Aprisionando Pássaros

Capítulo 23

Boa madrugada, como estão? Espero que bem.
Estive ausente e sinto muito, estava sem inspiração, não sei vocês, mas estou um tanto louca, todo o meu corpo está sentindo os impactos da preocupação com tudo que estamos vivendo, estou ansiosa, mais que o normal, acho que todos estamos, sim?
Me estendi demais, bom, espero que aproveitem a leitura. Estou postando dois capítulos. Beijos, se cuidem ❤️

Cecília

Todos se foram, eu estava aliviada e triste na mesma medida.

Theodor tinha recebido uma ligação, eu não entendi nada quando ele se levantou de forma abrupta, fechou as janelas, as cortinas, então voltou para mim, me beijou brevemente, me olhou com àqueles olhos assustadores e ordenou que eu não saísse para a área da piscina ou fosse a praia até que ele voltasse. "Fique longe das janelas" foi a última frase que ele disse antes de partir.

Não tinha noção de onde ele poderia estar, não era como se ele compartilhasse sua agenda criminosa comigo.

Eu estava tendo um dia estranho, estava com medo, porque o mundo de Theodor era um campo minado, já era ruim o bastante ter medo de Theodor, agora estava com medo dos outros monstros iguais ou piores. Sabia que Theodor tinha inimigos, um homem como ele deveria ter uma dúzia deles, eu só não tinha pensado nisso até aquele momento.

Não sabia o que fazer ou o que esperar dessa nova vida. Tínhamos combinado os pontos importantes do contrato, sexo por liberdade, ok.
Mas o que eu deveria fazer durante todo o restante do tempo? Eu não sabia.

Não estava com ânimo para pintar, tinha feito uma coleção inteira de jóias o que resultava em um bloqueio criativo já conhecido por mim. Era sempre assim após uma explosão de idéias, eu as gastava todas de uma vez então precisava de um tempo.
Eu poderia assistir algum filme e foi o que tentei fazer, eu apenas estava passando por títulos e mais títulos sem verdadeiramente os enxergar.
Desliguei a TV e joguei o controle no colchão. Procurei algum livro, mas não estava encontrando um que me agradasse.
O tédio estava me deixando uma pilha de ansiedade, a ansiedade me fazendo pensar em Theodor, o que ele estaria fazendo? E se ele estivesse ferido? Eu tentava me enganar, fingir que minha preocupação era altamente egoísta, mas não era, eu estava preocupada com ele, isso era uma droga, era quem eu era, uma mulher patética preocupada com o homem que tornou minha vida um inferno, o homem que me aprisionou em uma gaiola dourada.

Theodor tinha sido específico em ordenar que eu não fosse a praia ou a piscina sem ele, eu não era louca em tentar a minha sorte, eu estava transando com ele, mas isso não me fazia esquecer quem ele era ou o que poderia fazer. Sua ordem também tinha um tom de cuidado, a verdade é que ele não tinha me dado pista alguma. Ele parecia preocupado? Sim, mas sua expressão era mais assassina do que outra coisa.

Eu tinha passado o dia em um estado alarmante de espera. Eu estive esperando por ele e isso era além de patético, preocupante.
Percebi que Hernandes também não estava em lugar algum.
Já se passavam das onze horas quando resolvi dormir, mas é claro, o sono nunca vinha.

Olhei a tela do celular, o Instagram estava cheio de marcações e fotos do casamento.

Miriam tinha me enviado algumas fotos, dentre elas uma em que Theodor estava sorrindo para mim, era uma foto bonita, nós parecíamos apaixonados. Fechei os olhos sentindo a melancolia se instalar.

Eu não iria conseguir dormir, bufei afastando os lençóis. Andei pelo quarto, abri e fechei o armário a procura de alguma coisa, como se a solução para a minha angústia estivesse lá dentro, sim, patética.

Olhei a tela do celular mais uma vez, Mirian estava online, Deus, eu daria tudo para conversar abertamente com a minha amiga, nós éramos confidentes, sempre foi assim, mas agora tudo que contava era uma mentira, claro, eu não faria diferente já que a vida de todos estava em risco. Mas eu realmente gostaria de falar com alguém.