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Uma dor atingiu as minhas costas e assim se começou a alastrar por todo o corpo , e com todo o corpo , eu quero mesmo dizer todo ele.

Sentia feridas abertas em tudo o que ainda poderia ser considerada pele.

Os meus olhos finalmente abriram-se, mas doíam. Nunca em toda a minha vida me havia sentido tão vulnerável. Era como se tivesse sido usado como um brinquedo. E realmente tinha. Olhei em volta e tudo estava muito parado. Devia ser do local, tinha vista para árvores para onde quer que olhasse. Questionava-me como é que eu tinha ido ali parar.

Os meus olhos fecharam-se de novo por falta de força e tentei respirar fundo mas não consegui,o ar havia ficado preso, totalmente preso, e eu jurei que ia morrer asfixiado , ali mesmo. Mas ele voltou, o precioso ar voltou , tinha de respirar depressa , como se o meu coração precisasse daquilo incessantemente para eu não acabar eventualmente , por morrer , ali , sozinho e indefeso, cheio de dores provenientes de feridas que ainda não tinha tido coragem para averiguar.

Tinha imagens pouco nítidas da noite que se passara ,e doíam ,eram mais dolorosas do que as dores que se espalhavam mais e mais por todas as veias do meu corpo desejando-me querer morrer.

Precisava de anestesiar a dor, com algo forte, drogas , álcool , o que fosse.

Mas , infelizmente estava falido, nem um telemóvel no bolso eu tinha, estava completamente perdido, sozinho, e creio que , estava longe da cidade.

Pelo que vira nos poucos segundos de lucidez eu estava num mato , e eu não me lembrava daquele mato. Embora todos os matos sejam iguais, na cidade não há qualquer vestígio de mato, apenas construções, e pequenas amostras de jardins .

Respirei profundamente e o que vira a seguir fora algo de que nunca mais me esqueceria.

O meu corpo, e a poça de sangue em seu redor, eu não sabia ao certo de onde vinha aquele sangue, agora seco, todo.

- Foda-se - murmurei ao entender que mais um dia se tinha passado , e eu parecia estar cada vez mais longe de Diana.

Poderia ser azar? Ou obra do destino? Azar,nunca havia acreditado nisso do destino, acho demasiado mítico e impossível.

Tentei colocar-me de pé apoiado a uma árvore, e, para meu espanto consegui.

A verdade era que eu não tinha força para andar mais de um quilometro, acabaria por desmaiar, ou morrer.

Olhei em frente e sorri ao ver num raio de 100 metros um pequeno rio, e de alguma maneira , aquela água límpida e transparente alegrou-me um pouco, embora minimamente.

Arrastei o meu corpo, dorido até à agua e quando me vi perto da entrada daquela beleza toda deixei-me cair de joelhos. Poderia gritar , mas forças eram inexistentes. 

Tirei lentamente a pouca roupa que me restava e gemi em frustração ao ver o sangue seco em partes baixas.

Quando tempo teria dormido eu? 

Deslizei para dentro da àgua minimamente aquecida pelo sol de Junho e uma mancha nojenta vermelha surgiu novamente em torno do meu corpo.

Por alguns minutos, ao que penso , deixei-me estar no mesmo local, apenas a ouvir o barulho um tanto irritante e relaxante ao mesmo tempo dos pequenos passaros que não tinha culpa de nada, e também à espera que a dor incessante passa-se.

Só enteão comecei a passar a àgua, não tão fria pelo meu corpo de modo a este limpar.

Que mal fiz eu ?

Essa pergunta fez-me pensar bastante. Tudo o que me tinha acontecido era o que eu Harry fazíamos à anos com pequenas raparigas indefesas , e ainda nos ri-mos nas suas caras, como cuspir de uma forma mais formal.

Submissa | L.TOnde histórias criam vida. Descubra agora