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I'M NOT BLUFFING
POINT OF VIEW
Savannah Boswell
Neela saiu do banheiro já vestida com o blusão que Savannah ganhou de presente do grupo de apoio e uma calça moletom preta, seus cabelos estavam enrolados na toalha em sua cabeça e seu rosto estava um pouco menos vermelho e inchado do que antes.— Eu só vou preparar um chá, pode me esperar no quarto. — confortou-a quando Neela deu uma parada rápida na cozinha, interrompendo uma discussão de cochichos entre Savy e seu pai durante o banho da amiga.
Neela dirigiu-lhes um pequeno sorriso compreensivo e virou-se em direção ao pequeno quarto que outrora fora nada mais que um armário de casacos. Assim que ela sumiu de suas vistas quase que instantaneamente pai e filha voltaram a se encarar:
— Sabe o que eu penso sobre namoro em casa — resmungou ele olhando para o quarto verificando rapidamente se Neela estava devidamente acomodada.
Se não tivesse tão preocupada com o estado da amiga, Savannah teria dado boas gargalhadas com a impressão que seu pai tinha tido delas duas, e depois se surpreenderia já que não sabia em qual momento ele havia ficado tão tolerante, principalmente por ser um homem que cresceu em colégios de militares e seguiu com a carreira. Ela sabia que homens que cresciam naquele meio possuíam visões conservadoras e preconceituosas.
— Pai... — censurou-o em um resmungo um pouco mais alto — Ela é minha amiga, certo? Sei de todas suas regras e sigo quase todas à risca — disse e o homem desviou o olhar do quarto para a filha como um relâmpago — Tudo na lei, juro. Mas por favor não cria muito caso, ela já tá bem chateada.
— Não tem problema algum ela ficar aqui, filha, seja o que ela for sua... — Savannah rolou os olhos — Mas eu preciso saber o que está se passando para que eu possa ajudar também! E se os pais dessa garota que com certeza parece ser menor de idade, estiverem procurando por ela?
Savannah soltou um suspiro cansado.
— Os pais dela não moram aqui, ela veio fazer intercâmbio — mentiu com um pouco de pesar. Era difícil dizer aquilo sabendo que seu pai realmente estava empenhado em ajudar, contudo não poderia simplesmente dizer que o real problema de Neela era seu namorado abusivo envolvido com a máfia japonesa e que a garota não havia ninguém a recorrer além dela — Deve ser apenas solidão, sabe, pai. Ela me disse há alguns dias que terminou com o namorado.
Ele assentiu silenciosamente com uma expressão de que fingia que engolia aquela explicação.
— De qualquer forma peça para ela ligar para eles dizendo onde vai passar a noite. — pediu desligando a chaleira que começara a chiar.
— Não é como se ela tivesse cinco anos...
— Eu sou pai, certo? Iria querer estar informado sobre coisas como: se minha filha está bem, onde ela tem andado e principalmente com quem — interrompeu em um tom mais sério fazendo Savannah umedecer os lábios e assentir com a cabeça. Por mais que tivesse abandonado-a, ela sabia que ele ligava para sua mãe para saber como as coisas estavam; em outros tempos Savannah diria que era apenas a consciência dele pesando por seus atos, mas hoje, afirmaria com a certeza de que ainda que tivesse tomado aquela decisão egoísta, ele se importava com ela. — Como há algumas horas quando você simplesmente pegou a bicicleta e saiu daqui sem explicação alguma.
A garota engoliu em seco, não tinha uma resposta boa e bem desenvolvida para dá-lo naquele momento.
— Um amigo precisava de mim. — balbuciou colocando o sachê de chá verde descafeinado na xícara de água quente.
Seu pai resmungou alto chamando sua atenção.
— E o que você é agora? O bom samaritano? — a garota suspirou baixo e baixou a cabeça por alguns instantes, depois o homem se aproximou dela e colocou a mão em seu ombro — Filha, eu admiro sua boa vontade e disposição para ajudar seus amigos. Mas não pode tentar abraçar o mundo com as pernas, precisa deixá-los tomarem suas próprias decisões e resolverem seus problemas.
Depois de um longo minuto de silêncio, ela torceu a boca sutilmente e alcançou a xícara de chá.
— Boa noite, pai. — desejou antes de se virar e sair em direção ao quarto onde Neela estava.
No instante que atravessou a porta observou a amiga desligar o celular e dar um certo espaço para que Savannah pudesse sentar-se na cama.
— Obrigada, Savy. — disse segurando a caneca de chá e soprando suavemente na tentativa de esfria-lo um pouco mais.
— Tudo bem. Agora já pode me contar o que aconteceu. — começou ela e observou Neela baixar a caneca e soltar um suspiro baixo.
— Foi o Takashi.
— Típico. — retorquiu Savy contendo um tom mais indignado.
— E-eu tentei terminar tudo hoje — continuou olhando fundo nos olhos da amiga. Savannah ajeitou a postura e franziu o cenho.
— E então? — indicou com a cabeça para que ela continuasse.
— Ele me ameaçou... Eu nunca tinha visto ele daquele jeito, tão cheio de ódio e negação, fiquei com medo de acabar comigo ali mesmo. — ela fungou baixo e bebeu um curto gole do chá — Eu apenas saí de lá, desculpa, ao menos reparei se ele havia me seguido, só vim até aqui porque você é a única pessoa que eu tenho.
— Bom... Se nós duas ainda estamos vivas, talvez ele não tenha te seguido realmente — comentou com um sorriso amargo, aquela ainda era uma situação complicada — O que vai fazer, Neela?
Ela a olhou sincera, balançou a cabeça e relaxou os ombros.
— Eu ainda não sei, preciso de um pouco de tempo para pensar... Mas se o Takashi ainda não veio atrás de mim talvez ache que eu esteja blefando com ele.
Savannah ergueu a sobrancelha e a encarou firmemente:
— E você está?
Neela ficou em silêncio por alguns segundos e por fim respondeu com firmeza na voz:
— Não. Eu sei o que eu quero. Minha paz e liberdade de volta.
— Você vai precisar ser forte, Neela — declarou Savannah esticando a mão para ela aproximar-se de um abraço.
— Eu sei.
Ela abraçou fortemente Savannah e depois afastou-se lentamente.
— Mas pode ficar aqui até decidir o que vai fazer. Eu não vou te deixar, prometo. — garantiu Savy.
A garota sorriu abertamente e dirigiu-lhe uma piscadela.
— Vai dormir aqui hoje?
— Claro que não, vou para o sofá antes que meu pai venha verificar se não estamos fazendo nada de errado — brincou levantando-se da cama e fazendo Neela gargalhar um pouco naquela noite.
˚·*'' to be continued ༻
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𝗗𝗨𝗦𝗞 𝗧𝗜𝗟𝗟 𝗗𝗔𝗪𝗡 ━━ (Han Lue)
FanfictionDepois de participar de um racha de carros, envolvendo: apostas e drogas nas ruas de Los Angeles. Savannah Boswell se muda para o Japão, a fim de morar com seu pai para evitar a prisão nos Estados Unidos. Em Tóquio, ela conhece Han Lue, que após um...