Everlasting Love - Norminah

Capítulo XXIII - Ligação

Música: Alibi - The Stranger Familiar

* * *

Voltar para a escola entrou para minha lista de piores experiências, podia estar longe do pódio, mas ainda estava sendo contada. Primeiro, agora meu pai me levava e fazia questão de me deixar na porta da sala, como se eu estivesse no jardim de infância. Segundo, Siope não saía da minha cola e estava pior do que quando namoramos. Ele deixou claro que não queria estar fazendo aquilo, mas o pastor havia pedido e a pastora falado que nós dois ainda nos apaixonaríamos outra vez e voltaríamos a nos amar, coisas que nunca aconteceram antes, imagina agora. Em terceiro que, aparentemente por minha causa, nossa escola agora tinha um porteiro. Depois do meu ex abrir a boca sobre como me viu com Normani, minha mãe foi até lá, conversou com a diretora, membra fiel da Igreja, e elas se tocaram que eu encontrava minha namorada no horário do almoço, por isso, um dos funcionários foi realocado para a portaria. Agora, eu não era apenas a mais nova fofoca dos corredores e precisava aguentar os comentários recheados de preconceito, como também alvo do ódio de todos aqueles que gostavam de sair quando bem quisessem. Como se não bastasse, todos os funcionários tinham ordem de avisar caso me vissem sair da escola sozinha, usar algum aparelho eletrônico, ou me encontrar com alguém. Ou seja, tudo estava uma droga.

Os únicos pontos bons eram: Siope era de uma turma diferente, então, com o decorrer dos dias, aprendi a ir rápido de uma aula para outra e, dessa forma, só precisava o aturar no intervalo; eu não estava mais presa no meu quarto e podia ver minhas amigas; sem trabalhar, tinha mais tempo de me dedicar aos estudos, portanto, estudava como uma louca para ocupar minha mente e avançava com o projeto de ciências, puxando o grupo junto comigo; por último, as fofocas pela escola e comunidade tinham várias teorias, mas, no final, apenas sabiam que fui pega na cama com uma mulher e a maioria tinha certeza que era Camila, já que ela foi o alvo semanas atrás e sempre fomos próximas, então Normani estava longe disso.

Apesar disso, ainda haviam preocupações, como o fato de que todo o dinheiro que entrava em casa era essencial para sobrevivermos e, sem o meu, não sabia como faríamos. Porém, meus pais já excluíam dessa parte há alguns meses e agora eu fazia menos ideia ainda de como estávamos. Além de Normani, pois não falar com ela e só ter notícias intermediadas por Lauren e Camila estava sendo uma tortura.

Por fim, nada tinha melhorado muito e, cada vez mais, eu me sentia uma droga. Era horrível estar sendo vigiada e ainda me sentir presa. Sentia falta da minha vida antes e da minha namorada. Além de não gostar nem um pouco da forma como tudo estava agora, cada dia ficava mais insuportável. Eu não sentia mais vontade de comer, viver, me mover, ou de qualquer outra coisa, apenas fazia tudo no automático, porque precisava. Me segurava na esperança de saber que Normani esperava por mim, que ainda estava apaixonada e queria estar comigo, assim, sempre que ficava muito difícil, imaginava o dia que a veria novamente e me apegava nessa imaginação.

Em casa, o clima seguia pesado, sem sinais de melhoras, e eu precisava aguentar os olhares de nojo da minha mãe e suas palavras rudes que saíam a todo momento, enquanto meu pai apenas ficava quieto. Entre isso, criei uma nova rotina, logo na primeira semana de volta às aulas. De manhã fugia de Siope, de tarde estudava em casa, de noite chorava, ou ia para a Igreja nos dias das sessões, e na quarta ficava até mais tarde na escola para reunião do projeto.

Na terça, durante a sessão, eu simplesmente não abri a boca, fingi que nem ouvia as perguntas do pastor ou suas rezas. Na de quinta, apareceu a pastora e meu silêncio foi ainda maior, pois simplesmente sentei no sofá, cruzei as pernas e permaneci de olhos fechados até que fosse liberada. Aquilo a irritou profundamente, pois pediu para conversar com minha mãe logo após e, na volta para casa, percebi que o clima havia piorado e a mulher estava irritada.