Capítulo 7

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Aproveitei o dia de folga e escrevi um capítulo pra vocês, boa leitura!
Ah, por nada 😉

Theodor

Vejo a descrença em suas feições. Seu corpo rígido ao meu lado, Cecília estava fazendo o seu melhor para não me responder com todas as palavras em sua mente. Eu costumava pensar que era isso que eu queria, ter ela tão dócil e obediente, assim como todos os outros, todos me temiam e se controlavam ao meu redor, mas Cecília me frustrava, me fazia repensar sobre minhas ações para com ela, ela me fazia perder tempo com todas as mensagens diárias para seus amigos e familiares, eu deveria simplesmente meter uma bala em seu crânio e acabar com toda essa inexplicável sensação, com essa obsessão crescente por ela.

— posso mesmo confiar em você?

Ouvi sua voz baixa, como se estivesse testando seus limites.

— olhe para mim.

Exigi.
Cecília me olhou com aqueles olhos negros, tristes e excepcionalmente bonitos.

— você tem a minha palavra.

Ela assentiu ainda olhando para mim, havia uma pergunta lá, mas o medo a restringia.

— posso saber por que você está fazendo isso? Eu não estou reclamando, eu só... - ela olhou suas mãos sobre a mesa, seus dedos finos girando um anel imaginário — não entendo o por quê.

Não iria me expor, falar que ela mexia comigo era um eufemismo, mas ela jamais poderia saber que tinha algum domínio sobre mim. Decidi falar algo que era verdade, mas não exatamente o motivo de não querer machucar Cecília. Ainda lembro o estado em que a deixei no bunker, não obtive o alívio tão conhecido como foi com meus inimigos, nenhum deles saiu de lá com vida, Cecília foi a única.

— não há sentido em te machucar, posso te manter cativa e ter controle apenas com a ameaça sobre seus pais.

Ela fechou os olhos com força, toda a raiva sendo contida. Eu gostava de vê-la com raiva, gostava do seu fogo. Eu conseguia ver uma parte dele mesmo quando ela se controlava.

— de qualquer forma, obrigada por não me levar àquele lugar.

Assenti, embora, ela não estivesse olhando para mim.

Cecília

Voltamos em silêncio, Theodor me acompanhou até o quarto, seu toque em minhas costas estava se tornando familiar e eu odiava isso. Não queria que seu toque se tornasse familiar, queria ter asco e sentir ânsia sempre que ele me tocasse.

Ele abriu a porta e eu entrei, ele me acompanhou e ficamos em silêncio, eu esperava que ele saísse logo.

— você gostaria de voltar a criar suas jóias?

Olhei para ele rapidamente. Deus, eu esperava que ele estivesse falando sério.

— sim, isso iria preencher todo o meu tempo ocioso.

Falei sincera e estava tão grata por ter algo para fazer que não me importava em deixar meu contentamento transparecer, mesmo sendo destinado a quem tomou minha vida de mim.

Theodor se aproximou, algo na forma com que ele me olhava me manteve em meu lugar, eu não recuei como sempre fazia.

— mandarei Hernandes trazer seu material ainda hoje enquanto estivermos na praia. Sairemos às quatro horas, você poderá aproveitar o pôr do sol.

Assenti, eu esperava mesmo que não estivesse sorrindo, como isso era possível, me sentir feliz em receber algo que já era meu antes que ele me tomasse? A raiva se apossou de mim, me contive apenas por medo de perder essas coisas novamente. Era melhor tê-las dessa forma do que ficar trancada no quarto sem fazer absolutamente nada além de olhar para o céu através da janela.

Aprisionando PássarosOnde histórias criam vida. Descubra agora