Capítulo XXXVI - Maioridade

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Música: Partition - Beyoncé


* * *

P.O.V NORMANI



- Dinah já subiu a mais de uma hora, que demora - Funaki disse emburrada cruzando os braços, igualzinho já vi Seth fazendo. - Queria tanto poder ir com vocês também.

Era louco como seis pessoas diferentes poderiam ter tantas semelhanças e ainda assim serem únicos. O mais lindo é a forma como eles são ligados, tanto que era perceptível a dor de Dinah nos últimos dias e a diferença gritante de hoje brincando e rindo com os irmãos. Se ela quisesse mais 50 festas surpresas só para rir daquele jeito, eu faria umas muito mais grandiosas.

- Cresce primeiro, Funaki - Sinu disse sentada do outro lado da mesa redonda onde estávamos.

- Já cresci, tenho 16 anos - eu ri. Funaki era a típica adolescente engraçada e me divertia muito, até nos aproximamos com o contato para planejar o dia de hoje. Porém, toda sua graça não excluía o fato de, assim com Dinah, ter precisado amadurecer cedo e saber ser bastante séria quando necessário.

- No seu de 18 nós vamos também, ok - prometi, mas ela só me olhou com desânimo.

- Ainda falta 1 ano e 3 meses pra isso.

- Acredite, passa mais rápido do que você gostaria - Dylan, sentado ao meu lado, disse distraído no seu celular antes de me olhar. - Sua mãe está dizendo que você sumiu, tem falado com ela?

- Eu sumir pra ela só quer dizer que não mandei mensagem desde ontem, não ligue pro drama - revirei os olhos tomando um gole do refrigerante do meu copo. Estava doida para chegarmos na boate e ter álcool.

- Como é sua relação com seus pais, Normani? - Alejandro questionou curioso.

- Com meu pai é ótima e com minha mãe é um pouco de lua, mas sempre nos entendemos.

- E o que eles acham sobre sua relação com a Dinah?

- Não sei se eles tenham algo o que achar, já passei da fase de se intrometerem nas minhas relações.

- Isso não importa pra quem é pai de verdade, sempre nos intrometeremos. Eles, com certeza, acham algo - ele dizia com a voz dura e séria, como se me cobrasse respostas, o que fez, automaticamente, o clima do ambiente pesar um pouco e todos em volta passarem a ficar atentos em nós dois. - Você é uma mulher mais velha e com a vida feita namorando uma garota mais nova, de comunidade e com a vida desestruturada, eles vão ter uma opinião sobre isso - arqueei a sobrancelha, ficando tão séria quanto ele e mantendo a postura. Odiava quando alguém pautava as diferenças entre eu e Dinah, pois as coisas já eram complicadas o suficiente e tínhamos plena noção disso, então poderiam apenas entender que não nos importava. Na realidade, nem tinha porque Alejandro trazer aquele assunto átona no meio de um aniversário. - Ou não a assumiu e eles nem sabem?

- É claro que sabem.

- Pois bem. Só estou perguntando, Normani, porque Dinah é como se fosse minha filha e se o idiota do pai dela não procurou saber com quem ela está se relacionando, eu vou. Agora que as coisas estão se tranquilizando quero ter certeza que saiba que ela é amada e protegida e não vou deixar que ninguém a machuque mais, ou que ela seja um segredo. Ela merece muito mais e merece ser levada a sério.

- Eu nunca a machucaria. Meus pais sempre souberam. Ainda não tive a oportunidade de a apresentar ao meu pai, mas ele já gosta da Dinah e ela conheceu minha mãe, que não aprova tanto. Não foi em um momento muito bom da minha família, então pretendo refazer isso.

- E vai levar isso pra frente mesmo que sua mãe não aprove pra desafiá-la, ou porque realmente gosta da Dinah?

- Porque a amo - entendia que ele queria proteger minha namorada, mas, pelo amor, eu não era uma adolescente mimada que queria desafiar os pais e isso já deveria estar claro. - Estou realmente comprometida com a Dinah, tudo que faço é porque a amo.

- Ótimo, é bom saber disso - respondeu finalizando o assunto e tomando um gole do seu copo.

- Quando ele teve essa conversa comigo me ameaçou, com você foi ótimo - Lauren fez uma careta que não só aliviou o clima, como ainda arrancou algumas risadinhas pela mesa.

- Papai está vindo nos buscar - Funaki disse olhando pro celular. - Já está ficando tarde e ele não quer a gente voltando sozinhos.

- Vou chamar as crianças - Alejandro sorriu se levantando.

- Ok, se preparem, pois estamos lindas! - ouvi a voz de Camila gritando do corredor e as três finalmente aparecerem.

A latina havia se ajeitado por ter desarrumado brincando com os mais novos e estava linda, mas eu não conseguia olhar ninguém além de Dinah. Ela deveria ser a mulher mais linda do planeta, pois roubou toda minha atenção e arrancou meu oxigênio apenas ao entrar na cozinha. Não apenas linda, o que era normal para ela, ainda estava sexy pra caralho e eu só quis pular para o momento que a levaria para o meu apartamento e transariamos por horas.

- Limpa a baba, Mani - Dy sussurrou no meu ouvido. - Vou chamar o carro que reservei.

Fomos todos para a sala aguardar o pai dos Hansen e o carro, deixando o cômodo uma bagunça. Entre conversas, risadas e todos querendo checar se estava tudo certo para sair, eu nem consegui chegar até Dinah para dizer o quão maravilhosa ela estava. Assim, apenas a observava do outro lado do cômodo, próxima a porta, ninando Seth que dormia em seu ombro, enquanto eu esperava Regina, sentada no meu colo brincando com meus anéis, ser vencida pelo sono. Foi quando recebi uma mensagem da minha secretária pedindo desculpas pelo horário e dando a melhor noticia possível, me levando a pegar Regina nos braços, levar do sofá e caminhar até Camila que mexia no celular parada ao lado de Dinah.

- Mila? - as duas me olharam curiosas e precisei me esforçar muito para manter o olhar em Camila. Dinah era absurdamente linda e me atraía demais, inferno. - Tenho uma noticia perfeita que vai alegrar o fim de semana da sua mãe.

- O que?

- Ela conseguiu o emprego na empresa. Vão ligar para comunicar oficialmente segunda de manhã, mas pedi pra minha secretária ir me atualizando e ela acabou de contar. Ela vai ser secretária de sei lá quem do setor de comunicação, não sei detalhes.

- Você ta brincando comigo? - Camila não se conteve nem um pouco e apenas ri negando antes de receber um abraço de lado, já que tinha uma criança quase dormindo no meu colo. - Obrigada, Mani, vou contar a ela agora.

Observei Camila sair em disparada em busca da mãe e me virei para focar na mulher mais linda a minha frente que me encarava radiante.

- Obrigada. Você é perfeita.

- Não fiz nada, Dih.

- Você fez tudo, Mani, não basta revolucionar minha vida, ainda se importa com as pessoas que estão nela. Pode parecer pouco, mas um emprego muda tudo.

- Eu sei que não é pouco, mas Sinu conseguiu sozinha, de verdade.

- Eu te amo tanto.

- Te amo mais, Mufasa. Queria poder te beijar agora.

- Não seja por isso - com jeitinho, o que era raro para Dinah Jane, ela se aproximou e me deu um selinho de lado para não atrapalhar o sono das crianças.

No mesmo segundo, Dylan gritou que o carro havia chegado e Funaki que estava na hora de irem, iniciando uma gritaria de gente querendo ver se pegou tudo e despedida, o que poderia facilmente ter acordado Regina e Seth, se Dinah não tivesse aberto a porta e me chamado para esperarmos na calçada. Seguimos para fora da varanda, porém, seus passos pararam assim que desceram o primeiro degrau e ela olhou para frente atônita, me levando a fazer o mesmo. O carro e motorista da noite estavam parados em frente a casa e, encostado na cerca do quintal, se virando para nós, estava Gordon. Pela sua expressão pude constatar que ela não sabia que ele viria e, para completar, era a primeira vez que se viam desde o dia em que ele se acovardou.

- Ele veio buscar seus irmãos por causa do horário - expliquei chamando sua atenção para mim. - Está tudo bem? Quer entrar de novo?

- Está tudo bem - respirou fundo e ajeitou a postura antes de voltar a andar calma e decidida.

Segui em seu alcance até ela estar frente a frente ao homem, mas com passos de distância entre os dois, como se quisesse permanecer bem longe dele. Se encararam tensos por um momento e foi fácil ver o nervosismo de Gordon. Ele respirava rápido e forte, uma de suas pernas tremia, uma fina camada de suor podia ser percebida em sua testa e ainda começou a abrir a boca sem saber o que falar.

- Boa noite - disse por fim.

- Boa noite - respondeu Dinah com um tom seco e cordial, o que não era nada do seu feitio. - As crianças já estão vindo.

- Tudo bem. Eu já estava aqui esperando há uns minutos mesmo, não quis entrar e atrapalhar. Alejandro, provavelmente, nem iria me querer na casa dele também - deu um sorriso sem graça, mas Dinah nada respondeu. Ela manteve até uma expressão impassível que o deixou mais nervoso e o fez voltar a falar. - Você gostou da sua festa?

- Sim.

- Como foi?

- A melhor que já tive.

- Melhor? Você costumava gostar muito da que teve aos 10 anos e dizia que nenhuma superaria. Lembra?

Olhei para o lado vendo o resto do pessoal se aproximando e Funaki adiantando os passos ao perceber o encontro que acontecia.

- Não e fico surpresa que você lembre. Afinal, fiquei sabendo que as fotos e lembranças não existem mais, não é? - Dinah, definitivamente, não estava para brincadeira. Gordon piscou pesadamente como quem tinha sido pego de surpresa e abaixou a cabeça parecendo envergonhado, o que realmente deveria estar.

- Está tudo bem aqui? - Funaki questionou preocupada e observei rapidamente os outros ficarem tensos um pouco mais atrás, enquanto Sinu e Alejandro assistiam da porta.

- Está. Vamos embora? - o homem disse com a voz fraca olhando a filha antes de tentar se aproximar de Dinah. - Posso pegar ele pr...

- Naki, toma o Seth - ignorou o mais velho dando um passo em direção a irmã e entregando o pequeno. - Ele correu tanto que só acorda amanhã. Me avisa quando chegarem em casa, ok?

A loira de um beijo na menina adormecida nos meus braços e se despediu dos gêmeos, enquanto eu entregava Regina a Gordon. Kaukava, doce como a irmã mais velha, me deu um abraço muito caloroso e Kamila se limitou em acenar como despedida antes deles irem para o lado do pai.

- Vai no nosso prédio nos ver segunda, DJ?

- Vou tentar, Kau, mas vamos nos falamos, ok? Se cuidem.

- Você pode ir vê-los quando quiser - Gordon voltou a falar com uma voz insegura que me dava vontade de dormir de tão tediosa. - Acabou isso de não poder ficar perto dos seus irmãos, até de Regina e Seth. Pode ver na escola, levar eles pra brincar ou sair, como hoje cedo, ou ir lá em casa. Já deixei avisado lá que você sempre será bem-vinda.

- Ah, agora sou bem vinda?

- Dih... - segurei sua mão e ela me olhou por um segundo percebendo meu pedido mudo para ir com calma. Ela tinha muitos motivos para estar brava, mas não era o melhor momento. Contrariada, Dinah revirou os olhos e voltou a encarar o homem a nossa frente com desgosto.

- Tudo bem, obrigada.

- Não é nada. Está saindo pra comemorar mais? - Gordon também poderia fazer o favor de se tocar e ir embora logo.

- Sim.

- Espero que se divirta. Maioridade é algo grande, heim.

- Pois é.

- Feliz aniversário, Dinah. Você está linda.

- Obrigada.

- Tio, vou aproveitar que está indo e acompanhar. Preciso trabalhar essa madrugada - agradeci mentalmente ao Kalil por interromper o momento constrangedor, se despedindo de Dinah calorosamente e me cumprimentando, levando Gordon a ir embora.

- Boa noite a todos - ele disse antes de dar as costas.

Observamos a partida até que atravessassem a rua e, só então, Ally anunciou que nos esperariam dentro do carro, me dando um tempo com Dinah que se virou para mim séria e, obviamente, abalada pelo momento.

- Está bem?

- Sim, só to brava. Agora sou bem vinda pra visitar? Pelo amor de Deus!

- É absurdo, mas, pelo menos, agora deve ficar mais fácil de ver seus irmãos e isso que importa.

- Eu sei - respirou fundo e fechou os olhos por um instante que aproveitei para envolver seu corpo em um abraço e deixar que enfiasse o rosto no meu pescoço. - Podemos ir? Não quero que nada estrague nossa noite.

- Claro que sim, amor.

Quando entravamos no carro de 8 lugares, Dylan estourou um champanhe que fez Dinah dar um salto de susto. O caminho inteiro foi muito divertido e não demorou até minha namorada se aliviar da tensão pelo acontecimento anterior. Assim que chegamos na balada, pude ver a mesma abrir a boca surpresa e apertar mais minha mão que segurava sua, me causando uma gargalhada. Estávamos em um dos locais mais luxuosos e devassos de L.A, onde funcionários circulavam de lingerie e por todo lado haviam artistas renomados perdendo a linha.

- Garotas, a única regra deste lugar é: o que verem aqui, fica aqui - Dylan disse sorrindo sacana para as três mais novas.

Seguimos para uma das cabines da área vip, único lugar que havia alguma privacidade, onde Melanie e Alysha deveriam apenas estar nos esperando, mas estavam se pegando forte. Imediatamente, se separaram risonhas e vieram parabenizar Dinah com palavras confusas que demonstrava o nível do álcool. Não querendo enrolar para alcançá-las, começamos a beber, nos divertirmos muito e caímos na pista. Acabei perdendo total noção do tempo enquanto passamos horas dançando e, em algum momento da noite, percebi que quem estava perdendo a linha era Dinah com bebida e que alguém precisaria cuidar dela.

- Dinah! - Melanie, após sair com Alysha dizendo que pegariam mais bebidas, retornou ao nosso grupo, na pista, gritando e com mãos vazias. - Temos um presente de aniversário pra você.

- Presente? O que é?

- Normani é a única mulher que beijou e fez qualquer coisa na vida, não é? - Alysha questionou, enquanto eu ficava confusa e Dinah assentia com receio. Coisa boa não vinha. - Então precisa disso, vem com a gente.

- Ei, calma aí! - me intrometi quando avançaram para a puxar. - Que papo é esse? Onde estão levando ela?

- Normani, só fica de boa aí, ok. É surpresa.

- Você é ótima, Mani, mas ela está fazendo 18 e precisa de novas experiências.

- Que tipo de novas experiências, Mel?

- Você vai ver, fica aí. Vem, Dinah.

Everlasting Love - NorminahOnde histórias criam vida. Descubra agora