12.3 Enterro.

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— Como você aguenta pedalar tanto? — Ross disse exausto, atrás da sua mais recente namorada.

— Com o tempo você vai pegando o jeito, amor — quase que o menino caiu da bicicleta quando ela o chamou de "amor." Não tinha ideia do efeito daquelas palavras antes, mas por algum motivo fez com que todas as energias do garoto se renovassem instantaneamente.

Mas isso não mudava que amaldiçoava o fato de ter se atrasado para o funeral de sua prima.

Provavelmente tinha perdido a hora de dizer as palavras finais antes de velar o seu corpo, e tinha certeza de que se amaldiçoaria o resto de sua vida por isso, mas como desculpas visitaria o cemitério ao menos uma vez a cada mês.

No final, Hanna disse um pouco envergonhada que não queria ir para o funeral, e quando ele indagou o motivo, ela acabou soltando que não tinha nenhuma roupa para a ocasião, e se sentiria muito mal em aparecer lá estampada da sua flor preferida.

E isso fez com que Ross entrasse no quarto de sua prima pela primeira vez depois do ocorrido, e mesmo se sentindo um pouco errado com isso, pegou a roupa preta que ela guardava no fundo do seu closet e deu para ela, esboçando com uma risada amargurada e dizendo que Paige não ia precisar mais daquela vestimenta.

Hanna aceitou sem retrucar, afinal conseguia ver a coragem e a força que ele fez para dar aquilo a ela e também que não estava fazendo aquilo por ser um idiota ou não se importar com a memória que aquelas vestes pudessem lhe causar, por isso, abraçou o menino que chorou um pouco ao contato e se trocou ali mesmo com aquela vestimenta sem dizer mais uma palavra.

Era um vestidinho preto sem mangas liso até a cintura, e a saia descia um pouco rodada até uns dois dedos acima de seu joelho.

Hanna era um pouco mais alta que Paige, assim como tinha mais busto também, essas diferenças deveriam ser o que fazia o vestido parecer um tanto menor, mesmo assim caiu como uma luva naquela garota.

Deveria ter saído com a sua avó mais ou menos lá para as cinco da tarde, mas a senhora bateu na porta do quarto uma única vez e quando viu que ele não o respondera, virou nos calcanhares e foi de carro sozinha, não queria atrapalhar o casalzinho, e também precisava deixar assinado alguns documentos, receber os seus filhos que vieram para ver o funeral da menina e também precisava de um tempo para se despedir decentemente de sua neta.

Quando chegaram, puderam ver que já haviam descido após o cortejo e já estavam na parte dos comes e bebes.

— Acho melhor eu ir embora — Ross comentou observando as luzes acesas daquele salão.

Nada de música, nada de coisas coloridas piscando, nada de bebidas alcoólicas, apenas um jantar antes de despedir o povo.

E descendo de sua bicicleta, Hanna se pôs ao lado dele e segurou a mão do menino, o que o fez tomar totalmente a atenção para ela.

— Eu estou aqui com você meu Ross, vamos? — como um belo bobo apaixonado, ele a olhou naquele momento observando cada detalhe de seu rosto, eternizando o carinho que ela estava o dando agora.

— Posso te apresentar como minha namorada, Hanna?

Ela olhou para baixo por um momento receosa, mil e uma coisas passaram em sua cabeça acelerando o seu fluxo de sangue de forma a deixar seu rosto ruborizado e, após alguns segundos o olhou novamente com um sorriso doce, o olhando como observava a coisa mais importante do mundo.

— Já estou intimamente ligada a você, Rosuel. Se isso é importante para você, é importante para mim também — e pousou por um momento a mão no rosto dele, com aquele sorriso enigmático que Hanna adorava manter — pode gritar para os quatro cantos da terra, para as profundezas do oceano, e para a estrela mais longínqua: Eu sou sua.

Autumnfall (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora