Algo sinistro.

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AVISO: Esse capítulo contém descrições gráficas de masturbação e violência.

GUIA DE LEITURA.

Itálico em primeira pessoa = pensamentos dos personagens.
Negrito em primeira pessoa = pensamentos do lobo.
Itálico: citações/detalhes pertinentes.

Olhos verdes = medo.

Olhos vermelhos = raiva.

Olhos amarelos = mentira.

Olhos roxos = desejo.

Olhos azuis = tristeza.

Olhos rosas = amor.


Os humanos e monstros viviam num apartheid, praticamente. Nenhum monstro sabia da vida humana dentro dos muros e nenhum humano sabia da vida dos monstros fora deles; raras exceções aconteciam em famílias poderosas, mas apenas em momentos específicos. Os únicos que podiam saber de toda a situação dentro e fora dos muros eram os representantes, pessoas escolhidas para governar as províncias, cercos, estados e todas as delimitações criadas para dividir os territórios depois da Grande Ascensão.

Esses representantes eram tanto monstros como humanos e precisavam ter carreira política, mais de 50 anos, eram tais quais presidentes, mas o foco em si era nas relações monstro-humanas. Por meio de reuniões, bancadas e sindicatos, era nas sedes de representantes espalhadas pelo mundo que as decisões e mudanças importantes aconteciam — grandes conflitos que podiam quebrar o cenário atual foram resolvidos em conversas pacíficas.

Apesar disso, não era difícil perceber que os monstros tinham um certo teor de superioridade quando se tratava dos humanos: a espécie que costumava ser o terror de todas as outras foi caçada e diminuída drasticamente ao ponto de terem que viver como todos os animais que eles criavam e torturavam para se alimentar, se vestir, se entreter e tudo mais. O cãozinho que vivia num apartamento de zumbis ou o gato preto que sempre tem comida fresquinha cabana na bruxa tem o mesmo valor que o humano que vive sua vida rotineira dentro dos muros, indiferente ou sem saber da realidade.

Não havia muito como contestar aquilo. Os humanos tinham armas poderosas, mas estavam em pequeno número. As rebeliões foram dizimando mais e mais humanos, mesmo que a baixa na população de monstros tenham lhes garantido mais direitos, e se continuassem naquele ritmo, logo estariam lutando sua última guerra e perdendo de uma vez por todas.

Mas logo aquilo tudo ia mudar.

Enquanto mais um lobo era recebido na alcateia, enquanto mais um vampiro vitimava um humano azarado, enquanto mais uma bruxa ria na noite escura, um humano juntava seu poderoso exército de alquimistas em seu enorme castelo, os raios ecoando do lado de fora, a luz iluminando os vários equipamentos e líquidos borbulhantes, um arsenal de várias armas, balas de prata, crucifixos, água benta, tomos enormes com capas de material duvidoso, algo que parecia vindo da Idade Média.

— Depois de 400 anos, os humanos voltarão a imperar! — Ele gritou no topo de seus pulmões, recebendo gritos de comemoração em resposta. — Os monstros nos temerão e voltarão a ser folclore, enquanto nós seremos lembrados como lendas!

Os homens fizeram festa, as canecas de cerveja se erguendo no ar e euforia. Algumas mulheres choravam em casa, alguns pais sentiam medo, mas aqueles homens sentiam ódio, sendo liderados por uma criatura tão odiosa que monstro algum poderia se igualar.

Van Helsing.


𝐁𝐘 𝐓𝐇𝐄 𝐌𝐎𝐎𝐍 || junhao.Onde histórias criam vida. Descubra agora