CAPÍTULO 1

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Agosto, 2012

ANDREA

Aaah! O doce e descomplicado prazer de não se apegar a ninguém. Depois de um relacionamento frustrante, em que tudo o que minha parceira queria era controlar minha vida e me impedir de seguir minhas ambições, tudo o que eu quero é ser livre, sair por aí, conhecer pessoas e me relacionar de forma desimpedida, sem as amarras do amor.

Eu gosto desse efeito que adquiri sobre as pessoas. Se antes eu era uma garota atrapalhada, mal vestida que recebia olhares de pena, hoje me visto para atrair olhares de desejo. Aprendi a ser elegante em meu antigo emprego em uma revista de moda e nunca imaginei que seria tão útil para minha vida.

Mas as pessoas não me olham apenas pela maneira como me visto, ou pelo meu sorriso gentil, ou pelo brilho dos meus olhos castanhos. As pessoas também não deixam de notar que sempre tenho uma bela mulher como companhia.

Estou chegando no Chic Eatery, restaurante do centro de Manhattan com uma linda ruiva segurando meu braço. O lugar está cheio e todos olham para mim. O já conhecido maitre fica atento ao me ver, e corre para me atender.

MAITRE - Srta. Sachs, sua mesa está esperando.

Eu e minha garota caminhamos até nossa mesa e não deixo de notar que quase todos aqui são casais. Casais jovens. Casais de meia-idade . Casais que não se falam.

Então, o que significa uma vida contrariando o sistema? Significa que eu nunca vou me estabelecer com "a mulher certa" para uma "vida toda", ou que virei a esse restaurante com a família em uma manhã de Natal. Sem conta conjunta, nenhuma van estacionada na garagem ou toalhas em cima da cama.

Acho que isso me fez o que sou hoje. A filha da puta mais sortuda do mundo. Sejamos sinceros, quem quer se apegar e ter seu estado emocional destruído?

É claro que eu já me perguntei como seria minha vida se eu resolvesse ter um relacionamento convencional e viesse aqui uma vez por mês com minha esposa jantar. Só de imaginar, parece que estou morrendo. Não! Eu prefiro desfrutar da vida.

OS HAMPTONS

É uma bela manhã e estou dirigindo o conversível Mercedes da linda ruiva que está me levando para sua casa de veraneio nos Hamptons. Óculos escuros, jaqueta de couro, vento levando meus cabelos. Eu estou curtindo muito. A minha garota? Uma bela jovem de vinte anos, sexy, divertida, inteligente e sedutora. Gostaria de dizer que eu a conquistei mas ela me pescou como um peixe - fácil, fácil. Ela domina a arte do flerte e eu certamente tenho muito o que aprender com ela. A forma como ela acaricia a raiz do meu cabelo enquanto dirijo, faz todo meu corpo arrepiar, e apesar de olhar para o outro lado, tenho plena certeza de que ela sabe. O nome dela é Carol e ela canta Material Girl junto com Madonna no som do carro. Para alguém que tem um conversível e uma casa em Hamptons, essa música realmente combina.

CAROLINE (cantando)
"Cause we're living in a material world
And I, I'm a material girl
You know that we are living in a material world
And I, I'm a material girl"
Oh! É isso. Vire à direita.

Dou uma olhada na vizinhança e uau! Eu nunca estive nos Hamptons, mas é muito bonito.

ANDREA - Então, linda, você é rica....

CAROL - Bem, minha mãe é. Eu acho...

ANDREA - Se ela tem casa aqui, então ela é rica.

CAROL - Acho que o ramo de publicações ajuda você a ter uma casa nos Hamptons. Você sabe bem.

ANDREA - Não sei, não. Eu ainda vou ter que trabalhar muito para conseguir algo assim.

CAROL - Ah, você deve estar perto. Famosa já é.

Alguém Tem Que Ceder (Mirandy - Intersexual)Onde histórias criam vida. Descubra agora