capítulo 36

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Sophia estava apreensiva. Todo seu plano dependia daquele momento. O momento em que Sarah iria sair pelo portão dos fundos e elas iriam rapidamente para a cabana de simonns. Era chegada a hora. Ela já estava com cinco meses. O bebê poderia nascer a qualquer momento. Então, ali estava ela esperando Sarah.
Viu quando a menina loura passou pelo portão e acenou para ela. O coração de Sophia batia a cada passo que a menina dava. Mais perto, mais perto, só mais um passo...
"Vamos Soph, vamos!"
Ela piscou, e quase não acreditando que Sarah estava mesmo no carro com ela, acelerou.
É claro que só se acalmaria quando estivessem na cabana. Em paz. Só as duas.
Mas ainda havia toda uma noite pela frente. E teria de levar Simonns ao aeroporto. Mas vencida a primeira parte, ela estava confiante.
A cabana do velho estava totalmente silenciosa quando chegaram. Sophia e Sarah, entraram pela porta que, devido aos cuidados de Sophia, não rangeu. Tudo estava escuro, o único barulho eram dos roncos do velho. Elas foram para o quarto de Sophia e se preparam para dormir.
Sarah se aconchegou a ela como elas tinham costume de fazer quando dormiam juntas. A barriga enorme de Sophia ficou entre elas e Sarah riu.
Como se ouvisse o riso baixo dela, o bebê chutou com força, fazendo a barriga dela estufar toda pra um lado. Sarah riu mais ainda.
E assim a noite passou. Entre risos e chutes.
De madrugada, o velho se levantou e chamou por Sophia. Ela se levantou e foi ajudá-lo com as roupas e coisas que ele precisaria.
O caminho para o aeroporto foi tranquilo, embora ela estava sentindo um pouco de dor. Ela ignorou e continuou dirigindo, até que finalmente chegaram no aeroporto, e ela viu o velho pelas costas.
Acelerou e começou o caminho para a cabana de seu pai.
Mas no caminho teve que parar. A dor ficou insuportável. Elas estavam no meio do nada. Ela ainda conseguiu dirigir a caminhonete em uma estrada que terminava num bosque de Pinheiros.
Ela trancou a caminhonete e elas se embrenharam pelos pinheiros procurando um lugar onde pudesse deitar. Era um mata fechada com árvores muito próximas umas das outras.
A dor fez ela cair de joelhos. Sarah começou a chorar desesperada.
"Calma... Monstrinha... Só precisamos arrumar um lugar pra eu deitar. Não chore, meu...
A dor veio novamente. Rasgando-a. Ela esperou passar e começou a engatinhar. Encostou as costas em um pinheiros e respirou fundo.
Outra contração e ela travou os dentes para não gritar, e assim assustar Sarah.
Esticou as pernas e notou as calças molhadas. A bolsa tinha estourado.
"Sarah, me ajude!" Contração, travou os dentes." Preciso tirar essa calça!"
Dessa vez ela não conseguiu segurar e gritou. Sarah voltou a chorar olhando para a barriga dela, que estava se mexendo de um lado para outro.
"Ele vai rasgar sua barriga, soph!"
Ela ia dizer alguma coisa, mas veio outra contração e um chute do bebê juntos e ela gritou. Sentia lágrimas quentes rolando por suas bochechas. O bebê estava agitado e ela estava com medo de que ele rasgasse sua barriga para sair.
Outra contração, outro grito. E um chute forte. Na névoa de dor ouviu uma vozinha cantarolando e uma mãozinha foi alisando seu rosto. Sarah continuou cantarolando baixinho e foi alisando sua barriga.
Sophia respirou fundo, e ajudada por Sarah tirou a calça. Muita água misturada com sangue escorreu e empossou no chão em que ela estava sentada.
Outra contração veio e ela gritou e dobrando os joelhos, começou a empurrar. E Sarah continuou cantarolando e ela continuou empurrando e então ela sentiu o bebê deslizar e cair no chão. Com suas últimas forças ela aconchegou o bebê nós braços.
Sophia chorou. Um choro doído de cansaço e alegria. O bebê também chorava. Alto e forte! Era um menino lindo! Ela chorava quando alisou o rostinho redondo e ele se calou por um momento e olhou firme para ela. Igualzinho o pai dele olhava. Firme, intenso. Os olhos eram escuros como os dela, mais ela podia jurar que havia um monte de pontinhos marrons claros neles.
Sarah também chorava. E sorria e cantava. Ela parecia brilhar. E pontos escuros foram aparecendo na borda da visão dela.
Tudo escuresceu.





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