Everlasting Love - Norminah

Capítulo XLV - Formatura

Música: 1000 Hands

* * *

Talvez uma das partes mais controvérsias do meu trabalho fosse andar pelos corredores fingindo que eu sabia exatamente o que estava fazendo ali enquanto todos me olhavam com respeito, sendo que, na verdade, muitos deles provavelmente se saíram melhores que eu. Não que eu estivesse sendo um horror ou cometendo erros graves, só não era um dos meus melhores momentos profissionalmente e, definitivamente, poderia ser melhor. Contudo, eu sabia que não podia sair da personagem, então continuei andando com atitude até estar de frente para mesa de Sinu e tomar sua atenção.

- Ei, está pronta para irmos?

- Não posso ir.

- Por que? Sua filha e afilhada estão apresentando um puta trabalho em um dos maiores eventos de ciência do estado, é claro que pode ir assistir.

-  Estou lotada de trabalho – lamentou.

- Sem chance, avisei que era para te liberarem.

- Pelo visto, não funcionou.

- Até parece, se eu falo tem que funcionar – passei por ela caminhando até a sala do homem de quem era secretária e já abrindo a porta. Eu, provavelmente, era chefe do chefe do chefe desse cara, ou seja, não fazia menor ideia de quem ele era, até porque era impossível saber todos que trabalhavam para minha família. A única coisa que sabia dele, pois descobri agora, é que era branco, relativamente jovem, usava uma roupa social que parecia bem cara, e o relógio mais ainda, que estava fumando, de costas para porta, e encarava um painel que passava um vídeo da empresa bem na frente. – Temos ordens explícitas para não fumar nas áreas internas dessa empresa.

- Quem é você pra entrar aqui sem ba... Oh! – ficou mais branco do que já era ao virar e me ver. – Senhora Kordei! No que posso ajudar?

- Acredito que já tenha visto as diversas placas pelas paredes que avisam ser proibido fumar dentro dos prédios e que conheça as regras, estou certa?

- Sim, senhora.

- Então por que esse cigarro ainda está acesso?

- Sinto muito! – apagou com presa no cinzeiro ao lado. – Achei que não causaria mal algum estando sozinho e dentro da sala.

- Se acontece algum acidente, um simples cigarro acesso é o suficiente para gerar um fogo que pode se espalhar por todo canto. Está colocando a sua vida, dos seus colegas e a minha em risco. Temos áreas externas, use-as.

- Sim, senhora, desculpe.

- Acredito que minha secretária tenha avisado que Sinu sairia mais cedo comigo.

- Ela só disse que sairia para sei lá o que de filha, mas eu preciso dela, temos muito trabalho e não sabia que seria com a senhora.

- “Sei lá o que”? Você não tem filhos, não é?

- Não e nem pretendo.