Capítulo XXXIII - Amor

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Notas: Vocês pediram boiolices, né? Pois bem.

Músicas:

Best Part - Daniel Caeser feat. H.E.R

FlOW - Malía

* * *

De todas as formas que imaginei morar fora, essa nem de longe passou pelo meu imaginário. Minha primeira semana após ser expulsa foi um caos. Primeiro, sentia falta dos meus irmãos absurdamente, principalmente Seth e Regina que eram os únicos que não conseguia ver ou falar. Até cheguei a ir mais cedo para escola um dia esperando ver Regina aparecer, mas, de acordo com Funaki, minha mãe agora os levava a escola e me viu parada no portão aguardando, então deu a volta com as crianças para a parte traseira. Ou seja, ela estava se esforçando muito para me manter longe. Assim, eu só tinha notícias dos pequenos, como da situação geral da casa, mas nada que realmente acabasse com aquele sentimento horrível de estar longe e do medo deles me esquecerem.

Segundo, eu estava financeiramente fodida. O pagamento que recebi atrasado mal deu para comprar 1/4 do básico que precisava e ainda fiz Funaki levar umas roupas escondidas para mim na mochila, mas nada que fizesse tanta diferença para alguém notar o volume. Portanto, seguia andando fantasiada de Camila Cabello e me sentindo cada vez mais culpada por não apenas estar morando no chão do seu quarto e sendo mais um gasto na casa, como também por precisar usar praticamente tudo seu. Por mais que ela dissesse não se importar e sempre tentava me fazer sentir o mais confortável possível, era uma droga.

Em terceiro, sentia que estava passando por um processo de luto. Cresci tendo figuras de pais amorosos, apoiadores, compreensíveis e presentes e agora tinha sido jogada fora pelos mesmos, o que era contraditório, confuso, difícil de assimilar e uma grande perca. Sem minha família, sentia uma solidão enorme. Mesmo que meus amigos, seus pais e minha namorada demonstrassem apoio e nunca me deixassem sozinha, não era a mesma coisa que o vínculo com mãe e pai próprios. Entre tudo isso e mais os traumas que passei nas últimas semanas, era muito difícil me sentir bem, mas eu continuava tentando. Afinal, eu merecia certo? Por mim, pelas pessoas que ficaram ao meu lado e por ela.

Normani era minha esperança. Nos falávamos todo tempo possível e, a cada vez que ouvia sua voz, sentia uma sensação tão boa, leve e em paz que me fazia acreditar que coisas boas ainda existiam, não era o fim, o bem venceria e, logo, dias melhores viriam. Podíamos não estar fisicamente perto, mas nossos corações eram um só. Para completar, estaria ao seu lado em alguns minutos e isso me trazia um tanto de animação.

- Quer levar esse tênis também? – olhei para Lauren que mostrava um dos pares de sapatos que trouxe para me emprestar, enquanto estávamos sentadas no colchão em que eu dormia arrumando minha mochila.

- Obrigada Laur, mas acho que não vou precisar. Vamos ficar no apartamento dela.

- É verdade, não precisa de sapatos para passar o final de semana trepando – ela riu sacana junto com sua namorada que estava ao meu lado, me deixando envergonhada. Idiotas demais.

Everlasting Love - NorminahOnde histórias criam vida. Descubra agora