Capítulo XLIII - Desaparecida

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Música: Take Care - Drake ft. Rihanna

* * *

-

DJ, acha que Normani vai ficar triste por irmos embora? Eu gosto muito dela, não quero que fique. Também não quero deixar de ver vocês, vão nos visitar sempre, não é? – Kaukava falava tão rápido que Dinah até parou de procurar a chave na mochila para prestar atenção e entender melhor.

Os três mais novos estavam absurdamente agitados e não pararam quietos nem no carro enquanto voltavam para o apartamento e muito menos enquanto esperavam ela abrir a porta.

- Tá doido, garoto? – Funaki se intrometeu. – Normani vai é ficar felizona e até dar uma festa por não ter mais duas crianças chatas o dia inteiro na casa dela.

- A festa vai ser é por se livrar da adolescente rabugenta – Kamila mostrou língua para irmã que devolveu.

- Ela não vai ficar nenhum dois – Dinah sorriu pelo carinho do irmão pela namorada. – Ela fica feliz vendo as pessoas que gosta feliz e sei que gosta muito de vocês, só isso.

- Então abre isso logo, quero contar pra ela.

- É, eu também – Kamila pediu ansiosa levando Funaki e Dinah a se olharem surpresas.

Dinah virou para a maçaneta, ao finalmente encontrar a chave, sorrindo como uma boba, sua namorada tinha conquistado as pessoas mais importantes da sua vida e era loucura ter pensado que não seria assim, até porque não existia ser humano mais charmoso e divertido que Normani. Assim que abriu a porta, foi atropelada pelos gêmeos correndo para dentro chamando pela empresária e Funaki os seguindo rindo. O sorriso bobo só aumento quando chegou na entrada da sala e encontrou Normani deixando uma taça de vinho na mesinha de centro e devolvendo o abraço apertado de Kaukava, antes de o ouvir gritar rápido e alegremente junto com a irmã.

- Gente, sei que estão animados, mas sejam educados e cumprimentem Ally também – Funaki disse e, só então, Dinah conseguiu tirar os olhos do seu amor e notar Allyson sorrindo, segurando sua própria taça e com as pernas cruzadas em cima do sofá maior.

- Eu não entendi nada que eles falaram – Normani disse rindo para a cunhada, enquanto os gêmeos se distraiam com sua melhor amiga.

- Basicamente estão felizes que conseguimos nossa casa de volta – explicou dando pulinhos de felicidade.

- Conseguiram? Como assim? – tentou disfarçar o nervosismo que o vinho e Ally haviam demorado para tirar dela e agora atacava outra vez.

- Papai fez um acordo com o banco.

- Uau! Isso é ótimo! Mas como assim um acordo com o banco? – quis se certificar do quanto eles sabiam.

- Eu te explico depois, amor – Dinah disse ainda observando de longe.

- Precisamos ir arrumar nossas coisas, já voltamos pra casa amanhã – Kaukava pulava de alegria. – Vou sentir sua falta, Mani.

- Eu também, Kau – bagunçou o cabelo dele. – Mas ainda vamos nos ver sempre, não se preocupe e podem vir aqui quando quiserem.

- Vai ser legal, mas vamos arrumar as coisas logo – Kamila disse puxando o irmão escada acima.

- Gente, não corram, vão se machucar! – Funaki gritou. – Argh! Vou subir para ter certeza que não vão bagunçar mais do que arrumar – saiu resmungando e deixando as outras três rindo.

- Acho que está na minha hora – Ally virou o resto do vinho se levantando antes de deixar a taça na mesa.

- O que? Não, fique! – Normani olhou desesperada para a menor que riu.

- Bear... – se aproximou abraçando sua cintura e sussurrando no ouvido. – Vai ter que enfrentar a fera sozinha, mas antes veja a felicidade dessas crianças e o sorriso bobo na cara da tua mulher e pense se realmente precisa de todo esse nervoso ou de abrir essa boca enorme – se afastou. – Agora tchau, boa noite.

- Odeio você – a observou pegando a bolsa em cima do sofá e indo em direção a porta. – Odeio pra caralho!

- Eu te amo! Oi, Dinah – parou ao lado da loira dando um abraço e beijo rápido. –Tchau, Dinah.

- Tchau – riu a olhando sair e virou para a namorada. – Ela foi porque chegamos?

- Não, Ally só é louca, não ligue pra ela. Então, está feliz?

- Muito! – caminhou até largar a mochila no sofá e passar os braços na cintura de Normani para um abraço.

- E está tudo bem? Como isso aconteceu? – sentiu o nariz da loira passeando em seu pescoço e iniciou um cafuné na cabeleira enquanto sentia a leveza que aqueles braços a forneciam.

- Vamos subir e te conto.

As mulheres sentaram frente a frente na cama, com as mãos acariciando uma a outra sem conseguirem manter longes, e Dinah contou cada detalhe da sua noite. Normani também fez questão de saber como tinha sido sua última prova e último dia na escola e quando perceberam já estavam deitadas abraçadas e sorrindo como idiotas enquanto conversavam. Como ninguém era capaz e sem nem fazer ideia do que se passava, Dinah tranquilizou Normani de forma surreal.

- Ninguém vai estragar isso, não é? – a mais nova perguntou após alguns segundos de silencio. – Meus irmãos estão tão felizes, só quero garantir que tudo fique bem.

- Vai ficar, Dih. Nada vai ser estragado mais – não sabia se dizia mais para si mesma ou para a outra, mas tentava acreditar fielmente naquilo.

- Espero. Vou tomar um banho – a beijou rapidamente antes de levantar e caminhar para o banheiro.

Enquanto esperava a namorada, Normani manteve os olhos no teto refletindo. Antes tinha certeza que contaria assim que Dinah chegasse em casa, mas agora não sabia mais se valia a pena. Estavam todos tão felizes que não queria atingir nenhuma parte disso. Além do que, o objetivo havia sido cumprido: Gordon e Milika não falaram nada e o segredo estava guardado, então pra que contar agora que havia dado certo? Entretanto, como esconder algo odiando segredos tanto quanto sabia que Dinah odiava também. A omissão a longo prazo podia ser pior do que enfrentar os medos que barram a verdade.

Se afundou tanto em dúvidas que nem reparou em Dinah saindo do quarto só de toalha e, após, saindo do closet de short de moletom e camiseta até despertar com peso do corpo sentando em sua cintura. Instantaneamente, a mais nova tomou sua atenção e ela sorriu sob olhar profundo com o qual era encarada.

- O que foi?

- Você é estupidamente linda, Manz.

- Não tanto quanto você – deixou as mãos escorregarem pela coxa polinésia.

- Você é muito mais, chega a ser... Surreal – o sorriso abobado pela paixão ficou imediatamente malicioso ao olhar para os dedos entrando pela barra do seu short e sentir as unhas arranhando levemente a coxa. – Preciso acordar cedo amanhã.

- Pra que? É seu primeiro dia de férias.

- A mudança vai ser cedo – piscou pesadamente a sentindo apertar o local. – Preciso levar as crianças e ajudar também. Devemos sair antes de você acordar.

- Vou acordar junto pra me despedir deles. Mas isso nunca nos impediu antes, está cansada?

- Até estava, mas te olhando... – suspirou apaixonada – Droga, Normani!

A empresária riu com a mulher abaixando e capturando seus lábios. Não demorou nada para suas línguas se encontrarem, o calor irradiarem os corpos e o desespero para se terem tomar conta. Porém, ao mesmo tempo, tentavam fazer cada movimento o mais devagar possível querendo não perder nada uma da outra e aproveitarem todos os segundos e toques. Podiam não ter tocado no assunto ainda, mas ambas desejavam que fossem para sempre e, por mais que soubessem que ainda se provariam por muitas mais vezes, todas eram especiais e mereciam a devida atenção.

Assim, as mãos de Normani fizeram um caminho lento para a bunda de Dinah e apertou o local com firmeza, fazendo com que ela soltasse um gemido, que julgou absurdamente gostoso, em sua boca. Querendo avançar junto, Dinah subiu os dedos lentamente por dentro da blusa de Normani até ter um seio em mãos e acaricia-lo. Ao mesmo tempo, começou a descer os beijos para o pescoço, mas não conseguiu ir muito longe antes de Normani impulsionar a perna, as virar na cama para ficar por cima e puxar seu joelho para encaixar na cintura. Os lábios não paravam de se buscarem e, aos poucos, os corpos iam se entrelaçando entre suspiros fortes e muito desejo, os quais foram interrompidos com uma batida.

- Amor, a porta – Normani tentou se afastar.

- Ignora – puxou o rosto para tentar voltar ao beijo, mas Normani parou novamente.

- Seus irmãos podem estar precisando de alguma coisa, vai ver – sorriu com ela revirando os olhos e deixou um beijo na bochecha antes de se jogar para o lado. – Vai logo.

- Que saco, o que eles querem essa hora? – resmungou indo até a porta e dando de cara com Kaukava ao abrir. – O que foi?

- Posso falar com a Mani?

- Agora? – se indignou. – Pra que?

- Pode entrar, Kau! – falou alto para cortar Dinah e sentou na cama vendo o menino empurrar a irmã e entrar. – Senta aqui. Está tudo bem?

- Sim – concordou subindo na cama e se acomodando de frente para a mulher. – Só queria te agradecer. Funaki e Kamila devem fazer o mesmo amanhã, mas não estava conseguindo dormir sem falar com você.

- Me agradecer pelo o que? – riu. – Deixa disso.

- Você recebeu a gente aqui quando precisamos e fez essa semana ser o mais legal que pode, mesmo as coisas estando um lixo. Podia só ter largado eu e Kamila aqui, mas não. Tu ainda cuida e protege minha irmã e eu prometi que ia proteger ela da mãe e do pai, mas não fiz e você fez, então obrigada.

- Você só tem 12 anos, meu anjo, não precisa proteger ninguém. A gente quem tem que cuidar de você, então não tem do que agradecer. A única coisa que quero é que não esqueça que pode vir pra cá sempre que precisar ou quiser. Se algo acontecer, qualquer coisa, você tem meu número e sabe onde me encontrar.

- Se as coisas estiverem tão ruins quando voltarmos quanto estavam quando saímos de casa, eu vou querer sempre.

- Então vai poder vir sempre – sorriu e o puxou para um abraço que só acabou ao depositar um beijo no topo da cabeça. – Vai dormir agora, já tá tarde – o menino concordou e saiu correndo do quarto dizendo boa noite. Normani observou Dinah sorrir encantada antes de fechar a porta e andar até a lateral da cama. – Ele é tão fofo e parece estar tão feliz.

- Ele está e é muito fofo mesmo, o que amo porque torna mais fácil zoar até ele chorar – riu sapeca.

- Você é a pior, Dinah Jane – riu indo até a beirada da cama e abraçando a cintura de Dinah que se inclinou para beijá-la.

- Ei! – afastou rapidamente. – Você disse que queria conversar comigo e me contar alguma coisa.

- O que? – seu coração palpitou, era a oportunidade perfeita para contar, mas voltou a se perguntar se deveria.

- Mais cedo queria muito me contar algo – acariciou suas bochechas. – O que era?

- Nada – disse após respirar profundamente. – Já está tudo bem. Agora vem aqui, quero tirar essa tua roupa logo.

Normani se jogou para trás puxando Dinah junto e a fazendo rir. As bocas se encontraram, as mãos começaram a passear pelos corpos, as roupas iam sendo jogadas ao chão e, mais uma vez, concretizavam o amor. Talvez em nome do próprio amor, que floresce com raízes criadas na honestidade, Normani teria que contar a verdade uma hora, mas não esta noite. Esta noite ela foderia sua mulher até que pingassem todo suor resultante do sentimento que seus corações gritavam.


* * *


Quando a metade da manhã de sábado chegou, Dinah corria pelo gramado em frente a casa da família com os irmãos, Sofia e os melhores amigos. Havia acordado assim que o sol nasceu, assistido Normani se despedir dos mais novos e sentido seu coração aquecer ao ver Kamila a abraçar sorrindo. Após atravessarem a cidade e carregarem tudo da casa de Sinu para a dos Hansen, com o auxílio apenas do carro que Lauren usava dos pais, aguardavam Gordon chegar com a chave brincando pela rua em frente. Assim que sentiu o cansaço bater, se jogou sentada na grama e fechou os olhos para aproveitar o sol forte que L.A oferecia em Julho, mas logo foi desperta pelos amigos se jogando ao seu lado.

- Eu não tenho mais energia pra essas crianças – Camila comentou.

- Saudades de quando nós éramos as crianças – Kalil respondeu.

- Você está bem, DJ? – Lauren estranhou a feição da amiga.

- Estou cansada, acho que se dormi 2h essa noite foi muito.

- O que ficou fazendo a madrugada inteira? – a latina estranhou.

- Advinha, Mila, maratonando série que nem eu que ela não estava – o garoto riu.

- Ela estava é maratonando uma série de trepadas – Lauren o acompanhou.

- Vocês são tão escrotos – Dinah negou com a cabeça sorrindo.

- Quem diria que a quietinha da Dinah viraria a que mais transa entre nós – Camila também riu.

- Não sei se ela supera você e Lauren, mas com certeza é mais que eu.

- Ela com certeza supera, eu e Lauren vivemos tentando nos esquivar dos nossos pais. Dinah pode fazer a hora que bem quiser.

- Não é assim, Mila. Eu só vejo Normani durante a noite, então é o único horário que nos resta. E, sinceramente, como resistir aquela mulher? Toda vez que ela me olha sinto vontade de amar ela mais ainda.

- Resumindo, ela é gostosa.

- Vocês são tão intensas – Kalil refletiu.

- Como assim? – a polinésia questionou.
- Não convivi muito com vocês, mas do jeito que ela te olha e cuida parece estar disposta a pular na frente de uma bala por você.

- Isso é ruim?

- Parece demais.

- Não parece quando estamos juntas. Sinto que não seria capaz de viver mais sem ela ao mesmo tempo que nosso amor é leve. É como uma brisa, entende? É simples e algo que quero pela eternidade.

- Ela sabe disso?

- Nunca conversamos sobre o futuro, mas sei que nos amamos e não imagino algo que poderia nos levar a terminar, então nunca senti a necessidade de falar. Acho que é subentendido. Eu sei que ainda vou casar com aquela mulher.

- Sabe que nós seremos madrinhas e padrinho, não é? – Camila a olhou ameaçadoramente fazendo a amiga rir.

- Até porque não teria mais ninguém pra isso – respondeu e olhou a amiga sorrir orgulhosa. – E você, Kalil? Precisa de uma namorada também.

- Não tenho tempo pra isso, DJ, estou focado demais em cuidar da minha família e me certificar de que as coisas nunca fiquem ruins novamente.

- Você só tem feito isso, Ka, mas precisa viver também – a latina abraçou o garoto pelos ombros.

- Concordo com a Camila. Família é o que mais importa, mas se não parar as vezes e olhar ao redor vai perder tanta coisa.

- Achei que me entenderia, DJ, fazia a mesma coisa que eu. Agora se arrepende?

- Não me arrependo de nada, de certa forma tudo que fiz e cada escolha me trouxeram para onde estou agora e, apesar dos pesares, amo isso.

- Mesmo tendo perdido seus pais?

- Não perdi meus pais – olhou para Milika que ria conversando com Sinu e Alejandro. – Perdi pessoas que nunca me amariam sendo quem sou e o problema disso é deles, não meu. Além do que, eu e Milika estamos ficando boas em nos ignorar, perceberam? Desde que ameacei tomar a guarda dos meus irmãos que nem nos olhamos. Ela queria que eu nunca tivesse existido e faço questão de fingir que realmente não existi na vida dela. É uma droga, mas é isso – desviou o olhar da mãe e voltou para os amigos com um sorriso. – Enfim, você precisa transar também.

- Dinah está certa – Camila começou a descer as mãos do ombro para dentro da camisa do amigo. – Se eu não tivesse namorada e gostasse de homem, faria você numa boa, olha como tá gostoso.

- Camila! – os três gritaram juntos e todos riram.

- Sua nojenta, somos quase irmãos – Kalil jogou Camila num gramado e começou a lhe fazer cocegas enquanto riam.

No mesmo minuto, Gordon apontou na esquina balançando a chave em mãos e as crianças correram para encontra-lo. Kalil, Camila e Lauren levantaram prontas para começarem a ajudar, mas tudo que Dinah fez foi sacar o celular do bolso e abrir a última foto que tirou de Normani há alguns dias atrás, quando levaram os irmãos na praia e na cafeteria que foram a primeira vez que saíram. A qualidade não era das melhores por ter tirado no seu próprio aparelho, mas podia observar a namorada sorrindo sentada de frente a ela e deu um zoom no que considerava o sorriso mais lindo do mundo.

Pensou que talvez era um bom dia para fazer algo para Normani. Poderia chegar em casa, tomar um bom banho, cozinhar, acender algumas velas e criar o perfeito clima de romance. Afinal, tudo parecia ser acertar, pois seus irmãos tinham a casa de volta e, literalmente, davam pulos de alegria, estava no melhor momento com seus amigos e só precisaria se preocupar com a vida acadêmica novamente após o final de semana para se preparar para apresentação do seu trabalho. Ou seja, o momento perfeito para aproveitar o amor, tentar recompensar a namorada por toda a loucura que passavam e dizer a ela o quanto a queria para sempre, pois, pela primeira vez em muito tempo, sentia uma vontade absurda de planejar o futuro e não conseguia o enxergar sem Normani.

- Dinah! – despertou dos seus pensamentos com o grito de Funaki e olhou para irmã que segurava uma caixa. – Levanta daí, garota, a gente tem mais o que fazer.

Observou que o pai já destrancava o portão e deu um salto para começar a ajudar. Guardou o celular sorrindo e aguardando ansiosamente a hora de voltar para o seu novo lar. Infelizmente, ainda precisariam buscar as coisas na Igreja também, mas torcia para que o tempo voasse. Com esse pensamento, passou os próximos minutos descarregando caixas e deixando na sala com metade do grupo, enquanto a outra metade subia com o que fosse necessário.

Em um desses momentos, Sinu descia a escada encontrando a sala vazia. Alguns estavam no andar de cima e, pela janela, pode observar os outros rindo na calçada. Foi quando viu uma pequena pilha de papéis no balcão da cozinha e encarou curiosa. Sabia que não tinha direito de mexer em algo que não era seu, mas qualquer coisa que pudesse comprovar que sua teoria estava certa seria de grande ajuda. Sentia uma necessidade imensa de proteger Dinah depois de tudo que Gordon e Milika fizeram e saber que algo era escondido dela era um grande incomodo. Por isso, não resistiu em folear os documentos até encontrar exatamente o que procurava, a levando a soltar um suspiro com pesar. Queria muito estar errada, mas vendo o nome e assinatura de Normani enquanto pagante não teve mais dúvidas.

- O que está fazendo? – Gordon questionou descendo as escadas e pegando Sinu mexendo em seu documento.

- Esqueceu isso aqui.

- Não esqueci, achei que a pasta de documentos já estava lá em cima, mas ainda está lá fora e não encontrei para guardar. Mexeu nas minhas coisas?

- Precisa contar para Dinah.

- Isso não é da sua conta, Sinu! – puxou os papéis da mão da mulher. – Não tenho nada para contar.

- Tem sim! Eu vi a folha do pagamento com o nome de Normani, ela pagou por essa casa.

- Não tinha o direito de mexer nas minhas coisas.

- Você está certo, mas isso é algo tão simples, Gordon. Não entendo porque todo esse mistério, por que ela não pode saber?

- Precisa aprender a cuidar da sua vida.

- E você dos seus filhos.

- Eu cuido dos meus filhos da forma que achar melhor! Cuidar deles é tudo que tenho feito nos últimos 18 anos.

- Aposto que Dinah pensa diferente! Você mesmo a julgou tanto por mentir e guardar segredos, mas agora está fazendo o mesmo. Não seja hipócrita.

- Não estou sendo hipócrita, você quem está sendo uma enxerida.

- Estou mesmo e não vou parar até resolvermos isso.

- Não há o que resolver. Essa conversa acaba aqui.

- Não acaba, Gordon! Não precisa guardar segredo, isso já fez muito mal a sua família. Não cansa de tanta falsidade?

- Falsidade? – riu amargamente. – Primeiro hipócrita e agora falso, o que mais tem pra mim? Nunca fui nenhum dos dois.

- Foi sim! Foi falso ontem quando fez todo um discurso agradecendo aos pastores, que mal deixaram suas guardar as coisas com todo espaço que têm, e esqueceu de Dinah que cuidou dos seus filhos e de Normani que resolveu tudo – dizia irritada. – Precisa contar a verdade para Dinah!

- Me contar que verdade? – ambos levaram um susto ao terem a atenção tomada por Dinah que entrava pela porta da sala carregando uma das cadeiras da sala de jantar. – O que Normani resolveu?

- Há quanto tempo está aí? – Gordon perguntou nervoso.

- Acabei de chegar – largou a cadeira no meio do cômodo. – Responde minhas perguntas, o que precisa me contar?

- Na... Nada – tossiu nervoso e saiu andando com os documentos para fora da casa. – Não há nada que você precise saber.

- Tia, do que estavam falando?

- Eu queria muito te contar, querida, mas não cabe a mim. Só que realmente acho que deveria ir até seu pai e questionar.

Dinah encarou Sinu confusa por um instante antes de voltar para a frente da casa. Encontrou Gordon revirando uma das caixas posta em cima do capô do carro e avançou até ele curiosa.

- Gordon! O que precisa me contar? – chegou por trás o fazendo parar de procurar e a olhar.

- Nada! Não escute as besteiras que sua tia fala.

- Tia Sinu nunca fala besteiras. Só fala o que é e porque estavam falando de Normani.

- Só estávamos conversando, Dinah.

- Mentira, não era só isso.

- Meu Deus, por que é assim? Quando cisma com uma coisa ninguém tira da sua cabeça.

- Vai tirar se me falar a verdade.

- Eu não posso! Queria contar, mas não posso, então apenas esqueça.

- O que está havendo aqui? – Milika se aproximou dos dois e Dinah olhou em volta vendo Alejandro e Camila também próximos e Sinu assistindo do portão. – Está tudo bem, Gordon?

- Sinu descobriu e Dinah nos ouviu falar sobre.

- O que minha tia descobriu o que? – perdeu a paciência. – Me diz logo!

- Eu não posso, Dinah! Não po...

- Conte a ela – Milika o interrompeu com a voz tranquila.

- Milika, fizemos um acordo.

- Que acordo? – Dinah se intrometeu completamente confusa.

- Eu sei, mas não tem mais como impedir. Ela vai saber hora ou outra, então fale.

- O que vou saber? Parem de mistério!

- Talvez devesse ligar para Normani e ela pode te explicar melhor – o homem respondeu.

- Não vou ligar pra ninguém, nem entendo o que ela tem haver com isso. Me conta você – observou Milika e Gordon trocarem um olhar cumplice enquanto seu estomago revirava de nervoso.

- Eu estava procurando a pasta de documentos para guardar isso e ninguém descobrir – puxou os documentos colocado ao lado da caixa que vasculhava antes e entregou para Dinah. – É o contrato de compra da casa, a nova escritura e... Enfim, todos os documentos. Se for para as últimas páginas tem a parte do pagamento e vai encontrar a assinatura de Normani. Ela quem comprou a casa de volta para nós.

- O que? – Camila e Alejandro gritaram juntos.

- Ela o que? – a voz de Dinah saía um pouco mais lenta pelo baque enquanto ia para o final do documento e encontrava exatamente o que o pai falou. – Porra! Por que eu não sabia disso?

- Era uma das condições para ela comprar, não podíamos contar.

- Condições? – o olhou chocada.

- Sim, eram só duas. Não contarmos para ninguém e a casa ficar no seu nome e de seus irmãos. Se voltar várias páginas vai ver que eu e Milika assinamos por vocês, já que todos têm menos de 21, mas a casa está no nome dos 6 e não podemos fazer mais nada com ela. Só podem mexer quando Seth completar a maioridade e puderem decidir quaisquer coisas juntos.

- Meu Deus... – Dinah piscou pesadamente quando tudo em sua volta começou a girar. Era um grande segredo para se guardar em um relacionamento em que Normani prometeu que não esconder mais nada. – Por que não podiam contar a ninguém? Não to entendendo.

- Acho que era pra não chegar em você. Ela não queria que soubesse, disse que era muito orgulhosa.

- Mas como ela fez isso? Quando? Por que?

- Deveria conversar com ela, Dinah.

- Estou conversando com você, me responda.

- Eu também não entendi o porque. Ela me procurou no final de semana, nem sei como conseguiu meu número, mas insistiu para nos encontrarmos na segunda. Eu fui achando que seria algo sobre seus irmãos, já que estavam na casa dela, e tomei um choque quando ela disse que queria comprar a casa. O único motivo que deu foi dizer que era o certo a se fazer e que não aguentaria te ver sofrendo longe dos irmãos. Depois a irmã dela, que é advogada, fez tudo. Elas são poderosas, Dinah, e conseguiram adiantar o processo de compra em dias. Foi tudo muito rápido.

- Por que você aceitou?

- Precisávamos da casa, sabe disso. Acha que eu não deveria ter aceitado? Estaríamos indo embora sem isso.

- O que acho que é tia Sinu tem razão, você esqueceu de agradecer as pessoas certas – jogou o cabelo para o lado dando um passo para trás e tentando digerir o que acabava de descobrir. Havia passado uma semana em uma angústia enorme atrás de aluguéis, fazendo provas finais e trabalhando, enquanto guardavam um segredo bem grande de si. – Sabe o que é engraçado? Vocês dois jogaram na nossa cara um milhão de vezes que havíamos destruído essa família e Normani era a causa de todos nossos problemas, mas acabou que ela foi a solução, não é? Imagine onde estaríamos agora sem ela. Pelo menos disse obrigado? – os três se encararam em silêncio levando Dinah a soltar uma risada amarga.

- Cuidado com o que diz – Milika se dirigiu diretamente a ela pela primeira vez em mais de uma semana.

- Cuidado? – revirou os olhos. – Pelo amor de Deus!

- Dinah, por favor... Sei que é muito para se digerir de uma vez, mas isso é algo bom. Ela fez por você e pela sua família – Gordon tentou se aproximar da filha que só se afastou mais.

- Família? Família não esconde as coisas uns dos outros assim.

- Eu sei, mas foi necessário. Me deixe tentar consertar isso. Amanhã é domingo e depois da Igreja faremos um almoço aqui e vocês duas deveriam vir, serão minhas convidadas. Então poderemos sentar, conversar com calma e acertaremos tudo. O que acha?

- Agora quer conversar? – sentiu seus olhos marejarem e o coração ser partido mais uma vez. Um mês atrás isso era tudo que queria, mas agora não tinha certeza de mais nada. – É tarde demais para conversarmos.

- Sei que estou um pouco atrasado, mas me deixa tentar – pediu a olhando profundamente e se encararam por alguns segundos em olhares que trocavam a súplica do homem e toda a mágoa da jovem machucada. – Por favor.

- Eu preciso ir, preciso conversar com Normani – deu as costas e saiu andando totalmente zonza, fora do ar e sentindo milhões de emoções se revirando dentro dela como um vulcão prestes a explodir
.
- Dinah! – Camila puxou seu braço quando já estava na calçada em frente a casa ao lado. – Tem certeza que quer ir assim? Não parece bem, está toda atordoada, talvez devesse sentar e se acalmar primeiro.

- Não se preocupe, Mila, estou bem. Vou para o apartamento conversar com Normani e te mando mensagem mais tarde, ok? – abraçou os ombros da amiga rapidamente e deixou um beijo em sua bochecha. – Te amo. Diga aos meus irmãos que precisei ir embora e cuida deles pra mim, por favor.

- Tudo bem – observou Dinah atravessar a rua e seguir o caminho, enquanto seu coração apertava em agonia. Estranhamente, uma sensação horrível a ocupou assistindo a amiga se afastar e quis correr atrás dela, impedir que fosse embora e a segurar com toda força, mas nem havia motivos para isso, certo?

- Camila! – olhou para trás vendo a namorada a gritar e voltou a olhar o caminho para onde Dinah foi uma última vez antes de dar as costas e seguir para Lauren.


P.O.V NORMANI KORDEI


Era quase 17h do sábado quando consegui tirar os olhos do computador pela primeira vez no dia. Ser presidente de toda uma rede de empresa de finanças, mexendo com o dinheiro de grandes grupos donos de monopólios, pessoas estupidamente importantes e com milhares de empregos era um inferno. Essa semana, em especial, havia sido uma loucura e foi inevitável acumular trabalho e trazer para terminar em casa durante o final de semana. Sentia falta de quando minha responsabilidade se resumia em uma pequena filial em Londres e olha que já era difícil naquela época. Eu continuava me saindo tão bem quanto antes, mas não significa que gostava, pelo contrário, estava odiando cada segundo do meu trabalho e isso o tornava ainda mais irritante e me fazia sentir ainda mais pressionada.

Como já tinha adiantado grande parte e acreditava merecer um descanso, fechei o notebook, larguei a caneta que segurava e espreguicei o corpo antes de levantar e caminhar para fora do escritório segurando apenas meu celular. Fui direto para cozinha observando o apartamento vazio e já senti falta de Kaukava e Kamila jogados no sofá quase o dia inteiro. Eram crianças tão doces que era inevitável gostar de cara, até mesmo da garota que demorou para se quer falar comigo. Nem imaginava ganhar dela um abraçado tão caloroso como ganhei quando nos despedimos de manhã, mas ficava feliz em saber que conquistava mais uma irmã de Dinah.

Sorri feliz por todas as pessoas que ela amava gostarem de mim enquanto pegava pedaço de queijo na geladeira e retornei para sala, me jogando no sofá e desbloqueando meu celular. Precisava me atualizar de tudo que perdi passando o dia inteiro concentrada em trabalhar e estava decidida em pedir um delievery, já que meu estômago não se contentava mais com a única refeição que fiz pela manhã. Foi quando abri a última mensagem que havia recebido:


Funaki: Hey, Mani! Vindo apenas te agradecer, foi incrível o que fez. Tenho certeza que Dinah entenderá, espero que se resolvam logo.

Normani: Do que está falando?


- Porra, que não seja isso... – torci encarando a conversando e agradecendo ao universo pela garota não demorar mais de um minuto para me responder.

Everlasting Love - NorminahOnde histórias criam vida. Descubra agora