Autumnfall (COMPLETO)

10.2 Scarlet's.

20 de dezembro de 2013, sexta-feira.

O dia tinha começado cedo em Autumnfall como sempre, contudo, estava nublado, muito nublado, tanto a se considerar que começasse a nevar a qualquer momento, coisa não muito animadora para quem precisava estar na escola daqui a algumas horas.

É o jeito Emily pensou logo de manhã assim que minimamente teve coragem para sair da cama. Tinha prova hoje infelizmente, e mesmo se nevasse, ainda precisaria muito para cair uma nevasca forte o suficiente para cancelar a aula. Por fim, quando se levantou na cama conseguiu ver a porta de seu quarto sendo aberta, e seu pai aparecer por aquela abertura com um prato de ovos e bacon juntamente com uma caneca de chocolate quente.

Seu pai, Bruno Castilo tinha a descendência portuguesa, mas seus pais vieram para os EUA e de lá nunca mais voltaram. Trabalhava com uma empreiteira desde sempre, casou-se com a sua secretária, mas infelizmente ela havia falecido poucos anos depois do nascimento de Ryder por motivos indeterminados — ao menos era isso que a polícia dizia, já que a única coisa que conseguiu foi male má achar o corpo.

Desde então se viu necessitado a cuidar dos seus três filhos sozinhos, e como não era muito presente — ainda mais agora que a empresa decretou falência — tentava mimar os seus filhos de vez em quando, embora não sabia muito como se comunicar com os seus dois mais velhos.

— Hey Emy — ele disse com um belo sorriso — vai se atrasar para a escola se continuar deitada.

— Já estava levantando... — ela o respondeu com um sorriso, vendo seu pai entrando no quarto, era difícil vê-lo amável daquela forma, normalmente estava brigando com eles de por qualquer coisa. — Obrigada — fora sua resposta assim que o homem a entregou a bandeja.

— Tudo bem, ao invés de agradecer poderia falar para o Dom maneirar no cigarro? Acordei com uma puta dor de cabeça por causa dele.

— Claro — suspirou. Sabia que tinha alguma coisa por trás daqueles ovos queimados e bacon semi-cru, mas ainda assim não queria contestar, para que brigassem era dois palitos.

— Obrigado, agora vou ir ver o Ryder. Bom dia amorzinho.

E Emy esperou calmamente até ele sair do quarto para mostrar o dedo do meio quando ele fechou a porta.

De certa forma não suportava aquele homem, e sabia que ele também não a suportava, só se importava de verdade com o Ryder, queria mais é que ela saísse de casa o mais rápido possível.

Bom, tirando o chocolate quente, ela não ousou a tocar nas outras coisas que haviam naquele prato e jogou aquilo na tigela da Bibi, uma Lulu da Pomerânia que comia de tudo.

Já não era mais um filhote, mas ainda sim Bibi era muito fofinha, tinha cinco anos — humanos — mas já deveria estar do tamanho final dela.

Ainda estava dormindo a cadela, o que a fez sentir um pouco de ciúmes do bicho que se deitava enrolado na caminha ao lado do seu criado mudo.

Suspirou, e quando inspirou de novo conseguiu sentir o cheiro que seu pai estava reclamando.

Essa não é a minha função, Emily comentou irritada, batendo os pés fortemente no corredor enquanto se encaminhava ao quarto do lado. Não tinha visto quando Dom havia chegado em casa ontem, tinha ido dormir relativamente cedo para estar mais disposta para a prova de biologia — matéria na qual ela era péssima — e então quando chegou bateu na porta fortemente, gritando o nome do seu irmão.

Logo, a porta se abriu de uma vez só e isso a fez abrir a boca surpresa pelo susto, Dom meteu um cigarro na boca dela.

— Dá para parar de gritar? — Dom bagunçando um pouco seus cabelos, vendo a menina relaxando após uma tragada.