07

620 96 62
                                    

Caminhava de cabeça erguida pelo os corredores do colégio. Quando enfim cheguei até a minha sala, a encontrei vazia, nem mesmo o professor havia chegado ainda.

Busquei meu celular do bolso da calça e verifiquei as horas. Estou quinze minutos adiantado. Suspirei e fui direto a minha carteira. Me sentei todo desleixado e abaixei a cabeça. Dá pra tirar um pequeno cochilo até o sinal tocar.

Mas em poucos minutos eu ouvi vozes. Eram duas vozes juntas conversando, e estavam por perto. Uma delas eu conheço bem.

Levantei a cabeça a tempo de ver o professor adentrar a sala apressado com Noah Urrea logo atrás de si, tagarelando no seu ouvido. Tentei me concentrar na conversa, como um bom bisbilhoteiro que sou.

ㅡ Professor, por favor. Eu aceito qualquer coisa.ㅡ Noah dizia, com a voz alterada demais.

Ouvi o professor suspirar de cansaço e se virar pra ele.

ㅡ Sr. Urrea, eu já lhe disse, não vai dar. Não posso te dar um trabalho individual quando o resto da turma faz em dupla, é injusto. Terá que fazer o seu em dupla também. Sinto muito.

Ah. Então Noah estava tentando se livrar do trabalho em dupla comigo pra fazer outro sozinho?

Vi claramente Noah bufar indignado e se virar apressado, andando rápido até o final da sala. Ele me avistou assim que chegou perto demais de mim, me direcionando um olhar furioso, e voltando a andar até a sua carteira. Soltei uma risada baixa e dei de ombros.

Minutos depois os alunos começaram a entrar na sala, logo depois que o sinal tocou. Então, a aula começou.

..

Depois de ter frequentado a fila do almoço pra pegar apenas uma maçã e uma caixinha de suco de pêssego, eu me sentei na mesa mais afastada, e a mais vazia da cantina, dando a primeira mordida na minha fruta, mastigando lentamente.

Abri o suquinho e dei um pequeno gole. Em seguida, mais uma mordida na maçã. A cantina estava cheia. Muito barulho, muitas conversas, muitas risadas.

ㅡ E daí que ela não é tão bonita? Pelo menos ela beija bem!ㅡ ouvi a conversa rolar na mesa ao lado da minha. Olhei de relance e percebi que era Bailey May e sua turminha de idiotas.

ㅡ Tá mas, e aí? Rolou?ㅡ consegui ouvir um dos idiotas perguntar, num tom malicioso. O Bailey sorriu com todos os dentes e se levantou da mesa, tocando no próprio peito, se vangloriando.

ㅡ É claro!ㅡ ele respondeu, como se fosse o dono do mundo. Todos os idiotas da sua mesa riram e o parabenizaram, gritando e batendo palmas.

Rolei os olhos, dando outra mordida na fruta.

ㅡ Ei Bailey, ela é boa de cama?ㅡ o segundo idiota fez a pergunta, logo em seguida fazendo um gesto de boquete com a própria boca e as mãos. Todos, obviamente, riram daquele babaca.

ㅡ Nossa, ela é incrível! E aposto pra vocês que ela adorou o meu pau e vai querer provar de novo!ㅡ May o respondeu, falando alto, querendo mesmo que todos em volta o ouvissem sendo o maior idiota de todos. E novamente, eles riram.

ㅡ Fala sério.ㅡ eu digo pra mim mesmo, rindo descrente, enquanto bebo um gole do meu suco.

ㅡ O que disse aí Beauchamp?

Suspirei longamente e virei minha cabeça para a turminha dos patetas, levantando uma sobrancelha e dando outra mordida na maça.

ㅡ Eu? Nada.

Bailey cerrou os olhos pra mim e umedeceu os lábios, saindo da sua mesa e ficando em pé na minha frente.

E lá vamos nós.

Me levantei cansado, o fitando nos olhos.

ㅡ Pensei ter ouvido você dizer algo.

ㅡ Então se enganou.ㅡ retruquei.

ㅡ Tá me achando com cara de idiota?!ㅡ ele gritou, levantando seu indicador e apontando ele na minha cara.

Passeei a língua pelo meu lábio inferior, cruzando os braços em seguida e lhe dando um sorriso de ladino bem sacana, então o respondo:ㅡ Sim.

O vi tomar uma respiração longa, com suas pupilas dilatadas. Ele estava ficando com raiva.

ㅡ Beauchamp..ㅡ ele sussurrou ríspido.ㅡ Não vai querer comprar briga comigo.

Vi de soslaio seus amigos se levantarem e pararem bem atrás dele, todos com uma cara não muito boa direcionadas a mim. Sorri divertido.

ㅡ Não vou mesmo. Até porque, você não parece saber se defender sozinho, uh?ㅡ o alfinetei, apontando com o queixo para a sua turminha atrás de si.

Bailey fez um gesto com a mão e rapidamente todos voltaram para os seus lugares. Levantei a sobrancelha, o desafiando duramente.

ㅡ Não vou brigar com você de novo Beauchamp, não vale a pena.ㅡ deu de ombros, sorrindo leve.

Quando ele se preparou pra dar as costas, eu o respondi:

ㅡ Ah, mas eu vou.

Saltei pra cima dele e lhe acertei um soco certeiro no seu rosto, o fazendo cambalear pra trás e levar sua mão para a sua bochecha. Ele me fitou irritadiço, com um filete de sangue escorrendo do seu nariz. Quando o vi correr na minha direção, eu bloqueei o seu soco com meu braço, o empurrando pra trás bruscamente.

Rapidamente uma roda se formou a nossa volta, e todos da cantina já estavam assistindo a tal briga.

Bailey veio pra cima novamente e dessa vez não consegui desviar de um soco bem forte sendo dado no meu estômago, logo em seguida outro no meu rosto. Eu grunhi de dor e raiva, limpando um filete de sangue que escorreu da minha boca. Ele estava prestes a avançar de novo, e eu também, com toda a minha fúria, mas ouvimos uma voz alta e grossa soar.

ㅡ Vocês dois, parem agora!ㅡ o diretor Simon apareceu a nossa frente, parando entre nós dois, entreolhando de mim para o Bailey.

Eu estava meio curvado, com a mão no meu estômago, pelo soco me dado. May estava com uma mão na cintura e a outra no rosto, este que sangrava.

ㅡ Sr. May, Sr. Beauchamp. Para a detenção, agora!ㅡ o diretor gritou, apontando para a saída da cantina.

Rolei os olhos e andei, com o Bailey ao meu lado, para fora.

ㅡ A culpa é toda sua Beauchamp, seu idiota!ㅡ Bailey vociferou pra mim.

ㅡ Detenção depois da aula, gostei.ㅡ o respondo, sorrindo fraco.

O mesmo me encarou surpreso, com a boca aberta, em choque.

ㅡ Você é muito estranho.ㅡ ele enfim disse, negando com a cabeça e saindo andando na frente.

ㅡEu sei.ㅡ sussurrei para mim mesmo, rindo ao mesmo tempo, mas logo fazendo uma careta pela dor na boca por conta do soco.

𝐓𝐡𝐞 𝐛𝐨𝐲 𝐨𝐧 𝐭𝐡𝐞 𝐛𝐫𝐢𝐝𝐠𝐞 ⁿᵒˢʰ [PAUSADA]Onde histórias criam vida. Descubra agora