17.2 Últimos suspiros.

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— Alguém aqui sabe me explicar o porquê de em plena sete horas da manhã termos dois adolescentes ensanguentados sentados no banco de réus da minha delegacia?! — Ivan falou irritado assim que abriu a porta de seu escritório quando chegou.

Os seus ânimos estavam a mil, a raiva já tinha superado todos os limites e o estresse de ter sido acordado durante a noite tivera sido horrível.

Por conta dos chamados terem acontecido com mais ou menos meia hora de diferença, tanto ele quanto Paul, Louis e Amanda rodaram a cidade inteira para ver os corpos, se é que no segundo caso houve corpo para ver.

Até ambos — Tanto Hanna quanto Thales — conseguirem forças o suficiente para ligar para a polícia, mais de três horas haviam se passado e, no caso da moça nem havia sido ela quem fez a ligação, tivera sido o porteiro da central de reciclagem quando abriu aquele lugar e viu a garota chorando ensanguentada na saída de detritos daquela máquina.

Sem dúvidas, aquela havia sido a pior noite da vida dos dois.

— Conseguimos alguma coisa pelo menos?! — Ivan voltou a dizer.

— Ainda nada sobre o caso da garota — Paul começou —, mas a carta que havia na casa do garoto está claro a intenção do assassino, deveríamos ir para lá imediatamente.

— Eu quero que vocês dois vão para lá imediatamente — Ivan disse aproximando dos seus subordinados — e capturem aquele homem vivo ou morto, estão me entendendo?

— Sim senhor — Louis e Paul responderam praticamente em coro um ao lado do outro, e como dois soldados treinados se levantaram do lugar em que estavam sentados, saindo da sala sem mais nem menos.

Ivan começou a coçar a cabeça com velocidade, tentando passar por menor que fosse a sua frustração, mas não era o suficiente.

Nada seria o suficiente para resolver aquela situação, nem mesmo a tela do monitor de seu computador que derrubou em seu excesso de raiva, nem mesmo o criado mudo de metal cheio de arquivos no qual fora ao chão quando o empurrou fortemente.

Nada traria a vida das pessoas que se perderam de volta, e isso querendo ou não era um fato, um no qual ele se recusava a acreditar.


***


— Por que está aqui? —um cobertor amarronzado englobava Thales e Hanna naquele momento, sentados em um banquinho no corredor da delegacia. Thales fora o que perguntou, e precisou de muito tempo e disposição para fazer o mesmo. No final, faltava forças na sua garganta para falar, tinha chorado tanto que estava com dor de cabeça, e agora, facilmente sentia seu olhar perdido no horizonte por causa de tudo aquilo.

A memória da sua mãe gelada em seus braços ainda estava fresca nas suas lembranças, o fazia tremer, sentir frio, mesmo o calor do sol já estar atingindo o corpo deles a algum tempo pela janela traseira de onde estavam.

— Ross — Hanna com a voz empapada, como se custasse para montar as sílabas — e você?

Tinha visto ele cair, tinha ouvido o seu último grito de dor quando era triturado, e aquelas palavras de amor cujo qual ele disse para ela se repetiram tantas quanto fora as vezes que seus olhos piscaram desde que a acharam chorando naquele mar escarlate.

— Minha mãe — Thales respondeu quase da mesma forma, pastosa e perdida.

— Será que um dia vai parar de doer? — a garota dos girassóis indagou — será que um dia vamos superar?

Autumnfall (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora