Paguei o taxista e esperei Noah sair primeiro do carro, logo saindo depois dele e batendo a porta.
ㅡ Por que me trouxe aqui, Josh?
Encarei ele, o vendo estático na calçada, com o olhar vidrado para o arco acima de sua cabeça.
Enfiei as mãos nos bolsos da minha calça e suspirei.
ㅡ Vem, é por aqui.ㅡ eu disse, indicando ele a me seguir.
Ele relutou, mas logo depois resolveu me seguir em silêncio.
Andamos para dentro do local, onde caminhei até lá para os fundos, com Noah logo atrás de mim. Atravessamos diversas salas, e assim que encontrei a que procurava, olhei para trás, vendo ele já me fitando com uma feição meio surpresa meio amedrontada.
Atravessei a sala e olhei em volta, até andar um pouco e parar de frente para a prateleira que eu já conheço tão bem.
Suspirei.
ㅡ Oi vovô.ㅡ sussurrei, soltando um fraco sorriso. Fiquei encarando as diversas flores, cartas, presentes e o vaso bem ali no meio, contendo as suas cinzas.ㅡ Quanto tempo. Prometo vir mais vezes. Vô, esse é o Noah, um...um amigo meu.
Noah arregalou os olhos e abriu a boca, mas nada disse. Olhei pro lado e o vi abraçado ao próprio corpo.
ㅡ Ele é tímido assim mesmo, mas é uma pessoa muito boa e legal.ㅡ voltei a dizer, sorrindo.
ㅡ Josh...
ㅡ Enfim, só vim aqui dar um oi. Próxima semana venho com calma e te conto as novidades, vô.ㅡ continuei falando, balançando as pernas.ㅡ Até breve, te amo vovô.
Levei minha mão até as flores repostas que haviam ali, soltando um riso fraco. Olhei uma última vez para o vaso de porcelana branco e então, me virei.
Saí da sala com Noah ao meu encalço.
Ficamos em silêncio a volta inteira. Dentro do táxi, não trocamos uma palavra.
Assim que chegamos de volta ao parque, começamos a caminhar calmamente pela calçada, eu o estava o acompanhando a sua casa.
ㅡ Por que me levou até lá?ㅡ Ele finalmente disse algo. Suspirei, sem saber como o responder.
ㅡ Quando você me falou da sua tia e do quanto tinha medo de perdê-la porque ela é a única que te restou, eu meio que acabei pensando no meu avô.ㅡ comecei, tentando encontrar as palavras certas.ㅡ Ele era a pessoa mais incrível que eu já havia conhecido. Quando eu era criança, ele vinha me visitar e sempre me trazia um brinquedo novo. Me dava total atenção sempre que eu pedia.ㅡ chutei uma pedrinha no chão, enquanto caminhava com Noah ao meu lado.ㅡ Mas...quando descobrimos que ele tinha uma doença rara e hereditária, foi um caos. E quando ele faleceu, mamãe foi embora.
ㅡ O...quê?ㅡ Noah sussurrou, de olhos arregalados e vidrados no chão.ㅡ Sua mãe..?
ㅡ Sim, ela nos deixou. Simplesmente foi embora.ㅡ soltei um riso triste, suspirando.
Quando chegamos a sua casa, paramos um de frente para o outro, nos encarando.
ㅡ Ela não aguentou a dor de perder o pai, então nos abandonou, sem nem se despedir. Papai se entregou ao álcool, outro que acabou se perdendo também. E eu? Eu só...continuei vivendo, do meu jeito.
ㅡ Eu não sei nem o que dizer, eu...
ㅡNoah.ㅡ eu disse, dando um passo na sua direção e pondo as mãos no seu ombro.ㅡ Não estou te contando da minha vida triste pra você ter pena de mim. Estou tentando abrir os seus olhos, e te mostrar que você não precisa de uma pessoa ao qual é tóxica pra você, só porque você acha que merece isso. Você não merece.ㅡ o vi engolir a seco, mas permanecer quieto.ㅡ E não quero que pense que deixando ela, vai acabar ficando sozinho, morrer sozinho. Não. Você não estará sozinho, eu vou estar aqui com você.
Vi seus olhos marejarem, e logo ele estava mordendo seu lábio inferior, contendo as lágrimas.
ㅡ Eu perdi a pessoa que eu mais admirava na vida, e acabei perdendo outra que me abandonou. Em consequência disso, perdi também outra pelo álcool. Ele continua lá, na nossa casa, mas ele já deixou de viver a muito tempo, ele só está lá, respirando. E eu odeio isso, odeio tudo isso. Odeio o fato dele simplesmente fingir que eu não existo quando enche a porra do rabo de bebida.
ㅡJosh...
ㅡ E eu aturo isso? Eu aturo toda essa merda, Noah? Não! Estou pouco me fodendo pro dinheiro que ele gasta nas bebidas dele, por tanto que isso não me prejudique, tanto faz. Ele faz as coisas dele e eu faço as minhas. Daqui a pouco eu preciso ir pro trabalho pra poder pagar as contas atrasadas da casa. Mas ele nem faz idéia no que eu trabalho, eu não o devo satisfações. Nunca digo pra onde vou quando saio, não fico contando sobre minha vida a ele. Ele não merece saber de mim. Ele não merece a minha dor.
ㅡ Eu não sei onde você quer chegar com issoㅡ
ㅡ Eu quero abrir os seus olhos e te dizer.. que você não precisa fazer tudo o tempo todo por que sua querida tia vai estar ocupada demais saindo com um cara diferente a cada semana.
O vi arregalar os olhos.
ㅡ Como você sabe que elaㅡ
ㅡ Não é muito difícil de entender como sua tia funciona depois de tudo o que você já me disse sobre ela, Noah.
Ele abaixou a cabeça e ficou quieto. Afastei as mãos do seus ombros e suspirei, olhando em volta. A vizinhança estava quieta.
ㅡ Obrigado.
Franzi o cenho e voltei a encará-lo assim que ouvi sua voz soar baixinha. Ele ainda estava de cabeça baixa.
ㅡ Não fiz nada demais, só queria...não sei, te deixar saber que não vai estar sozinho, ok? Eu to aqui com você.ㅡ ele levantou a cabeça e só então vi que estava chorando. Umedeci os lábios e me aproximei um pouco mais, com poucos centímetros nos separando. Levei minha mão até o seu rosto e limpei delicadamente suas lágrimas, acariciando sua bochecha logo em seguida.ㅡ Eu vou continuar do seu lado e só vou embora se você me disser pra ir.
Ele não disse nada, continuou me encarando intensamente, os olhos verdes marejados, o rosto completamente corado e os lábios tremelicando.
Quando eu estava pensando em me afastar e me despedir dele, arregalei os olhos assim que senti seu corpo se chocando contra o meu rapidamente.
Ele me abraçou.
Envolveu seus braços envolta da minha cintura e afundou o rosto no meu peito, ainda em silêncio.
Ainda de olhos arregalados, me forçei a o abraçar de volta, saindo do meu súbito choque repentino.
Ficamos poucos segundos assim, pois logo ele se afastou, com o rosto todo vermelho de vergonha, o que eu achei bem fofo pra falar a verdade, e sussurrou uma despedida, saindo quase que correndo para dentro da sua casa.
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não consegui postar ontem, desculpem :(
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𝐓𝐡𝐞 𝐛𝐨𝐲 𝐨𝐧 𝐭𝐡𝐞 𝐛𝐫𝐢𝐝𝐠𝐞 ⁿᵒˢʰ [PAUSADA]
Hayran KurguQuando você se depara com uma pessoa em pé em cima de uma ponte, numa plena madrugada, prestes a se jogar dela, o que você faria? Ignora? Ajuda? Foi por essa situação pela qual Josh passou. E ele está convicto de que irá ajudar aquela pessoa, cust...