MIRANDA
Andrea e eu estamos sentadas na ilha da cozinha, bebendo vinho e comendo ovos mexidos direto da frigideira. Velas iluminam a sala.
ANDREA - Então ele disse "Querida, aqui não é o Elias-Clarke, o prédio que você quer é na West 57th." E lá estava eu com vinte e dois anos, em New York, sozinha, e não conhecia as ruas e não tinha dinheiro para o metrô, então tive que correr. Não tinha ideia de quão longe estava.
MIRANDA - Aww. . . Por isso chegou atrasada na entrevista.
ANDREA - Sim, mas depois eu fiquei expert em New York, você me fazia correr de um lado para o outro.
MIRANDA - Trabalhar para mim é um aprendizado constante. Posso te fazer uma pergunta?
ANDREA - Posso te impedir?
MIRANDA - Na verdade, não. Você realmente não sabia que Caroline era minha filha?
ANDREA - Com certeza não, eu a vi ela tinha uns doze anos, se eu soubesse, teria passado longe.
MIRANDA - Por quê?
ANDREA - Já viu a mãe dela? Eu morria de medo dela! Muito intimidadora.
Sorrio e inclino meu rosto para o lado.
MIRANDA - O quanto você me acha intimidadora agora?
Ela beija suavemente meus lábios.
ANDREA - Zero! Você é absolutamente adorável.
MIRANDA - Você tem conseguido escrever desde que chegou aqui?
ANDREA - Na verdade, eu tenho preferido descansar a mente esses dias. Mas não estou com pressa, já estou escrevendo o momento de Paris.
MIRANDA - Mas por que Paris?
ANDREA - Eu sempre quis escrever um livro que terminasse lá. As pessoas precisam de romance assim. E se alguém como eu não escreve, onde eles vão conseguir? Vida real? Isso não existe na vida real.
Ergo minhas sobrancelhas um pouco decepcionada com sua afirmação.
MIRANDA - Perdão? Como você chama isso? Comer ovos à luz de velas em nossas vestes depois de…
Ela me beija deliciosamente de surpresa até ficarmos sem fôlego.
ANDREA - Essa é a minha maneira de dizer “me desculpe”, você tem razão.
Aperto meus olhos e a olho com dureza, ela desfaz o sorriso preocupada e suavizo a expressão, lhe dando um rápido beijo para que saiba que está tudo bem.
ANDREA - Então, onde você gosta de comer em Paris?
MIRANDA - Oh, eu amo esse lugar chamado Le Balzar, é apenas um pequeno bistrô na margem esquerda, o melhor frango assado do universo. É interessante que por ser um lugar mais simples, ninguém imagina que eu esteja lá, então não há assédio da imprensa.
ANDREA - Seria divertido ir a Paris com você sem ser a trabalho.
MIRANDA - É uma ótima cidade para ficar acordada a noite toda. Quando é seu aniversário?
ANDREA - Março.
MIRANDA - Então, que tal se ainda estivermos juntas, irmos a Paris para o seu aniversário?
Ela ergue as sobrancelhas um pouco aturdida e eu percebo que me precipitei.
ANDREA - Hum, talvez.
MIRANDA - Oh. Desculpe. Você apenas... Não tenho ideia de como fazer isso... ser íntima e não me comprometer... Okay, a cor está se esvaindo do seu rosto. Certo, vou tomar banho, você faz o mesmo e quando eu voltar, não vamos conversar mais sobre isso.
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Alguém Tem Que Ceder (Mirandy - Intersexual)
Hayran KurguAndrea é uma mulher fechada aos relacionamentos por medo de se machucar, e acaba não se apegando a ninguém com quem sai. Sua vida é resumida ao trabalho, breves encontros, sexo e diversão. Miranda acredita que seu tempo para amar e ser amada já acab...