Brass estava na cabana de Vingeance. Não podia entender porque ele não o comunicara que estava com Sophia e Sarah.
Já haviam se passado quase dois dias que elas e ele tinham sumido. Ele chegará de Homeland na tarde anterior e ainda não tinham nenhuma pista.
"Tio Brass? Mamãe me pediu pra te chamar pra jantar."
Simple disse franzindo o famoso narizinho.
"Obrigado, mas não tenho fome."
"Quer companhia?"
Ele olhou para o mais notável dos filhotes da segunda geração. Forte, grande, ainda não tinha dois anos, mas parecia ter seis, se comparado a uma criança totalmente humana.
Esperto, furtivo, inteligente, Valiant era um macho de sorte.
"Mas você também não está com fome?" Eles comiam uma quantidade absurda de carne.
"Eu e meus irmãos caçamos hoje. Pegamos um cervo enorme. Eu vou ficar sem comer até amanhã, pelo menos."
Valiant não abria mão de uma boa caçada. Mas eles só caçavam a cada três meses. Abasteciam todos que quisessem carne fresca.
"Tio Brass, você ficaria com raiva de mim se eu te dissesse que fiz algo que não devia?"
Ele era muito sensível à aprovação dos outros. Mas Brass ficou alerta.
"Não, Simple, claro que não. Nunca!"
"Simple!"
O chamado de Valiant assustou o pequeno filhote e este saiu correndo, deixando Brass curioso. Mas poderia ser tanta coisa que ele resolveu se concentrar em seu problema: encontrar Vingeance, Sarah e Sophia.
Slade entrou na cabana e acendeu as luzes.
"O que está fazendo aí no escuro? Chorando? Por Vingeance ou Sophia? Se bem que..."
"Continue e quebro seus braços de novo, dessa vez sem concerto." Se levantou da cadeira e abriu a janela. O sol já tinha se posto e ele nem notou.
"Falando nisso, nosso bom doutor também sumiu."
"Mas que porra, Slade! Essa Reserva não tem nenhuma maldita segurança? Não sei onde Justice estava com a cabeça quando deixou você no comando!"
"Calma, calma, bundão! Eu tenho tudo sobre controle, o carro dele tem localizador. Todos os carros dos humanos que trabalham aqui têm.
Se ele foi se encontrar com Vingeance, vamos saber onde."
Brass suspirou de alívio. Agora tinham apenas que monitorar o veículo do médico e eles os encontrariam.
"Sabe, porque será que Vingeance precisou de um médico?"
Slade sabia de algo e ele não. Embora não fosse muito difícil adivinhar, mas ele não queria pensar nisso.
"Fale."
Slade deu alguns passos para trás. Merda! Preparou-se para conter seu temperamento.
"Ela está grávida. De um humano. A própria mãe adotiva contou. Parece que ele morreu num acidente, ele era entregador. Foi por isso que ela estava trabalhando, eles não queriam mais uma boca para alimentar."
"Não! Não pode ser. Você não está mentindo está?" Num movimento tão rápido que Slade nem percebeu, ele segurou o pescoço de Slade em um agarre tão forte que o macho não teve reação. Suspendeu-o pelo pescoço e olhou nos olhos dele. Slade o olhou com firmeza e ele o soltou.
Caiu de joelhos e começou a chorar. Dolorosamente. Por Breeze, pela vida que tinha começado a gostar e virara as costas, por ele mesmo, por ser prisioneiro de um amor que tirou tudo dele, inclusive sua dignidade.
Ele ainda a aceitaria, mas ela parecia não se importar com ele. Ela pediu ajuda a Vingeance, não a ele. Ela conseguiu o que queria, fugir com Sarah. Ela não precisava dele.
Os soluços cortavam sua garganta e Slade o abraçou com força. Ele tinha amigos. Ele iria passar por isso. Ele voltaria para Breeze. Se tivesse que matar Trey no processo que seja. Ele estava cansado desse amor.
"Credo! Se Trisha visse essa boiolagem, vocês iriam tomar a maior surra de suas vidas." Disse Harley.
"Eu achei bonitinho, pena que não deu pra tirar uma foto." Esse foi Moon.
Eles se separaram e cada um pegou um: Brass socou o queixo de Harley, Slade esmurrou o estômago de Moon.
O ar saiu todo dos pulmões de Moon, bem na hora que ele ia falar. Ficou com a boca aberta. Harley deu uma gargalhada, Slade e Brass riram também.
"O carro do doutor parou. Bem no meio de um monte de montanhas. Deve ser uma daquelas cabanas de caça." Harley disse.
Slade o olhou. "Se quiser, podemos deixar pra lá, e esperar o filho da mãe voltar."
"Não, quero resolver isso."
Instantes depois os quatro subiam num helicóptero. Não demorariam a chegar. Brass queria por um ponto final nessa história.

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Brass
Fiksi PenggemarSophia sempre pensou que sua vida nunca mudaria. Mas, quando teve diante de si os olhos marrons daquele gigante, que a olhava como se lhe pertencesse, descobriu que a vida sempre tem uma ou mais cartas na manga. Primeira história de uma série: Bras...