Capítulo XXXV - Surpresa!

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Música: XO - Beyoncé


* * *

- PARABÉNS, DINAH! - fui despertada no susto com o grito de Camila que, no segundo em que abri os olhos e sentei em um salto, se jogou contra mim nos deitando no colchão em um abraço apertado. - Feliz aniversário, Cheche! Você está fazendo 18 anos, meu bebê cresceu. Meu Deus, pare de envelhecer agora, Dinah Jane!

- Camila, vá com calma - pedi abraçando sua cintura, mas tudo que ela fez foi começar a beijar e apertar meu rosto.

- Que calma o que, é seu aniversário! Parabéns! Eu te amo tanto.

- Eu também te amo, obrigada - ela parou de me amassar para me olhar sorrindo. Nesse sábado de manhã, eu não apenas acordava completando, finalmente, meus 18 anos de idade, mas também 18 anos que conhecia Camila e que estávamos juntas. Nossas mães sempre contavam que tia Sinu a levou junto quando foi na maternidade me ver, já que ela era alguns meses mais velha, então também considerávamos nosso aniversário. Ela tinha sido minha primeira irmã, primeira melhor amiga, primeiro amor e a única que, não importa o que acontecia, nunca nos deixávamos. - Feliz nosso dia, Chancho.

- Feliz nosso dia, Che.

Nos abraçamos outra vez antes do seu corpo ser empurrado para o lado e Lauren me agarrar, começar a me beijar e encher de cocegas. Eu ri e implorei para que ela parasse, mas a branquela só me deixou em paz quando fiquei vermelha e sem conseguir respirar.

- Idiota! Hoje é meu aniversário, cadê o carinho?

- Own, tá carente, neném? Procura sua namorada - voltou a me fazer cosquinha, mas dessa vez consegui segurar suas mãos, ficar por cima e devolver até que ela fosse quem ficasse sem ar e implorasse para que eu parasse. - Te odeio, Dinah! Sorte que é seu aniversário.

- Aceite, Lauren, em qualquer data você não consegue derrotar Dinah Jane - sorri convencida e me sentei no colchão, deixando as duas deitadas, já que nunca havia espaço para nós três.

- Vai se foder. Venho te ver e é isso que recebo? Ingrata!

- Tá bem, chega vocês - Camila, que ria como louca de nós, se intrometeu. - O que vai fazer hoje, DJ? Ainda dá tempo de querer comemorar.

- Vocês duas não iam ter um encontro hoje?

- Só de noite, mas você pode vir com a gente e comemoramos seu aniversário.

- Eca, eu não. Imagina ver vocês de boiolagem, como se já não bastasse aguentar isso todos os dias.

- E cadê Normani? Não vai dormir na casa dela hoje? - Lauren questionou com um sorriso malicioso.

- Não precisa, né? Tá vivendo lá agora.

- Só passei duas noites lá, Mila - lembrei dos dias que dormi com Normani, sendo uma por querer dar aos Cabello um tempo de mim, mas outra porque meus tios estavam na Igreja por toda noite e, quando cheguei do trabalho, Lauren e Camila transavam bem na sala, me impedindo de entrar. Elas demoraram tanto que deu tempo de Normani cruzar a cidade, me pegar e jantarmos em sua casa antes de Camila lembrar da minha existência e me enviar mensagem.

- E o final de semana. Daqui a pouco vai se mudar pra lá - minha amiga cruzou os braços emburrada e nada respondi.

Era exatamente o que Normani queria e insistia desde segunda, quando a liguei dos degraus de entrada, mas eu seguia negando. Morar junto era um passo muito grande e, por mais que pretendêssemos tornar algo passageiro até que conseguisse dinheiro para alugar meu próprio espaço, não queria nos arriscar. Queria que pudéssemos ter um namoro perfeito, como vinha sendo essa última semana e que nos foi negado no começo. Algo natural e que nada fosse forçado pelas loucuras da minha vida. Nós já tínhamos passado por tanto e ela era a coisa mais preciosa da vida para ariscarmos agora.

Não vou negar que ela quase me convenceu em alguns momentos e cheguei a pensar sobre, já que também não gostaria de continuar com os Cabello. Eles eram perfeitos comigo e faziam tudo para me sentir bem, mas odiava atrapalhar e me sentir uma intrusa. Por isso, estava guardando o máximo que conseguia do que recebia na lanchonete para conseguir alugar um lugar, mas, se continuasse como estava, eu poderia ter um quartinho daqui a uns 5 anos de tão mal que ia.

- Enfim, vocês não vão fazer nada hoje? - Lauren desviou o rumo do assunto.

- Não sei, Tiger. Ontem à noite ela me ligou e disse que teria que resolver uns problemas na empresa hoje, mas viria aqui quando saísse. Tinha falado umas coisas de balada semana passada também, mas não conversamos mais sobre, então não sei.

- Como pretende comemorar hoje então?

- Funaki me chamou pra ir à praia e depois vou colocar meu sono em dia.

- Vai dormir? Não seja sem graça.

- Não estou sendo, estou é cansada.

- Se parasse de dormir do outro lado da cidade não teria que acordar super cedo pra pegar ônibus - Camila voltou a resmungar.

- Ok, Camz, já entendemos - Lauren deu uma risada. - Vamos tomar café? Tia Sinu fez panqueca.

- Vamos antes que Sofi coma tudo - Camila respondeu e já levantou e desceu correndo esfomeada.

Eu e Lauren fomos calmamente, mas meus passos foram interrompidos pela branquela quando atravessamos a porta e ela segurou meu braço.

- Ei, me ajuda a escolher um presente pra Camila mais tarde?

- Claro. Alguma data especial? Vai pedir ela em casamento? - ri brincando, mas o semblante sério de Lauren me fez ficar desesperada. - Lauren, pelo amor de Deus, você não po...

- Você é tão idiota! - explodiu em gargalhada me fazendo revirar os olhos. - Tá doida? Vamos casar agora e morar onde? Eu heim, nem brinca com isso. Só não dei nada pra no nosso aniversário esse mês e ela me deu um presente lindo, além de estarmos a um tempo sem curtimos, quero recompensar.

- Te odeio, branquela. Me manda as opções, ok? Tô com fome, vamos logo.

Aquele café foi absolutamente perfeito. Tia Sinu fez panquecas deliciosas, me encheu de beijos e parabéns, entregou uma flor que tio Ale tinha deixado para mim de presente, já que saiu cedo para fazer hora extra, e Sofia não saiu do meu colo. Após comermos, enquanto conversávamos, a campainha tocou e Lauren foi atender, retornando com Funaki, Kaukava e Kamila, me levando a levantar correndo para abraçar cada um e ganhar muitos parabéns.

- O que estão fazendo aqui?

- Vamos a praia ué - Funaki respondeu como se fosse óbvio.

- Achei que seríamos só nós duas.

- Contei uma historinha pra convencer a deixar os dois saírem comigo. Desculpa não conseguir trazer Seth e Regina - minha irmã deu um sorriso triste, mas neguei. Os gêmeos eram muito mais do que eu esperava para hoje, o que já fez meu dia feliz.

Camila me emprestou um biquíni e me arrumei o mais rápido possível para sairmos. Quando estava quase pronta, recebi um texto lindo de Normani me parabenizando, dizendo o quanto me amava e queria estar comigo logo para celebrarmos, o que me deixou ainda mais alegre e sorrindo que nem boba, dando motivos para meus irmãos me zoarem. Por fim, insisti para que fossemos todos a praia, mas Camila disse que precisava estudar, Lauren que tinha coisas para resolver, tia Sinu iria cuidar da casa e Sofia preferiu ficar brincando. Estranhei até que minhas amigas darem desculpas, mas pelo menos pude ter ótimos momentos com meus irmãos, algo que não conseguíamos a muito tempo.

Nos divertimos no ônibus durante o percurso, brincamos na areia, no mar, fizemos castelo, afogamos uns aos outros e brigamos sem nos importarmos com a farofa no meio da praia cheia. Foi tão típico dia de irmãos que nem vimos o horário passar até ser de tarde e estarmos mortos de fome. Funaki insistiu em pagar o almoço e questionei de onde ela havia tirado dinheiro, mas percebi que mentiu na cara dura dizendo que estava juntando para hoje. Depois de comermos, ainda mandou os gêmeos irem comprar sorvete e aproveitei quando ficamos sozinhas olhando o mar para tirar minhas dúvidas.

- Como estão as coisas lá em casa?

- Parece que estão tentando voltar ao normal. E você, como tem estado? Mal conseguimos nos falar no trabalho.

- Estou bem, acho que tentando encontrar um novo normal.

- Eu tinha esperanças que papai e mamãe te procurassem hoje. É a primeira filha deles chegando a maioridade.

- Você vai ser a primeira filha deles a isso, Naki.

- Dinah...

- Ainda está colocando as gorjetas que te dou no pote? Alguém percebeu? - mudei de assunto sem querer falar sobre aquilo, mas nem precisei a olhar para saber que tinha odiado.

- Sim, mas acho que deveria parar. Você precisa do dinheiro.

- Vocês também.

- Não é justo, DJ.

- Mas agora com o corte vão precisar e eu estou guardando uma parte pra mim, não se preocupe.

- Não gosto disso.

- Nada é como gostamos ou queremos, nunca foi. Enfim, sabe que não me convenceu com esse papo de juntar grana, né? De onde tirou o dinheiro que gastou hoje?

- Caralho, é seu aniversário, não pode simplesmente aproveitar?

- Não, Naki. Me conte a verdade.

- Peguei emprestado com o Josh, beleza? Esquece isso.

- Não tá beleza! Como vai pagar depois? Vo...

- Argh! Que droga, Dinah! Só aproveita o dia e para de se preocupar com finanças o tempo inteiro.

- Não têm como!

- Tem sim! Se não consegue, não fale comigo.

- Sério, Funaki? - ela virou o rosto emburrado para o mar, cruzou os braços e começou a fingir que nem me ouvia. - Você é tão insuportável!

Decidi realmente ficar quieta sabendo que seria melhor do que lidar com a chatice da minha irmã. Ainda bem que os gêmeos não demoraram mais nada para retornarem alegres com nossos sorvetes e começarem a tagarelar sem parar. Com isso, não demorou tanto para Funaki desfazer a carranca e estarmos curtindo novamente. Infelizmente, antes de conseguirmos voltar para o mar, seu celular tocou e Milika os mandou voltar para a casa. Com pesar, fomos caminhando até o ponto de ônibus, enquanto eu andava abraçada com Kamila. Ela parecia ser a que se sentia pior com toda situação e ainda esperava que eu voltasse para casa, mas eu só queria distância de Gordon e Milika. Assim, tentava lhe dar o máximo de atenção e carinho que podia para que se sentisse melhor, pois odiava a forma como isso afetava meus irmãos.

- Regina sente sua falta demais, ela pergunta sobre você todos os dias.

- Não deixa ela me esquecer, Ka.

- Ninguém vai te esquecer, você cismou com isso.

- É uma possibilidade, ué - dei de ombros pegando meu celular do bolso do short, ao sentir sua vibração, e atendendo sem olhar quem era. - Alô?

- Dinah, onde você está? - a voz rouca de Lauren.

- Acabei de chegar no ponto de ônibus, indo pra casa.

- Ok, onde?

- Em frente a praia que tem um shopping perto. Por que? Aconteceu algo? - comecei a me preocupar.

- Ótimo, tô perto. Me encontra no shopping? Não achei nada pra Camila e preciso de ajuda.

- Não pode ir olhando e me mandando fotos, Laur? Estou cansada, quero ir dormir.

- Por favor, DJ. Preciso da sua ajuda e é seu aniversário, então é bom para nos divertimos. Te pago um hambúrguer.

- Estou realmente cansada.

- Por favor... - amoleceu voz e tive certeza que ela fazia um biquinho, estava apelando sabendo que eu cederia por pouco.

- Tudo bem. Vou colocar meus irmãos no ônibus e te encontro na entrada principal.

- Te amo!

- Tá, tá, tá.

- Não fala assim comigo, sua vaga...

Desliguei rindo sobre seus xingamentos e voltei a dar atenção aos mais novos. Esperamos até o ônibus chegar e eu abraçar cada um bem apertado, agradecendo pela nossa manhã e por terem me divertido tanto e recebendo mais felicitações. Após irem, precisei caminhar por alguns minutos para encontrar Lauren na entrada do shopping e já cheguei revirando os olhos bem emburrada por ela ter me feito ir até ali, mas a idiota só riu e começou a me abraçar e encher de beijos molhados.

- Me solta, Jauregui! Tá babando na minha cara, eca - a empurrei para longe.

- Até parece que não gosta - riu puxando minha mão para entrarmos. - Como foi com seus irmãos?

- Divertido, fazia tempo que não curtimos assim.

- Está gostando do seu aniversário?

- Não era bem o que imaginei para os 18, mas sim.

- Sinto muito por tudo que rolou, DJ. Não era pra ser assim.

- Relaxa, tá tudo bem. Mas e aí, tem ideia do que comprar?

- Nenhuma - fiz uma careta que a causou risadas, já vi que demoraríamos. - Vou te recompensar por isso, juro.

- Vai mesmo, quero meu hambúrguer.

- Vamos fazer compras e depois comer, vem.

Ainda de mãos dadas, fomos em direção as escadas rolantes e começamos a explorar as lojas. Lauren olhou joias, roupas, objetos de decoração, sapatos e tudo que se podia imaginar. No fim, decidimos que precisávamos de um foco ou não sairíamos dali hoje e ela escolheu roupas. Assim, me arrastou para uma loja que dizia conhecer, onde logo fomos atendidas, e saiu me largando para ver opções com a vendedora. Enquanto ela escolhia, fiquei vendo algumas peças, pois precisava muito de roupas novas para parar de depender das minhas amigas até para me vestir. Infelizmente, aquele lugar era um absurdo de caro, nem sei como Lauren conhecia, e comecei a me perguntar o quanto ela estava disposta a pagar por um presente tão simples em uma data aleatória. Contudo, não vou negar que tinham coisas lindas e foi assim que parei estática admirando um vestido quando meu celular vibrou com uma nova mensagem.

Everlasting Love - NorminahOnde histórias criam vida. Descubra agora