capítulo 31

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Sophia depositou o balde cheio de água com cuidado no chão da pequena cabana. Estava cansada! Muito cansada. As costas doíam e seus pés estavam inchados.
"Anda, menina!" A voz gritou. Sophia tinha ânsias de vômito, a cada vez que olhava para o velho. Se pudesse jogaria baldes e mais baldes de água nele até que o cheiro de podre dele sumisse.
Mas não podia. Ele a tinha contratado. Ela era responsável pela limpeza da pequena cabana dele. Também cozinhava e lavava as roupas. Na primeira semana, ela lavara todas as roupas dele, pensando que ele estava sujo por não ter quem lavasse suas roupas.
Desperdício de tempo! Ele vestia quase sempre as mesmas roupas e só deixava ela lavar quando ele não aguentasse o cheiro. E ele parecia não ter olfato.
Ele não a acediava, o que era bom. A barriga dela já estava grande e ele sempre se certificava de que ela tivesse muita comida. Sophia desconfiava que quando o bebê nascesse, as coisas mudariam, mas ela não estaria na cabana dele quando fosse a hora de dar à luz, e ainda tinha um certo tempo até lá.
Ela lembrou se de Tammy dizendo que estava de quase três meses e ainda haviam quase três pela frente. Isso era meio vago, mas ela sabia que havia ainda um tempo. Faziam dois meses que tinha feito amor com Brass. Já sentia o bebê mexer e ele mexia muito.
Ela ainda ria quando se lembrava da cara de Rose quando contara que estava grávida. Rose gritara, esbravejara, mas no fim acreditou que ela tinha ficado grávida do rapaz que fazia entregas na região e que tinha morrido num acidente.
Quando contou, ela estava com duas semanas de gravidez e sua barriga já estava apontando. Como nem Rose, nem David imaginavam que ela tivesse saído do hospital, ou tido contato com os Nova Espécie, eles acreditaram.
Também ajudou que a gestação de um bebê Nova Espécie fosse diferente e acelerada. Eles apenas se preocuparam em se livrar de Sophia e do "problema" dela. Então eles a ajudaram a conseguir o emprego com Simonns. Ele morava em outra cidade próxima.
A única coisa que ela lamentou foi não estar presente na reunião com Hunter. Ela queria muito saber se eles poderiam prejudicar Brass e seu povo.
Sophia colocou a água em uma panela grande e ligou o fogo do velho fogão a gaz. Graças a Deus não era um fogão a lenha. Quando aceitou trabalhar para o velho Simonns, ela imaginou que a cabana era pré-histórica, mas havia energia elétrica, tv, telefone e geladeira. Como água parecia não ser uma prioridade, não havia encanamento na cozinha. Mas graças a Deus havia no banheiro. O chuveiro tinha queimado a séculos, mas o tempo quase sempre estava quente, então Sophia desfrutava de banhos mornos e demorados.
Sarah tinha ligado para ela escondido de Rose. Ela estava bem. Se uma gestação de Nova Espécie durasse mesmo entre cinco e seis meses, Sophia ainda tinha uns três meses. O velho Simonns a contratara até que o bebê nascesse, então ela ficaria ainda pelo menos uns dois meses nessa cabana. O último mês ela passaria sozinha. Havia um lugar onde poderia ter o bebê. Era uma cabana de caça isolada não muito longe dali. Ela já havia ficado nesse lugar com seu pai. Era a única coisa que ele tinha deixado para ela. Era do pai dele. Os documentos estavam escondidos muito bem. Numa caixa de correio. A chave estava dentro de uma boneca de Sarah. Ela não poderia ir agora, pois ainda não tinha dinheiro suficiente. Mas estava guardando o pagamento que recebia. E aplicando alguns golpes que aprendera com o pai. Ela jurara que não faria isso, ela nunca gostou, mas agora tinha um filho. E ela mentiria, roubaria e até mataria por ele, simples assim.
Um bebê que não deveria ser visto por ninguém. Ele seria uma miniatura de Brass. Talvez tivesse a pele escura como ela, e ela gostaria disso, embora a torcida era para que ele tivesse os olhos dele.
Enquanto a água fervia, ela sorria feito uma boba. Jonh. Ele teria o nome do seu pai. Ela estava feliz, muito feliz e ansiosa por segurar seu pequeno menino canino entre seus braços.
Quando fosse pra cabana, ela levaria Sarah. Não seria difícil roubar a caminhonete velha de Simonns. Ele viajava para buscar dinheiro com a filha uma vez ao mês e ele ia de avião. Sophia tinha pena de quem estaria na poltrona ao lado da dele.
Ela já estava planejando tudo. Pegaria Sarah na noite anterior à viagem de Simonns. Ela sempre ia pro quarto cedo. Já tinham combinado que ela sairia pelo portão dos fundos. Sophia estaria esperando com a caminhonete. Eles só dariam falta dela no dia seguinte.
Ela dormiria escondida no quarto de Sophia. De manhã ela levaria o velho como sempre ao aeroporto. Sarah estaria na caçamba, debaixo da lona. Dali elas comprariam tudo o que fosse necessário para ficarem isoladas por pelo menos uns três meses. Se seu bebê fosse como os trigêmeos, com três meses ele já estaria enorme. E Sarah poderia cuidar dele, quando ela fosse buscar mais suprimentos.
Era um plano. Mais um entre tantos que ela já elaborara. Mas esse tinha que dar certo!











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