ㅡ Você vai mesmo pular?
O garoto não respondeu. Não demonstrou sequer uma reação a mim ou a minha pergunta.
Continuou me encarando, com seus olhos verdes, o cabelo castanho voando por conta do vento e o corpo rígido.
Belos minutos depois, o vi piscar os cílios rapidamente, como quem sai de um transe, e desviou os olhos de mim, voltando a encarar a água abaixo de nós e da ponte.
Com o cenho franzido, eu suspirei e virei de frente, me apoiando no parapeito da ponte, cruzando os braços, o encarando a todo momento.
Eu não acho que o conheço, não me lembro de seu rosto. Será que estudamos na mesma escola? De onde ele é?
ㅡ Eu acho que você não deveria fazer isso.
Eu quem digo a ele.
ㅡ Não me importo com o que você acha.
E sim, ele respondeu isso. Finalmente, ele disse algo.
ㅡ Por que quer pular? Sua vida é tão medíocre a esse ponto?
Eu sei, eu devo ter sido um pouco insensível agora, não acho que estou ajudando muito.
ㅡ Vai embora.ㅡ ele me respondeu, ríspido. Sem tirar ainda os olhos da água, o vi engolir a seco e encolher de leve os ombros quando uma ventania mais forte bateu no seu rosto.
Eu não vou embora.
Não posso deixá-lo aqui sozinho. E também...não quero fazer isso mesmo. Quero dizer, não é todo dia que se encontra uma pessoa prestes a tirar a própria vida bem na sua frente, não é? Eu realmente quero tentar ajudá-lo, mas sem parecer muito invasivo.
Mesmo não o conhecendo, eu sinto que devo fazer algo sobre isso.
ㅡ O que você prefere: ser atacado por ratos do tamanho de um elefante ou elefantes do tamanho de um ratinho?
O vi franzir o cenho e me fitar.
ㅡ Que tipo de pergunta estúpida é essa?ㅡ Eu dei de ombros.
ㅡ Responda. O que prefere?
Ele ficou me encarando por vários segundos, com uma careta no rosto, como quem diz "você é estranho” só com o olhar. Eu sei disso porque eu recebo muito esse olhar das pessoas.
Desviou novamente o olhar de mim, mas dessa vez não voltou a encarar a água, e sim o céu acima de nós, tão escuro e vazio.
Fiquei a espera da sua resposta, mas enquanto ela não vinha, me peguei o analisando cuidadosamente. Seus cabelos eram mesmo um pouco escuros, e seus olhos...nossa, completamente verdes, o que dava um ótimo contraste aos fios de seus cabelos castanhos. Sua pele me parecia bem clara, mesmo estando a noite e eu não consiga enxergar quase nada. Desci meu olhar pelo seu corpo, e ele usava uma calça moletom e um casaco do mesmo tipo, parecia até um pijama, como se ele tivesse saído de casa as pressas sem se importar com o que estava vestindo.
E ele era muito bonito. Tipo, um bonito natural, sabe?
ㅡ Elefantes do tamanho de um ratinho.ㅡ E sua resposta veio. Eu sorri de ladino.
ㅡ Tsc, resposta errada.ㅡ estalo a língua, dizendo ao passo em que sorrio fraco na sua direção.
ㅡ E tem uma resposta certa?ㅡ ele indaga, me fitando indignado.
ㅡ Sim. Você deveria ter dito nenhum dos dois. Essa é a resposta certa, duh.
O garoto me encarou boquiaberto, sem saber meio o que me dizer, só me fazendo sorrir mais. Voltou seu olhar para o céu, e então sussurrou:
ㅡ Você é muito esquisito.
Meu sorriso automaticamente se desfez. Desviei meus olhos do seu e encarei meus pés, com uma feição agora séria e indiferente no rosto. Não que isso tenha me afetado, eu realmente não me importo com o que as pessoas pensam de mim, por mim tanto faz. É só que, não sei dizer, vindo desse garoto que eu mal conheço, me senti um pouco...intimidado? Não sei.
Mordi meu lábio inferior e senti uma rajada de vento bater no meu rosto, fria e forte. Então, sua voz doce voltou a soar, dizendo:
ㅡ Eu gosto.
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𝐓𝐡𝐞 𝐛𝐨𝐲 𝐨𝐧 𝐭𝐡𝐞 𝐛𝐫𝐢𝐝𝐠𝐞 ⁿᵒˢʰ [PAUSADA]
FanficQuando você se depara com uma pessoa em pé em cima de uma ponte, numa plena madrugada, prestes a se jogar dela, o que você faria? Ignora? Ajuda? Foi por essa situação pela qual Josh passou. E ele está convicto de que irá ajudar aquela pessoa, cust...