— Tem certeza de que vai ficar tudo bem, Hanna? — Thales disse depois de um certo tempo.
A casa dela não era tão longe assim do campo onde tinham marcado aquela reunião, mesmo assim, a garota resolveu assumir o controle do pedal daquela bicicleta dizendo que como era mais acostumada, deveria aguentar melhor o tempo de pedalada do que ele.
Resultado? Thales sentado na garupa daquele pequeno veículo sob duas rodas, enquanto depois de alguns minutos, ele via ela respirar mais forte por conta do cansaço.
A adrenalina e a tensão iam aumentando dentro de cada um deles, como se porventura fossem explodir a qualquer momento. Vestidos com o azul e o preto do uniforme policial visto ter sido a roupa que adquiriram na delegacia mais cedo, a quem olhasse até poderia confundir com uma variação da polícia montada, a qual vasculhava o perímetro com uma bicicleta.
— Tudo bem, meu senhor! — ela disse — ainda é preciso horas para exaurir todas as minhas energias.
Quando mais cinco minutos se passaram, conseguiram ver o carro de Bruce estacionado ao lado do espaço comunitário que continha naquela praça, e então, desceram.
Não sabia o que ia acontecer, mas independentemente do que fosse, aquela conversa poderia definir o destino daquela noite.
— Obrigado — Thales disse quando saiu da bicicleta, e ela apenas assentiu com a cabeça, mesmo negando a admitir, cansada.
— Não irei interferir as negociações de ambos — ela falou um tanto temerosa, apertando o antebraço esquerdo — mesmo a preço de sangue.
Lua nova.
O espaço estava vazio visto ao caos que se repercutia nos últimos dias, ou melhor, especificamente neste dia. O toque de recolher já acertado antes pelos moradores de Autumnfall estava vigorando no seu mais alto teor e por isso, nem mesmo os estabelecimentos que lucram com a noite, tais como bares e casas de show estavam abertos.
No carro, não havia nada se não lembranças de todos os seus amigos, e de como aquele veículo já tinha servido por diversas vezes para levá-los a escola, festas e até mesmo consultas médicas, excursões, dentre tantos outros eventos. Doía vê-lo vazio daquela forma, apesar disso não podia se prolongar muito naquelas memórias.
Andou até um banco próximo daquele ambiente, e viu Hanna tender para se afastar, sumindo de seu campo de visão próximo a floresta de bordôs.
Essa garota é incrível pensou e logo se sentou, esperando Bruce aparecer de qualquer lado.
E de fato apareceu, carregando consigo duas garrafas de cerveja de vidro bem geladas.
— Hey — o moço de topete disse quando a luz da noite deixou com que ele fosse perceptível no meio a penumbra — pelos velhos tempos? — e jogou uma das garrafas para Thales, que a pegou no ar.
Agora, cada um estava sentado em uma das pontas daquele banco, com os cotovelos apoiados nas pernas bebericando a boca daquela garrafa sem dizer uma única palavra.
Gole após gole, bebida após bebida a latinha foi se findando, seu líquido acabando, e após o seu último gole, Bruce colocou lentamente a garrafa no chão, e então suspirou.
— Como foi ter presenciado os últimos momentos dos nossos amigos? — o garoto de topete disse, observando o seu ex amigo que agora repetia o seu último ato, colocava ao lado do banco aquela garrafa verde de vidro.
— Eu não os matei, Bruce — foi a única coisa que conseguiu dar, responder com a verdade, assim como queria se manter a partir de agora, apenas com fatos.
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Autumnfall (COMPLETO)
Teen FictionEm Autunmfall, nenhum dia é igual ao outro, ainda mais... quando a primeira morte aconteceu. Agora, todos os jovens estudantes da Thompson lutam incansavelmente para descobrir quem dos seus amigos é capaz de cometer tamanha atrocidade. A vida agora...