Capítulo XXVI - Ela Partiu

359 34 21
                                    

Notas: Primeiro, obrigada pelos comentários no último capítulo, vocês são lindos demais. Agradecimento especial a ManiLoving_bitch que mencionou essa história na fanfic incrível dela que, quem não leu, deve ir ler já. Segundo, vou fazer att dupla e jogar dois capítulos seguidos aqui.
Espero que gostem ♡

Música: Call Out My Name - The Weeknd


* * *

Dinah me deixou.

Eu não conseguia pensar ou sentir nada enquanto dirigia para longe daquele bairro. Sabia que estava chorando, pois a visão embaçada me impedia de enxergar bem a estrada, mas minha mente parecia um grande vazio. Reparei que meus dedos estavam enrugados, tamanha força que seguravam o volante, e tudo que fiz foi empurrar mais o pé contra o acelerador para, ainda assim, parecer que a velocidade não existia. Meu corpo aparentava estar dopado, flutuando entre o tempo e espaço em que as memórias com Dinah ocupavam, mas meu cérebro tinha dificuldades para acompanhar. Resumindo, eu não fazia ideia do que estava acontecendo e constatar isso me fez dirigir mais rápido.

Dinah me deixou.

Repentinamente, minha cabeça pareceu alcançar o mesmo nível do resto e, desde o dia em que conhecia Dinah até o momento que me deixou, todos os instantes com ela passaram como um filme pela minha mente. A agonia vinha junto com cada lembrança e, então, as ondas de dor formaram um tsunami no meu corpo. Meu estômago revirou, minha cabeça latejou, eu estava zonza e confusa, minha visão ficou turva e me senti perdida, porém, nada foi pior que as pontadas fortes no coração.

O desespero ao perceber a dor que me ocupava novamente foi absurdo. Quis poder enfiar a mão no peito e arrancar o músculo inútil que me fazia sofrer. A dor era física e palpável, me fazendo começar a sentir sufocada e não conseguir respirar. Foi quando meus pés fraquejaram e o carro, por muito pouco, não saiu da reta. Antes que colocasse mais alguém em risco, decidi parar no encostamento e sai do carro tentando pegar um pouco de ar.

Na minha cabeça só girava uma única coisa: Dinah terminou comigo. Ela foi muito clara ao dizer que não daríamos certo, que tentar havia sido uma ilusão e precisávamos parar. Ela me deixou e eu não a tinha mais. Mesmo que tivéssemos aproveitado tão pouco e tenha sido o romance mais curto da história, sentia que nunca mais conseguiria respirar. Ali estava eu, outra vez, derrotada por uma mulher, com o coração esmagado e as mãos atadas. Pensar nisso fazia meu coração doer ainda mais. Eu conhecia essa dor, ela havia sido minha maior companhia por muito tempo e agora voltava para uma visita. Porra, de novo não! Não poderia estar nesse lugar novamente, mas não havia escapatória, pois:

Dinah me deixou.

A doce Dinah da voz suave, dos olhares calorosos, dos abraços que pareciam lar, dos beijos que me tiravam de órbita sem que meus pés deixassem de tocar o chão, que me levava as nuvens, tomava toda minha atenção só com sua presença, do riso frouxo, ainda que tentasse a todo custo não sorrir e criava ruguinhas ao lado dos olhos quando não aguentava, enquanto levava os dedos longos pra tampar o que eu esperava o tempo que fosse para contemplar: o riso mais fofo da humanidade. Essa Dinah, pela qual eu havia me apaixonado, enfrentado meus medos e abaixado minhas muralhas, me deixou e levou com ela meu coração. Eu estava, definitivamente, fodida.

Me apoiei no capô e passei a fazer os exercícios de respiração que tinha aprendido na terapia, tentando me controlar e ficar menos tonta. Quando consegui me acalmar novamente, voltei para o carro e, agora um pouco mais lúcida, passei a dirigir com calma para o meu apartamento. As lágrimas ainda desciam e todo meu corpo doía, mas sabia que precisava tomar cuidado na estrada para não prejudicar a vida de outro alguém.

Enquanto tentava me concentrar na direção, mesmo com a vista embaçada, os soluços subindo interruptamente e a agonia que me tomava, percebi que não simplesmente estava apaixonada por Dinah. Me sentia tão mal daquela forma, porque eu, que corri tanto do amor e o crucifiquei por anos, estava tomada por ele que, mais uma vez, me deixou na mão. Meu pai estava certo e eu a amava. Eu era mesmo uma fodida e o amor deveria me odiar, pois me fez entregar meu coração para Dinah sem nem perceber e agora ela me deu um fora. Eu estava amando Dinah Jane, havia pulado o precipício do amor e dado de cara com o chão duro. Na verdade, o amor era um grande de um filho da puta.

Everlasting Love - NorminahOnde histórias criam vida. Descubra agora