Nas semanas seguintes, nem me lembro quantos golpes e estratégias novas aprendi com Damian e Austin, perdi as contas depois da aula do quinto dia. Edwin, continuava trazendo suprimentos todos os dias, Finn passou a cozinhar e o resto de nós tentava manter a casa em ordem e limpa. Parecíamos uma grande família quando não espalhados pelo quintal em duplas atacando um ao outro. E os dias se resumiram a isso, refeições agitadas, dias de luta e noites tranquilas. Em algumas dessas noites, Lúcios se esgueirava pelas paredes do corredor até meu quarto, se aninhava em minha cama e tentava descrever tudo o que sentia. Ele ainda não conseguia usar a palavra "amor" e dizia não achar justo que usasse a palavra em vão, sem ter certeza do que significava pra ele. Então ele se deitava de lado, o olho direito brilhando ametista enquanto ele dizia como sua barriga estava gelada, como um sino parecia bater constantemente em seu estômago, e seus lábios que repuxavam-de todas as vezes em que lembrava de nossos momentos juntos.
Sem absolutamente nenhuma notícia sobre nossos reinos ou nossos pais, ou até sobre os outros príncipes, decidimos que permaneceríamos assim por mais um mês, até que finalmente voltaríamos para o continente dourado, prontos para Kai. Aonde quer que meus irmãos e Jasper estivessem, eu só esperava que pudessem pelo menos se preparar, aumentar seus poderes e corpos para o combate eminente.
— Isso é claramente um pato.
Agora estávamos todos reunidos na sala de sofás, amontoados em roda e sentados no chão, apesar da dúzia de assentos acolchoados que ali havia. Nós dividimos em duas equipes, eu, Finn e Edwin contra Austin, Damian e Lúcios. Finn agora imitava alguma ave esquisita flexionando os braços em cima de uma perna só, e o objetivo do jogo era que eu ou Edwin adivinhássemos de que animal se tratava. Finn negara o primeiro chute de Edwin com a cabeça, impedido de dar qualquer dica ou pronunciar qualquer palavra, ele apenas repetiu o movimento.
— FLAMINGO!
Grito exasperada, pulando pra enfatizar minha resposta. Os garotos soltam gargalhadas com minha empolgação, mas ela só aumenta quando Finn levanta os braços em vitória.
— ISSO!
Tocamos as mãos em comemoração, já ansiosos para nossa recompensa... assistir o time adversário entrar em um lago gelado no meio da noite ainda mais gelada vestindo nada mais que sua própria nudez. Mesmo com reclamações de brincadeira, cada um do time adversário se levanta e começa a caminhar em direção à porta da casa. Saímos até a floresta, e adentramos seguindo Edwin, que havia achado um lado em uma de suas idas até a vila. O lago não é muito largo, mas é nitidamente fundo, a água transparente não revela o fim. É como olhar para um penhasco infinito, mas cheio de água. Um a um, os garotos retiram suas roupas e correm pela margem, eu e meu time rimos de seus gritinhos pelo frio ao tocarem a água.
Eles não passam muito tempo lá, quando voltam, colocam as roupas desesperadamente, ávidos por qualquer calor possível. Meu coração trêmula ao ver Lúcios batendo os dentes de frio, e é quase impossível não olhar. Seu cabelo molhado está colado na testa, as bochechas coradas, os lábios em um tom de roxo escuro. Ignorando todos ao redor, me aproximo dele e passo meus braços por sua cintura, tentando ao mínimo emanar algum calor humano. Conjuro fogo sentir-se mim e deixo que esquente minha pele, tornando minha carneais quente. Me torno um forno humano, e antes que eu perceba, os outros príncipes também estão com as mãos estendidas empunha direção.
— Você não sente frio? — Damian pergunta, os dentes trincados com força.
— Pelo contrário. Frio é o que poderia anular meu poder, se o fogo for congelado em minhas veias... gasto muito mais energia para manter o fogo em dias frios.
— Não sinto frio.
Finn declara simplesmente, dando de ombros como se fosse a coisa mais natural do mundo.
— Meus primos me desafiaram a passar a noite enrolado na neve uma vez, e eu dormi como uma criança.
Cruzo os braços surpresa, sentindo uma pequena pitada de inveja.
— Que injusto, eu sinto calor.
Os garotos riem da declaração, todos menos Finn ainda estendendo as mãos em minha direção. Me afasto de Lúcios para juntar uma pilha de galhos então com o pensamento os incendio com meu fogo, o crepitar das chamas atrai os príncipes como o último copo de água do deserto. Me sento ao lado deles cogitando entrar no lado devido ao imenso calor que meu corpo passa a sentir. Começo a me mover para perto de Lúcios novamente, mas um movimento no mato me faz parar. Ao perceber que nenhum dos príncipes havia percebido, decidi me levantar e andar até a direção do som. Mais adiante um farfalhar de folhas, então um gemido de dor... e quando cheguei ao local dos sons, um homem caiu aos meus braços.
— Alguém! Me ajuda aqui!
Não preciso gritar muito para que Edwin e Finn me escutem a poucos metros de distância. Austin corre mais rápido que os outros até mim, e carregado corpo antes caído em meus braços, o rosto da pessoa escondido na penumbra. Só quando o sentamos de frente para a pequena fogueira improvisada, que me dou conta de quem está à nossa frente. Não era a penumbra que escondia seu rosto, era sua máscara. Porque era Jasper quem estava ali, sangue seco manchava suas vestes bonitas e refinadas, o cabelo estava curto e os olhos fundos. As mãos tremiam. Me ajoelho na frente dele e envolvo sua mão na minha, prestes a questionar, mas ele me corta.
— Vocês precisam de um lugar seguro. Agora.
— Nós temos uma casa...— Damian se aproxima para ajudar o irmão a carregar Jasper, mas ele o corta antes que possa terminar a frase.
— Então saiam dela. Agora, não dá pra explicar, preciso que confirme em mim!
Ele não abriu espaço para que pudéssemos contestar contrariando. O terror, o medo, e o desespero eram tão grandes em seus olhos, que apenas confiamos. Deixamos a fogueira da forma que estava assim que Edwin e Lúcios voltaram com suprimentos e roupas necessárias, seguimos Jasper até a parte mais interna da floresta que pudemos alcançar antes que o sono nos levasse.
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A linhagem do fogo
Viễn tưởngO herdeiro negro foi descoberto, mas isso não pode impedir ou diminuir seu poder sobre o país dourado. Agora Kalishta vai ter que conciliar os assuntos do coração com a luta por poder contra o próprio irmão, enquanto tenta protejer os que ama. Mas s...