capítulo 32

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Brass entrou na delegacia com Trey. Ele estava impaciente para ir embora rápido. O Xerife veio sorridente ao encontro deles. Pudera. Desde a colaboração dos Nova Espécies, ele resolveu muitos casos, e já estava alcançando uma relativa fama na região.
"O nome dele é Timothy Sanders. Ele foi pego a um tempo atrás, com a caminhonete cheia de explosivos. Alegou não serem dele, que só estava transportando. Um mineiro de outro estado se responsabilizou pelos explosivos. Tinha inclusive documentação. Ficamos de olho nele e agora ele foi pego com uma enorme carga de tranquilizantes. Antes que apareça outro cara pra se 'responsabilizar', gostaria que você tentasse sua mágica com ele."
Brass sorriu, tentar a mágica envolvia causar muita, muita dor sem deixar marcas. Ele sabia onde tocar para causar uma dor máxima, capaz de fazer o cara se mijar de dor, sem que o tal nem soubesse descrever o que ele fez. E a maioria dos Nova Espécie eram como um detector de mentiras ambulante. O cheiro dos humanos falava por eles na maioria das vezes.
Assentiu e eles entraram na sala de interrogatório.
Ele e Trey poderiam fazer o tira bom e o tira mau, mas Brass queria muito ir embora. As lembranças dos momentos com Sophia o estavam esmagando.
Olhou bem para o sujeito. Ele parecia ter apenas uns vinte e três ou vinte e quatro anos. As roupas estavam amarrotadas, mas eram de boa qualidade, as botas eram caras. Ele não tinha problemas financeiros. Marcas de bebida na pele, mostravam que ele gostava de exagerar. Os dedos eram marcados de nicotina, ele sentia o cheiro. Falando em cheiro, ele estava com medo. Isso já dizia muito. Ele o identificara como Nova Espécie, isso significava que a carga de tranquilizantes era parte de algo contra eles. Ele alisou o rosto, como que se acalmando. Enfiou os dedos nos cabelos, puxou os fios e depois os penteou com os dedos.
Ele estava amedrontado, não precisaria causar dor.
"Olá, meu nome é Brass. Você estava com um monte de tranquilizantes, eram para um atentado contra a Reserva?" Ir direto ao ponto era a chave. O coração do cara martelou no peito dele com tanta força que ele não ficaria surpreso se toda delegacia o ouvisse.
Ele não falou, só balançou a cabeça.
" Quem é o seu chefe?"
O cara olhou para Brass, e ele entendeu. Ele não diria. Ele morreria se dissesse.
" Não pode dizer, não é? Ele te mataria, ou mataria sua família." Mais uma disparada de batidas altas. O suor escorria na testa e ele tentava disfarçadamente secar.
"Não sei de nada. Não pode me bater, ou meu advogado vai comer o seu rabo no tribunal."
Brass sorriu, ele adorava os valentões.
"Vejamos, você foi pego a uns meses atrás com explosivos, se livrou, mas se o seu chefe tem algo entre as orelhas, agora, ele já descartou você da jogada." O cara sorriu com deboche. Então o papel dele no grupo não era tão raso. Ótimo, não tinha nada pior que lidar com peixes pequenos.
"Talvez ele e você sejam parentes?" O sorriso dele aumentou. Brass estava com ele na palma da mão. Tinha sido tão fácil!
"Vou te dizer uma coisa: você não vai sair daqui tão cedo. Se daqui pra frente, pudermos ligar você a qualquer incidente que aconteça na Reserva, sua bunda será nossa. Literalmente." O sorriso de Brass causou um queda na temperatura do cara.
Saíram da delegacia, e quando ia entrar no jipe, ele sentiu o cheiro dela. Estranho, aquela não era a cidade que ela morava. Mas estava ali, e ficava mais nítido a sua esquerda.
Havia um grande supermercado naquela direção. Será que ela estaria ali fazendo compras? Entrou no supermercado, ignorando os chamados de Trey.
Era um hipermercado. Muito grande, muito cheio. O cheiro parecia vir de uma sala onde algumas pessoas estavam esperando sentadas em cadeiras. No canto da sala, um guichê com os dizeres "Achados e Perdidos".
Trey apareceu do seu lado quando ia entrando no espaço.
"Perdeu alguma coisa? Não sabia que já tinha estado aqui nesse hipermercado. Vocês não compram a maioria de suas coisas pela internet?"
Ainda bem que Brass era conhecido por sua paciência. No estado de agitação que estava, por sentir o cheiro dela, poderia socar a cara dele.
"O que aquilo quer dizer?" Apontou para a placa. Mesmo já estando a muito tempo livre, ainda haviam aspectos do mundo humano que eles não conheciam.
"Achados e perdidos? É uma sessão onde as pessoas entregam coisas que encontram pelo hipermercado. E assim, se você perdeu algo aqui, você pode reavê-lo, nesse lugar, se alguém tiver achado, claro."
"Como faço para pegar algo com eles?"
"Como assim?" O cara era um idiota! Como Breeze, gostava dele era um mistério.
"Estou sentindo um cheiro em algum item que deve estar nessa sala, naquelas prateleiras atrás da moça sentada ali. Não sei o que é, como faço para pegar?"
"Tire os óculos, quando ela ver que é um Nova Espécie, ela lhe dará a calcinha dela se pedir." Brass fez uma careta. "Tem um palpite do que deve ser?"
Ele inspirou. Algodão. Era uma roupa. Podia sentir o cheiro misturado com outros cheiros. Um, particularmente ruim. Ela teve contato com alguém que devia ter tomado banho no século passado.
"Uma roupa, um casaco acho." O grandalhão sorriu. Devia estar imaginando coisas totalmente fora da realidade. Imbecil.
Trey se aproximou e sorriu para a atendente que sorriu de volta." Em que posso ajudar, senhor?" Trey fez sinal para que ele se aproximasse. Ele chegou perto e retirou os óculos escuros.
Ela arfou. Ele sentiu o cheiro da excitação dela na hora. Se molhou toda. Ele não entendia essa reação que provocavam nas mulheres humanas.
Sorriu e ouviu Trey mentir como um profissional: " Meu amigo aqui está em missão para recuperar um casaco que uma amiga dele perdeu nessa cidade. O cheiro o trouxe até aqui. Você poderia deixá-lo se aproximar das prateleiras?"
O olfato apurado dos Nova Espécie era bem conhecido naquela região. Ela sorriu e abriu uma cancela que dividia a mesa dela da área das cadeiras. Ele passou e logo encontrou o que era: um casaco de algodão. Azul.
Era bem grande. Tinha muitos bolsos.
"É esse aqui. Posso levar?"
"Sinto muito, senhor, mas você deve estar enganado. Esse casaco está aí para doação, e ele não foi perdido. Esse casaco foi usado por um homem que roubou vários itens aqui no hipermercado. Depois que ele foi pego, o casaco ficou para doação."
"Eu posso ficar com ele então?" Ele sorriu e ela se molhou mais um pouco. "Sim, é claro."
"Obrigado" falou enquanto via que ela escrevia alguma coisa na etiqueta do casaco. O número do telefone dela, ele apostaria.
"E agora? Seu nariz quer ir a algum outro lugar?" Trey estava abusando.
"Voltar a delegacia."
O macho humano torceu a boca. "Vou esperar no jipe. Não demore!"
"Se eu fosse você teria mais amor pelos meus dentes." Brass estava por um fio.
Na delegacia perguntou ao xerife se ele se lembrava de um homem que tinha roubado o hipermercado do lado e tinha sido pego.
"Foi o pobre Drew.  Há duas semanas atrás. Ele não tem a cabeça muito boa. Caiu num truque muito simples mas eficaz." O xerife riu.
"Que truque?"
"Eu achei até bem criativo. Um cara, quer dizer, nesse caso foi uma mulher, coloca vários itens em um casaco, depois pede para alguém segurar para ela. Diz que vai ao banheiro. Depois essa mesma mulher procura um segurança e diz que viu um cara roubando coisas e colocando em um casaco. Descreve o sujeito pra quem ela entregou o casaco e quando o segurança aborda o cara e começa a confusão, ela se aproveita e faz a limpa nos curiosos.
Como Drew não bate bem da cabeça, sua mãe foi chamada, e eu tive uma dor de cabeça daquelas!"
"Ele descreveu a mulher?"
"Ela estava de óculos escuros e lenço na cabeça. O segurança notou que ela era alta e tinha um sorriso bonito com dentes brancos e certinhos. Ela tinha, bem... Seios grandes. Acho que ele não prestou muita atenção no resto."
"Obrigado, xerife."
"Espero ter ajudado. E o Timothy?"
"Ele deve continuar aqui o máximo de tempo possível. Mas quando for solto, nós ficaremos no pé dele."
O homem assentiu e Brass foi embora. Precisava de um olfato melhor que o seu para lhe dizer tudo o que pudesse sobre aquele casaco. Trey não ia gostar, mas tinha que voltar ao hipermercado. Tinha que comprar um brinquedo. Um muito caro. Na verdade, lembrou e seu bolso doeu, três brinquedos caros.










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