Quando Sophia entrou na enorme sala de jantar, vário olhos de cores diferentes a olharam e a vontade de sumir, sair correndo, bateu forte. Ela odiava ser o centro das atenções, mas não queria posar de débil mental, então olhou firmemente a todos de volta.
E o que viu nos olhos deles enterneceu o coração dela. Eles a olhavam como Sarah. Inclusive os três pequeninos, que estavam na ponta da mesa, a olharam curiosos e, para assombro de Sophia, admirados.
O que parecia ser o filho mais velho percorreu seu corpo com um olhar tão lascivo que ela se encolheu. Logo Valiant, sentado na cabeceira da mesa, deu um safanão na nuca do atrevido. Todos riram, inclusive Tammy.
"Desculpe o meu filho, Sophia, ele é um adolescente, você sabe como é."
"Mãe!" O rapaz disse encabulado.
Sophia não sabia, pois quando ela mesma era adolescente, estava no orfanato e todos os outros adolescentes de lá, imaginavam que ela fosse deficiente. Ninguém conversava com ela.
"Esta é halfpint. Ela está me ajudando agora que a gravidez está na metade e eu tenho certeza de que serão dois ou três de novo."
Sophia abriu a boca. Ela não tinha percebido a barriga enorme de Tammy quando chegara.
"De... De quanto tempo?" Santa mãe! Que pergunta mais sem noção! Agora sim Sophia queria sair correndo.
"Estou de quase três. Em mais ou menos três meses estarei com esses brigões no colo."
"Meus nadadores são os melhores!" Valiant disse sorrindo, não cabendo em si de orgulho. Sophia sentiu uma pontinha de inveja de Tammy. E pensar que ela também poderia estar grávida!
Halfpint pareceu adivinhar o rumo de seus pensamentos, pois disse:
"Se quiser podemos te levar para a doutora Trisha amanhã. Você pode fazer um exame" Ela falou aquilo como se estivesse falando do tempo, enquanto Sophia sentiu por um instante uma avalanche de emoções tão forte que se sentou na primeira cadeira que encontrou, no caso ao lado de Halfpint.
"Não. Nada de bebê. Posso sentir." Disse o garotinho apontando com o dedo seu narizinho achatado. Era o mesmo que estava na sala quando Sophia chegara. Simple? Sim esse era o nome do pestinha.
"Simple, já conversamos sobre os assuntos das outras pessoas." Tammy repreendeu.
"Ele não perde a oportunidade de esfregar seu super olfato na cara da gente." Reclamou Honor.
"Prefiro um super olfato, que um ouvido absoluto!" Valiant disse olhando o mais velho, Sophia não lembrava o nome dele.
"Pai..." Ele disse. Parecia uma velha discussão. Sophia gostou do foco ter saído da suposta gravidez dela.
"Hoje não, por favor, querido" Tammy disse."Sophia, você gostaria de nos falar sobre o que aconteceu com Brass? Se não quiser não precisa, claro. Você está protegida aqui."
"Talvez depois do jantar?" Sugeriu a outra mulher. Começava a gostar de Halfpint. Ela era tão amável. Tinha uma voz tão suave. Se não tivesse que fazer a monstruosidade que faria, iria gostar muito de ser amiga dela. O coração dela estava arrasado.
"Eu não sei direito" Ela começou. Suspeitava que o melhor seria falar ali. Não exigiriam muitos detalhes. "Como eu te disse, eu acordei no hospital daqui. O líder de vocês, o senhor Justice North, me disse que um homem tinha interesse em ficar comigo, e eu não tenho pra onde ir, então eu disse que sim." Ela respirou fundo. Não tinha costume de falar muito de uma vez só, então parou e tomou um gole de água. Era muito gostosa, fria e meio adocicada, então tomou tudo o que havia no copo.
"Cuidado! Tomar muita água de coco, pode te dar dor de barriga." Disse Halfpint. Sophia sorriu assentindo.
Aquilo era água de coco? Era uma delícia!
"Eu já tinha visto um de vocês, aquele que é careca."
"Vingeance."
"Tio V."
O pai e os filhos completaram ao mesmo tempo. Tammy disse de cara feia:"Shiuu! Deixem ela falar."
Eu pensei que ele era quem tinha falado com o senhor Justice." Valiant bufou quando ela chamou Justice de senhor novamente. Sophia teve vontade de sorrir, mas se segurou.
"Então outra de vocês, uma felina..."
"Kit!" Disseram todos. Tammy perdeu a paciência! "Calem essas bocas! Deixem ela falar pelo amor de Deus!" Todos, incluindo Valiant, baixaram as cabeças e ficaram em silêncio. Halfpint estava vermelha tentando segurar a risada.
"Ela me ofendeu e eu..." Ela estava indecisa sobre contar ou não o incidente com a tal de kit. Afinal ela cortara a cara de uma deles.
"Kit ofende todo mundo. Espero que você tenha acabado com ela." Ante às palavras de Tammy, ela se sentiu corajosa e continuou:" Eu cortei a boca dela de orelha a orelha." Tammy ofegou. Era isso, ela pensou, iria ser jogada pra fora da casa.
" Muito bem, Sophia!" Halfpint e Tammy bateram palmas. "Ela teve o que mereceu!" Continuaram.
Valiant e os meninos olharam orgulhosos para ela, como se ela fosse parte da família.
"Aí, eu saí correndo e trombei com o... Agora sei que era o Brass. Eu não sabia, mas mesmo assim..."
"Compartilhou sexo com ele." Disse Simple. Tammy abriu a boca, mas não sabia o que dizer.
"Venham garotos, deixem elas conversarem." Ordenou Valiant.
Ele e os oito meninos se levantaram e saíram.
"Nem imagino o que dizer, Sophia, desculpe meu filho."
Sophia sorriu.
"Não tem problema Tammy! Eu já vi que ele quer muito a admiração do pai dele." Ela sabia muito disso.
"Continuando: eu era virgem, mas ele não sabia, então..."
"Minha nossa!" Tammy estava horrorizada. " Eles são todos grandes, com paus enormes, você deve ter sentido muita dor!
"Sim, eu já sabia que ia doer mas..."
"E então você correu? Halfpint perguntou.
"Sim. E Valiant me encontrou, e aqui estou."
"Você deveria conversar com Brass. Ele não machucaria você de propósito. Ele e eu já compartilhamos..."
"Halfpint, traga a sobremesa, por favor." Tammy interrompeu, mas Sophia entendeu. Queimou de raiva! Aquela vadia! E ela pensou que queria ser amiga da safada! Nem se o inferno congelar!
Halfpint levantou-se como se não tivesse dito nada demais e foi alegremente buscar a sobremesa.
"Sophia, não pense mal dela. Eles tratam o sexo como algo tão natural quanto conversar ou rir juntos. Eles não tem a nossa moralidade." Sophia baixou a cabeça. Se tivesse outro bisturi....

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Brass
FanficSophia sempre pensou que sua vida nunca mudaria. Mas, quando teve diante de si os olhos marrons daquele gigante, que a olhava como se lhe pertencesse, descobriu que a vida sempre tem uma ou mais cartas na manga. Primeira história de uma série: Bras...