𝐓𝐡𝐞 𝐛𝐨𝐲 𝐨𝐧 𝐭𝐡𝐞 𝐛𝐫𝐢𝐝𝐠𝐞 ⁿᵒˢʰ [PAUSADA]

06

Era terça-feira.

As aulas começaram só faz uma semana e eu já não aguento mais.

O professor chegou cedo hoje na sala de aula, quando deu o sinal e os alunos estavam entrando em suas respectivas salas ele já se encontrava sentado na sua mesa, analisando alguns papéis.

Me acomodei na minha carteira, a mesma de sempre, e joguei a mochila no chão ao meu lado. Quando todos já estavam sentados, o professor se levantou e nos encarou em pé lá da frente da sala.

ㅡ Bom dia. Bom, vou direto ao ponto com vocês. Nesse semestre vocês só terão um trabalho a ser feito.ㅡ ele ditou, todo formal e de braços cruzados. A turma começou a se alegrar e dar gritinhos de felicidade com o que ele disse.ㅡ Calma, calma. Mas não será individual dessa vez, e sim em dupla. E claro, eu escolherei as duplas.ㅡ e então a turma vaiou. Cômico.

Eu espero não ficar com qualquer um dos riquinhos esnobes da turminha do Bailey May. Eles são patéticos, e completamente idiotas.

O professor se virou e foi até a sua mesa, buscou uma folha qualquer e se voltou a nossa frente, colocando seus óculos de grau.

ㅡ Irei falar o nome das duplas. Prestem atenção porque não irei repetir duas vezes.ㅡ ele começou, me fazendo rolar os olhos, pois ele diz isso mas no final acaba repetindo sim.

E assim começou o falatório de nomes sendo ditados, e seus respectivos parceiros. A cada dupla formada dita era um coro de "Aaaah" desanimador da turma, porque é claro que o professor deixou as duplas o máximo aleatório possível.

ㅡ Sr. Josh Beauchamp e Sr. Noah Urrea.ㅡ E foi aí que eu gelei.

Quando ele disse o nome dele logo em seguida do meu eu literalmente travei no lugar, encarando o professor surpreso.

Mas nem me deu muito tempo para assimilar tal acontecimento, pois logo a porta de entrada da sala foi aberta, e Noah adentrou a sala igualzinho a outra vez, com os olhos cansados, o cabelo bagunçado e livros nos braços.

Ele passou pela porta e a fechou atrás de si, se curvando e pedindo desculpas quando o olhar do professorㅡ assim como de todos da turmaㅡ se voltaram pra ele.

ㅡ Sr. Urrea. Atrasado de novo? Precisa se comprometer mais, isso aqui é o seu futuro.ㅡ o professor disse, com a voz severamente ríspida. Vi claramente Noah morder o lábio inferior e apertar os livros contra seu peito, ele estava nervoso.

ㅡ Desculpe professor, não irá se repetir.ㅡ ele conseguiu sussurrar, andando apressado de cabeça baixa até a última carteira, se sentando e ficando quieto.

Suspirei e desviei meus olhos do dele para frente, apoiando o queixo no meu punho, pensativo.

ㅡ Sr. Noah Urrea.ㅡ o professor gritou, chamando atenção do dito cujo, o fazendo levantar a cabeça e encarar o professor.ㅡ Trabalho do semestre, em dupla. Você ficará com o Sr. Josh Beauchamp

E então sua feição se transbordou em surpresa. Os olhos arregalados e a boca entreaberta. Quando ele desviou o olhar do professor até mim, eu lhe lançei um mínimo sorriso, logo depois uma piscadela, o vendo se corar todo e se encolher na cadeira depois de desviar os olhos de mim.

Voltei minha atenção para a frente assim que o professor voltou a falar.

ㅡ O intuito do trabalho é se conhecerem. Sim, esse é o tema. As duplas terão o semestre inteiro, ou seja, quatro meses para se conhecerem, se entenderem, e cada um fazer fazer um relatório de no mínimo uma página sobre sua dupla. Não inventem de falar coisas que sequer aconteceram, porque acreditem, se fizerem isso, eu irei saber, e será zero na hora. Quero acontecimentos reais, fatos verdadeiros. Conversem entre si, saiam juntos, encontrem gostos em comum. Quero esse relatório bem feito, valerá a maior nota desse último ano letivo.

Todos bufaram, mas concordaram com o que ele dizia. E uns vinte minutos depois, a aula havia acabado. Tínhamos meia hora de intervalo até a próxima começar, então alguns dos alunos começaram a sair apressados da sala, outros ficaram pra conversar sobre o trabalho com suas duplas.

Eu continuei sentado na minha carteira, com o olhar num ponto qualquer da mesa, pensando em nada e em tudo ao mesmo tempo.

Minha dupla é Noah Urrea. Ok. Tudo bem. Isso é bom, incrivelmente fantástivo. Vou poder ter uma desculpa agora pra me aproximar dele e desvendar tudo o que o envolve. E de um jeito ou de outro, querendo ou não, ele vai ter que se abrir comigo.

Sorri internamente.

Vou fazer valer a pena esses quatro meses.