele não captou os sinais e, como sempre, imaginou que era puro charme do chinês lhe negar para que as coisas fossem mais intensas quando ele conseguisse o que queria. Um jogador assíduo, o que costumava fazer as pessoas perderem o interesse em Wen Junhui é que ele sempre faz joguinhos, sempre. O tempo todo. Saber o que aquele garoto queria da vida era mais raro do que ganhar na loteria, pois ele estava sempre mudando de ideia, querendo algo irreal ou não enxergando o óbvio.

No começo, Junhui achou engraçado ver o comportamento tão irritadinho de Minghao, porque era isso que acendia e alimentava o fogo crepitante que o mais novo trazia para dentro de si com simples olhares e beijos, por isso continuou empurrando Xu Minghao até seu limite, que era quando ele perdia a paciência e beijava Junhui até ele ficar satisfeito e desistir de falar suas palavras idiotas.

Só que não foi isso que aconteceu.

O que deveria ser os lábios doces e macios de Minghao foram seus dedos magros e secos, acertando em cheio sua boca e nariz. O anel fez um corte bem feio graças à sua ponta afiada e um dos vasos da mucosa do garoto estourou, fazendo seu nariz sangrar muito. Ele ouviu o chinês lhe chamando de alguma coisa e ouviu a porta bater, mas não conseguiu se levantar e ir atrás do garoto.

Seu lobo estava bravo e ultrajado, mas também não conseguia reagir. Nem mesmo ele esperava aquilo. Junhui ficou um bom tempo sentado na sala de prática, sangrando, até que a governanta entrou e saiu gritando pelos patrões. Quem entrou primeiro foi Seungcheol, que se assustou ao ver o lobo sentado no chão, com a camisa social manchada de sangue assim como o nariz, que sujou tanto o rosto bonito que ele parecia estar usando bigode e barba, uma barba que ia até seu pescoço e desaparecia na camisa ensopada.

Até mesmo enquanto uma das enfermeiras pessoais da casa (praticamente todo zumbi tinha uma enfermeira em casa para costurar e remendar seus membros perdidos) começou a cuidar dos machucados, Junhui ainda estava sem reação. O Choi apenas observava de longe, pois já tinha certa ideia do que era.

Junhui era um pouco sem filtro mas ainda sim cuidadoso, então só quem sabia do rolo dele com Minghao era Seungcheol, Jeonghan e Joshua. Apesar de ser um grande fofoqueiro, Yoon simpatizava muito com o chinês, e Joshua era a pessoa mais neutra de todas, então saber daquele segredo não mudou em nada o tratamento que ele dava ao colega. Choi era quem mais sabia das coisas, tirando a mentira perante à Lua, então vez ou outra o zumbi aconselhava seu amigo.

— Vocês dois brigaram? — Foi a primeira coisa que o mais velho perguntou.

— Acho que sim. É estranho. — Junhui murmurou, de braços cruzados. Estava usando uma blusa emprestada de um dos Choi, já que seu uniforme estava lavando. — Tipo, sei lá. Eu tentei beijar o Minghao e ele me bateu.