Sophia estava apreensiva. Todo seu plano dependia daquele momento. O momento em que Sarah iria sair pelo portão dos fundos e elas iriam rapidamente para a cabana de simonns. Era chegada a hora. Ela já estava com cinco meses. O bebê poderia nascer a qualquer momento. Então, ali estava ela esperando Sarah.
Viu quando a menina loura passou pelo portão e acenou para ela. O coração de Sophia batia a cada passo que a menina dava. Mais perto, mais perto, só mais um passo...
"Vamos Soph, vamos!"
Ela piscou, e quase não acreditando que Sarah estava mesmo no carro com ela, acelerou.
É claro que só se acalmaria quando estivessem na cabana. Em paz. Só as duas.
Mas ainda havia toda uma noite pela frente. E teria de levar Simonns ao aeroporto. Mas vencida a primeira parte, ela estava confiante.
A cabana do velho estava totalmente silenciosa quando chegaram. Sophia e Sarah, entraram pela porta que, devido aos cuidados de Sophia, não rangeu. Tudo estava escuro, o único barulho eram dos roncos do velho. Elas foram para o quarto de Sophia e se preparam para dormir.
Sarah se aconchegou a ela como elas tinham costume de fazer quando dormiam juntas. A barriga enorme de Sophia ficou entre elas e Sarah riu.
Como se ouvisse o riso baixo dela, o bebê chutou com força, fazendo a barriga dela estufar toda pra um lado. Sarah riu mais ainda.
E assim a noite passou. Entre risos e chutes.
De madrugada, o velho se levantou e chamou por Sophia. Ela se levantou e foi ajudá-lo com as roupas e coisas que ele precisaria.
O caminho para o aeroporto foi tranquilo, embora ela estava sentindo um pouco de dor. Ela ignorou e continuou dirigindo, até que finalmente chegaram no aeroporto, e ela viu o velho pelas costas.
Acelerou e começou o caminho para a cabana de seu pai.
Mas no caminho teve que parar. A dor ficou insuportável. Elas estavam no meio do nada. Ela ainda conseguiu dirigir a caminhonete em uma estrada que terminava num bosque de Pinheiros.
Ela trancou a caminhonete e elas se embrenharam pelos pinheiros procurando um lugar onde pudesse deitar. Era um mata fechada com árvores muito próximas umas das outras.
A dor fez ela cair de joelhos. Sarah começou a chorar desesperada.
"Calma... Monstrinha... Só precisamos arrumar um lugar pra eu deitar. Não chore, meu...
A dor veio novamente. Rasgando-a. Ela esperou passar e começou a engatinhar. Encostou as costas em um pinheiros e respirou fundo.
Outra contração e ela travou os dentes para não gritar, e assim assustar Sarah.
Esticou as pernas e notou as calças molhadas. A bolsa tinha estourado.
"Sarah, me ajude!" Contração, travou os dentes." Preciso tirar essa calça!"
Dessa vez ela não conseguiu segurar e gritou. Sarah voltou a chorar olhando para a barriga dela, que estava se mexendo de um lado para outro.
"Ele vai rasgar sua barriga, soph!"
Ela ia dizer alguma coisa, mas veio outra contração e um chute do bebê juntos e ela gritou. Sentia lágrimas quentes rolando por suas bochechas. O bebê estava agitado e ela estava com medo de que ele rasgasse sua barriga para sair.
Outra contração, outro grito. E um chute forte. Na névoa de dor ouviu uma vozinha cantarolando e uma mãozinha foi alisando seu rosto. Sarah continuou cantarolando baixinho e foi alisando sua barriga.
Sophia respirou fundo, e ajudada por Sarah tirou a calça. Muita água misturada com sangue escorreu e empossou no chão em que ela estava sentada.
Outra contração veio e ela gritou e dobrando os joelhos, começou a empurrar. E Sarah continuou cantarolando e ela continuou empurrando e então ela sentiu o bebê deslizar e cair no chão. Com suas últimas forças ela aconchegou o bebê nós braços.
Sophia chorou. Um choro doído de cansaço e alegria. O bebê também chorava. Alto e forte! Era um menino lindo! Ela chorava quando alisou o rostinho redondo e ele se calou por um momento e olhou firme para ela. Igualzinho o pai dele olhava. Firme, intenso. Os olhos eram escuros como os dela, mais ela podia jurar que havia um monte de pontinhos marrons claros neles.
Sarah também chorava. E sorria e cantava. Ela parecia brilhar. E pontos escuros foram aparecendo na borda da visão dela.
Tudo escuresceu.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Brass
FanfictionSophia sempre pensou que sua vida nunca mudaria. Mas, quando teve diante de si os olhos marrons daquele gigante, que a olhava como se lhe pertencesse, descobriu que a vida sempre tem uma ou mais cartas na manga. Primeira história de uma série: Bras...