Prólogo

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Oi galero, como vocês estão? Com o tédio do isolamento social comecei a relembrar as histórias que eu tinha na cabeça na época de Fifth Harmony e, em homenagem a uma das minhas maiores amigas, decidi escrever. Então Charlie, essa é pra tu.
Para completar, decidi colocar em cada capítulo uma música, pode ter haver com a história ou não. A de hoje é Feeling Good, da Nina Simone.
Sem mais delongas, espero que gostem :)


Estacionei meu carro de qualquer jeito na primeira vaga que encontrei, em frente ao enorme edifício e saí correndo o mais rápido que podia pelo meio da rua. Tentava fervorosamente não deixar minhas pastas caírem, segurar a bolsa que escorregava dos meus ombros, atravessar a avenida e ainda atender meu celular que acabava de começar a tocar. Essa manhã estava uma loucura! Eu estava atrasada, por um delicioso motivo, mas ainda atrasada, enrolada e acabo de ser quase atropelada por um carro enquanto tentava encontrar meu celular na bolsa. Já percebia que o dia de hoje seria corrido.

- Oi, maninha! - respirei aliviada assim que consegui encostar na parede ao lado da entrada do prédio e, finalmente, atender o telefone.

- Oi, DJ! Como você está?

- Atrasada - respondi a fazendo rir - e você?

- Estou ótima. E meus nenéns?

- Cada dia mais levados.

- Gosto assim.

- Porque você não é a mãe - rimos juntas. - Olha, sabe que amo conversar com você e quero saber cada detalhe sobre como estão as coisas, mas nesse momento estou muito atrasada para uma reunião. Podemos nos falar mais tarde?

- Na verdade, tenho uma coisa muito importante para te dizer e não vou aguentar mais esconder isso de você.

- O que aconteceu? - me preocupei imediatamente ao ouvir seu tom de voz, claramente algo não estava certo.

- Dinah... - suspirou fundo causando chiados na ligação. - Ela está doente. Sua... Minha... Ah, você entendeu!

- Como assim doente?

- Descobriu um câncer no fígado há dois meses atrás, mas já era tarde demais. O tratamento não fez nenhum efeito e a cirurgia não foi nem considerada pelo quanto já estava avançado. O médico diz que é improvável que ela passe dessa semana.

- Por que não me contou isso antes? Isso é um absurdo! Deveria ter me falado.

- DJ, vocês não se falam há 15 anos, desde aquele domingo...

- Mas nunca deixei de me preocupar com ela e de a amar, você sabe disso! - a interrompi completamente irritada. Isso não era nem de longe uma desculpa.

- Me desculpa, ok? Ela não queria que ninguém soubesse

- Eu não sou ninguém.

- Eu sei... Sinto muito - continuou calma, ainda que meu tom de voz já estivesse se elevado demonstrando toda minha raiva. - Olha, se ainda quiser, ela está morando no mesmo lugar. Não seria uma má ideia você ir até lá.

- Já faz tanto tempo, não sei se sou eu quem ela quer ver nesse momento.

- Acredite, ela quer. Ela nunca parou de perguntar sobre você, Dinah - ouvi alguns barulhos no fundo antes que sua voz voltasse. Agora, além de atrasada, eu estava completamente atordoada. - Ei, eu preciso ir, tudo bem? Bom trabalho e espero não ter estragado seu dia. Vá visitá-la! Te amo, irmã.

- Também te amo - sussurrei antes de encerrar a ligação.

Eu me sentia completamente perdida. Será que iria finalmente a reencontrar depois de 15 anos? E não seria tarde demais? Ela nem sobreviverá muito mais, que diferença fará eu aparecer lá só agora? Nenhuma! Não valia a pena. Eu tinha seguido a minha vida, assim como ela. Deveria me preocupar com minha família e meu emprego, para o qual já estou muito atrasada. Essa foi a escolha dela naquele domingo há 15 anos atrás e farei questão de honrar seu último desejo a mim.

Everlasting Love - NorminahOnde histórias criam vida. Descubra agora