Capítulo 36

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Vai desculpando a demora, por favor.
Estão bem?
Espero que gostem, boa leitura!

Theodor

DOIS MESES PARA O FINAL DO CONTRATO

Cecília tinha cultivado um jardim e uma horta dentro daqueles muros, tinha trazido suas cores e vinha ressignificando tudo.
Nunca soube o que era ter um sentimento de pertencimento até conhecer a mulher a minha frente. Agora mesmo, me sentia extremamente completo e em paz, apenas observando ela colher verduras. Era uma visão muito bonita, surreal até.

Me aproximei notando que ela não tinha me visto, estava em seus joelhos colhendo pequenos tomates.
Me agachei as suas costas envolvendo meus braços ao seu redor.

— você me assustou — ela disse repousando sua cabeça em meu peito.

Beijei seus cabelos. Eu amava esses momentos simples.

— sinto muito, preciso ser mais cauteloso.

— está tudo bem, foi apenas um susto bobo, nada demais.

Já haviam se passado dez meses desde que tinha retirado o implante contraceptivo de seu corpo, Cecília já deveria estar grávida nesse exato momento, no entanto, tínhamos feito seus exames de rotina a uma semana atrás usando a desculpa da anemia que nunca existiu, seus exames não tinham dado nenhuma alteração o que segundo a doutora era normal, mas o tempo estava passando e nada do nosso bebê ser gerado.

Ela se virou beijando meu queixo então voltou a dar atenção as suas hortaliças. Me sentei na grama ao seu lado.

— Diana vai trazer sementes de tomate pêra amanhã.

Ela tinha um sorriso genuíno falando dessas tomates, eu queria manter esse sorriso em seu rosto.

— você pode ter as sementes que desejar, sabe que basta pedir, não sabe?

Ela sorriu largamente agora, seu olhar vindo rápido sobre mim.

— sei, mas é legal ter Diana envolvida na horta também, ela gosta e a gente tem se divertido bastante com isso, minha mãe está um pouco enciumada no entanto.

O sol das oito horas estava se tornando desconfortável.

— passou o protetor solar?

Perguntei.

— sim senhor.

Me senti irritado com seu comentário espertinho, odiava
ser oito anos mais velho que Cecília.

— posso te fazer uma pergunta?

Seu tom cauteloso me dando uma dica do que viria a seguir.

— pergunte.

Ela assentiu sem olhar para mim, muito concentrada em arrancar as tomates.

— se eu decidisse ficar, minha vida seria sempre assim, dentro desses muros, saindo apenas com você ao meu lado?

Respirei fundo tentando ganhar tempo, nunca fui de sentir medo de questionários, mas Cecília tinha esse poder sobre mim. Eu me sentia extremamente ansioso sempre que vinha uma de suas perguntas tendenciosas.

— você é livre para ir a qualquer lugar que desejar, não vejo como ter meus seguranças e eu ao seu lado possa ser algo ruim.

Cecília sorriu sem humor.

— você também não devolveria minha liberdade de manter contato com meus amigos homens, não é?

Cecília estava atingindo os pontos de merda em sua mente.

Aprisionando PássarosOnde histórias criam vida. Descubra agora