Capítulo 2

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Any pov.

Acordei às 6:30 com o alarme do despertador. Levantei-me e tomei banho, sem lavar o cabelo pois já o tinha lavado ontem, vesti-me com a minha típica roupa, um moletom grandão e uma calça, e desci.
Ao chegar lá embaixo, peguei em minha mochila e em uma fruta e fui a caminho da porta Dylan barra-me a passagem.

-Da escola direta pra casa, quero me divertir mais tempo hoje!-diz maliciosamente tocando no meu rosto. No momento em que ele me tocou senti repulsa e o meu estômago revirar. Ele saiu da minha frente e me deixou-me passar. Nem consegui comer a minha fruta pelo caminho com tanto nojo que estava a sentir.

(...)

As aulas estavam a correr na medida do possível, desde que cheguei só tive uma crise de ansiedade, o que é bom, pois costumo ter mais.
O sinal acabou de tocar e fui para a aula de história.

-Bom dia alunos, hoje vou dizer-vos as duplas para o trabalho.- disse o
Sr. Adams para a turma.

Eu estou no fundão no mesmo lugar de ontem, ao meu lado está o mesmo loiro de ontem, mas hoje o mesmo está com uma bandana no cabelo.

-As duplas serão as seguintes:
Sina e Noah;
Sabina e Pepe;
Bailey e Joalin;
Hina e Krystian;
Heyoon e Lamar;
Any e Joshua; ...

O professor continuou a dizer as duplas mas eu já não o estava a ouvir, comecei a pensar no meu padrasto e na reação dele ao saber que iria fazer o trabalho com um rapaz. A minha respiração ficou compassa e os meus olhos ficaram embaçados com as lágrimas. Saí da sala a correr em direção ao banheiro para não ter uma crise à frente de todos.
Entrei numa cabine e sentei-me no vaso (com a tampa fechada) e peguei em uma lâmina, no bolso das calças, e subi o meu moletom no pulso.

Eu nunca me auto mutilei, mas ultimamente tenho pensado em fazê-lo, pois acho que irá aliviar a minha dor, transformando a dor psicológica em dor física. Apontei a lâmina para o pulso e deslizei-a, fazendo um corte um pouco profundo, voltei a
desliza-la e a dor psicológica passou um pouco, quando ia voltar a passar ouvi passo e em seguida 3 batidas na porta da cabine em que estou.

-Any? Estás aí?- era uma voz masculina, mas não a reconheci, por isso fiquei em silêncio, com o sangue a escorrer do pulso para o chão - Any? Any está tudo bem?

Guardei rapidamente a lâmina no bolso e baixei o moletom para não se ver os cortes.

-Quem é? - perguntei, sei lá quem está ali fora

-É o Josh, fiquei preocupado por teres saído daquela maneira da sala..., e-eu sei que nunca nos falámos e...pode parecer estranho ter sido eu a vir aqui e...eu só queria saber o porquê de teres saído assim da sala e se estás bem...

Ele parecia inseguro ao falar, Joshua ou Josh, descobri que esse é o nome do loirinho que fica ao meu lado, e que por acaso é o meu colega do trabalho.
Abri a porta e saí da cabine, ficando frente a frente a ele. Josh não escondia a sua feição de preocupação, e ela aumentou ao olhar para o meu moletom, especificamente, no pulso que me cortei. Maldita hora que peguei no moletom lilás.

-Any você tá sangrando!- falou pegando no meu braço, no momento em que ele tentou levantar a manga, eu puxei o meu braço.
-Deixa eu ver Any!

Balancei a cabeça em negação e uma lágrima escorreu pelo meu rosto ao lembrar-me do motivo de ter-me cortado. Josh limitou-se a me abraçar bem apertado, não recebo um abraço à 5 anos. Quando dei por mim, já tinha desabado em seus braços.

-Podes não me dizer o que se passou, mas pelo menos, deixa-me cuidar dos seus machucados...- ele soltou-se um pouco do abraço para puder olhar para mim.

My saviorOnde histórias criam vida. Descubra agora