XXII.

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O almoço em família havia sido algo espetacular ao ver de Adrien. O rapaz não se recordava dos muitos momentos que esperava ter tido assim quando sua mãe era viva; os poucos que se lembrava sua mãe estava sempre sorridente, mas o seu pai nunca estava presente. Quando Emilie agravou sua doença, ficava fraca de mais para descer a longa escadaria para se juntar ao filho. Em uma dessas tentativas quase se acidentou. Por segurança a mulher começou a ter refeições em sua cama mesmo, o que Adrien conseguiu entender e aceitar. A segurança dela vem em primeiro lugar.

A falta daquela mulher sorridente na mesa só se fez mesmo quando ela morreu. Nos primeiros dias Gabriel fazia questão de ter todas as suas refeições com o seu filho, mas quando viu que sua presença não fazia diferença para o deprimido rapaz o homem voltou a ter suas refeições em seu escritório.

A parte triste parecia o marcar como ferro quente, era lamentável, mas talvez a dor emocional que ele sempre sentia ao se lembrar levasse a memória a ser – de certa forma – eterna.

Adrien tinha memória boa, uma ótima memória para falar a verdade, algumas coisas obviamente tinham certos detalhes distorcidos com o passar do tempo, mas as com o gosto mais amargo persistiam intactas. Mesmos as diversas memórias felizes com Marinette se tornaram amargas com o tempo, tudo porque até ele mesmo um dia chegou a acreditar na mentira que ela havia contado.

Quando pensava nisso, pensava que poderia ter obrigado Marinette a fazer algo ele se amaldiçoava. Nunca será capaz de amar o ser amado. Gritava para si mesmo.

O rapaz se conhecia e poderia dizer com confiança que jamais obrigaria uma mulher, o único problema era que ao mesmo tempo sabia que era loucamente apaixonado por ela. Uma paixão tão avassaladora que ele tinha que manter o controle o tempo todo. Começou a pensar se no momento em que foi tomado pelo desejo ele não prestou atenção na resposta da mestiça, se ela negou, mas no final acabou cedendo.

Bem nada mudou, mesmo hoje com vinte e tantos anos ele se vê em uma grande batalha ele seu senso e raciocínio contra seu desejo e paixão. Ali mesmo, sentado naquela mesa, a cada momento que – sem querer – o pé da sua esposa tocava o seu ou até sua perna, ele cerrava seus pulsos com força, quase sentindo a unha de seus dedos perfurar a palma de sua mão. Um ato para conter uma fera.

Mas não era uma fera raivosa ou um monstro assassino. Apesar de selvagem e que não controlava seus próprios impulsos, aquela fera que tentava de todas as formas sair de dentro do loiro, era um ser mal interpretado. Sim tinha certa brutalidade e fazia Adrien agir de jeitos sem escrúpulos só para esconder evidencias de sua existência, mas aquela fera só queria saciar seu desejo.

A maioria das mulheres espera algo doce, mas a sempre algo doce quando se é com quem se ama, mesmo que ele seja um completo selvagem apaixonado.

Às vezes ao olhar no fundo dos olhos de Adrien, Marinette conseguia ver a fera. A fazia arrepiara por completo, mas não de medo, bem longe disso. Era mais uma conexão, poderia continuar sendo uma fera barulhenta e bruta, mas a mestiça sentia e entendia tudo. Diferente de Adrien aquela jovem nunca soube domar suas feras tão bem, se lhe vinha algo em mente logo falava, sem filtro, sem nada. Por isso ao olhar aqueles olhos ela sabia que tinha que voltar sua atenção para o que Nathalie estava dizendo ou se não quem se agitaria seria ela, sua própria fera.

As coisas estavam estranhas ultimamente, mas Marinette não poderia reclamar, já que aquele distanciamento por parte de Adrien era o que a mantinha sob controle do próprio corpo e pensamentos. Só Deus sabia o quanto aquela mulher sofria por ter um marido tão... atraente...

O Acordo | AdrinetteOnde histórias criam vida. Descubra agora