40. O Reencontro.

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  𝒩𝒶𝓇𝓇𝒶𝒹𝑜𝓇  
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Se tem algo que sei sobre os meus amigos - ou seja, vocês -, é que, assim como eu, odeiam enrolação. E, por isso, como Narrador Oficial dessa história, sinto que é meu dever contá-la de uma maneira detalhada mas leve e emocionante ao mesmo tempo, não deixando vocês, assim, dormirem no meio do caminho.
Não é nada contra Cecília, muito pelo contrário. Nem mesmo contra as outras pessoas que tem a oportunidade de narrar esta trama. O problema, o que me incomoda, é que quando eles ficam encarregados disto, vocês só ficam sabendo de um único ponto de vista.

Já comigo... Ah, comigo o buraco é muito mais embaixo.

E é por isso que estou aqui, pra, além de contar a história da melhor maneira possível, narrar o momento que tanto estamos esperando... com a exposição dos dois pontos de vista, é claro.

Vocês já sabem, eu não sou pouca coisa. Mas, antes de chegarmos nesta cena, quero informá-los sobre algumas situações passadas que acabaram tendo que ser ocultadas para podermos estar reunidos aqui.

Bem, não é novidade para ninguém que a situação na casa de Cecília não era uma das melhores. Durante sua estadia no Brasil, principalmente depois da discursão com Marcelo, ela preferiu mais morar em um quarto de visita de hospital, acompanhando sua avó, do que viver com os privilégios que podia ter — o que fez com que os problemas com seus pais continuassem existindo, e, consequentemente, aumentando.
Cecília já não fazia questão de resolver aquilo, e quando um não quer, dois não brigam.

Mas para a sorte da menina, Dona Dalva não deixou que nada faltasse à neta. E muito mais que material, a senhora deu à jovem o que a mesma sentia que não recebia há tempos: um amor parental.
Com a ida de Lia para o exterior, ainda que tenha levemente se desgastado, as duas sempre tiveram um laço incrivelmente forte, e aqueles dias juntas no Brasil só serviram para, não somente reconectá-las, mas, também, deixar aquela energia ainda mais poderosa.

Elas faziam bem uma para a outra. E não era apenas na teoria.

Pouco menos de uma semana desde a chegada da neta, Dona Dalva recebeu alta do hospital, sendo apenas informada de que deveria tomar todos os seus remédios em seus devidos horários; ir ao hospital em todos os dias marcados para continuar suas últimas sessões de radioterapia; e, principalmente, parar de fumar o seu tão querido cigarro e de beber a sua tão amada loirinha, mais conhecida como cerveja. No fundo, ela sempre soube que todos os seus hábitos antigos a faziam mal, mas não conseguia parar por puro conforto. No entanto, depois de quase ver a morte e depois de um belo e largo sermão de Cecília, a senhora decidiu mudar totalmente seu estilo vida. E conseguira.

Cecília não deixou de gastar suas horas com Rafa, sua melhor amiga. Elas sentiam falta uma da outra e faziam valer cada segundo daquela volta, afinal, não sabiam quando aquilo podia terminar e, consequentemente, quando voltariam a se ver.

Para sua felicidade, Ferrari tinha conseguido resolver rapidamente seus contratempos com a faculdade, gerando um alívio instantâneo na mesma, visto que aquele era o principal motivo para ainda estar pisando em solo brasileiro.
Durante sua estadia, também não deixou de passar o tempo que podia com Dona Sônia e Seu Benício, seu marido, o que a fazia se sentir ainda melhor, já que ambos tinham um alto valor em sua vida. Também não deixou de economizar suas falas rudes, principalmente após ter descoberto da relação com Jéssica, à Henrique, que, tadinho, era insultado após cada palavra que falava. Para o jovem, se para poder estar perto da garota, tivesse que ser tratado daquela forma, seguiria sendo humilhado calado.

The Movie of My Life | Z.J. Onde histórias criam vida. Descubra agora